Documento revela que Aécio coordenaria financiamento ilegal do PSDB em 2012

É estarrecedor o documento, reproduzido em reportagem de Allison Matos, no Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, onde são listadas doações irregulares –  caixa 2 – para a campanha de candidatos do PSDB e de seus aliados, em Minas e em outros estados, num esquema onde a coleta entre empresas e entidades e a destinação do dinheiro para as campanhas são reportadas diretamente a Aécio Neves.

São listas e listas, em papel timbrado do Governo Mineiro e com a assinatura do Secretário de Governo, Danilo de Castro, com firma reconhecida em cartório, onde se arrolam cerca de R$ 166 milhões em doações de empreiteiras, bancos, empresas estatais mineiras, fornecedores do Governo do Estado e entidades que dependem de seus repasses, como hospitais, além de sindicatos e até o Conselho Regional de Medicina de Minas.

Chequei algumas empresas – as públicas, sindicatos e associações, legalmente, não poderiam doar, claro – e elas não aparecem como doadoras nos registros do TSE.

Os que teriam recebido o dinheiro ilegal também são dezenas, a grande maioria tucanos, mas também o ex-governador Eduardo Campos, de Pernambuco e seu candidato Geraldo Júlio, que disputava contra o PT a eleição de Prefeito do Recife.

O documento foi recebido de fiscais mineiros pelo Procurador Federal Eleitoral de Minas Gerais, Eduardo Morato Fonseca, que o teria enviado às mãos do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que – no mínimo por uma questão de equidade  com as denúncias sobre a Petrobras –  tem o dever moral de confirmar (ou não, obvio) a sua existência.

O documento é, verificada como parece estar sua autenticidade, a maior prova de caso de corrupção eleitoral já surgida na história brasileira, tanto pelo valor quanto pela extensão da rede de doadores e beneficiários de dinheiro ilegal.

Veja o post do Conversa Afiada e a reprodução dos documentos.

Foi assim que Aécio levantou R$ 166 milhões para 2012-2014?

Allisson Matos e Paulo Henrique Amorim

O Procurador Federal de Minas Gerais, Eduardo Morato Fonseca, recebeu do Sindicato dos Auditores Fiscais de Minas Gerais (SINDIFISCO-MG), um documento que mostra uma lista de políticos, partidos e empresas numa operação para, supostamente,  financiar as campanhas eleitorais de 2012 para prefeitos e vereadores.

O Conversa Afiada tem a informação de que o promotor Morato Fonseca encaminhou a documentação à Procuradoria Geral da República, já que entre os suspeitos estão políticos com direito a foro privilegiado.

No documento, onde se lê “consórcio” é possível entender que dele façam parte operações à margem da legislação eleitoral.

O arquivo teria sido enviado ao candidato a Presidente Aécio Neves (PSDB), em 4 de setembro de 2012, por Danilo de Castro, à época Secretário de Estado de Governo de Minas e possível operador do esquema. Nessas eleições, Castro coordenou a campanha de Pimenta da Veiga (PSDB) ao Governo de Minas.

A movimentação financeira teria beneficiado partidos e políticos – principalmente prefeitos e vereadores – nas eleições de 2012. Entre eles, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que faleceu este ano em acidente de avião. Teriam sido destinados R$ 2 milhões e 500 mil a Campos, conforme teria determinado Aécio Neves, como mostra o documento, o que mostra uma suposta ligação entre ambos há, pelos menos, dois anos.

Ao todo, 19 siglas teriam o caixa abastecido com o esquema, como PSDB, PSB, DEM, PPS, PSD, PV, PP, PRB. Entre os políticos citados, estão José Serra (PSDB), então candidato a prefeito em São Paulo, que teria recebido R$ 3 milhões e 600 mil, o prefeito de Belo Horizonte (MG), Marcio Lacerda (PSB), R$ 7 milhões, Arthur Virgilio (PSDB), prefeito de Manaus (AM), R$ 600 mil, Geraldo Julio (PSB), prefeito de Recife (PE) R$ 550 mil e o senador José Agripino Maia (DEM), R$ 2 milhões e 300 mil “por intermédio” do deputado Gustavo Correia (DEM-MG), de acordo com o documento.

Os recursos podem ter saído de mais de 150 empresas dos mais diversos setores, como alimentação, construção civil, bancos, associações e sindicatos. Algumas foram citadas recentemente pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em seu depoimento à Justiça Federal: Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e Camargo Correa.

Chamam a atenção supostas doações de grupos como Conselho Federal de Medicina, que se envolveu na polêmica do programa Mais Médicos, que teria cedido R$ 40 mil, Federação Mineira dos Hospitais R$ 45 mil, Federação das Santas Casas de MG com R$ 100 mil, Associação Espírita o Consolador com R$ 160 mil, Associação dos cuidadores de idosos de MG, com R$ 200 mil, UGT (União Geral dos Trabalhadores) R$ 50 mil e Sindicato dos ferroviários R$ 55 mil. Além de bancos como o BMG, BGT Pactual, Santander, Itaú e Mercantil do Brasil.

Outras que aparecem são empresas ligadas a governos, como a CEMIG, companhia de energia de Minas, que teria doado R$ 6 milhões, a CODEMIG (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais) R$ 3 milhões e a Fundep (Fundação de desenvolvimento da Pesquisa) instituição que realiza a gestão de projetos de ensino, pesquisa e extensão da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Alguns dos doadores já são denunciados por participar de esquemas polêmicos. Um deles é o dono da Stillus Alimentação Ldta, Alvimar Perrela, ex-presidente do Cruzeiro e irmão do deputado Zezé Perrela. Segundo matéria de O Globo, “ele é acusado de liderar um esquema de fraudes que o fez vencedor em 32 licitações com o governo de Minas para o fornecimento de quentinhas para presídios do estado. No período de janeiro de 2009 a agosto de 2011, o grupo de empresas ligadas a Stillus Alimentação recebeu cerca R$ 80 milhões em contratos firmados com a Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas”.

Construtora Cowan, uma das responsáveis pela construção do viaduto que caiu em Belo Horizonte, de acordo com os documentos, teria cedido ao esquema R$ 650 mil.

Consta ainda a quantia de R$ 36 milhões e 800 mil que teria vindo de “outras fontes”, não esclarecidas.

O dinheiro arrecado teria irrigado, principalmente, as campanhas de PSDB, DEM e PSB.

Abaixo, o documento na íntegra:

 

 

 

Fernando Brito:

View Comments (82)

  • O que mais espanta é o documento ser oficial, reconhecido em cartório, de um secretário estadual. Só isso já é crime, creio eu. Um secretário de governo "trabalhando"pra campanha política, mesmo que todas as doaçoes fossem legais. O que náo deve ser.

    • È voce Aécio que vive chamando outros governos de lamaçal?
      Chame Alvaro Dias para te defender? O Paladino do Congresso.

      Agora o ninho caiu.

      Foi por isso que no ato(hoje) de apoio da Marina para fotos, só tinha ela da Rede. A Rede afundou de vez.

      E voce Erundina de que lado esta? Acompanhe o Amaral, que é um cara legal, enquanto é tempo e apoie Dilma.

      Ao meu ver este foi o fato mais grave numa campanha nos ultimo 20 anos.

      Deputados do PT mineiro, cobre investigação. Instale uma CPI.

      • Esse é o Mensalão do Aécio. E que Mensalão??? Alcançou até voce Serra?

      • Tenho minhas dúvidas a respeito se "a casa caiu realmente". Se o procurador der uma "engavetadinha básica de 10 dias", com o silêncio da mídia...

        Não tenho a menor esperança na justiça brasileira. Só funciona se for pautada pela Globo.

        E aí sra. Marina, qual a sua opinião a respeito. Se for séria, a Marina deverá ir a público remover o seu apoio ao Aécio e dizer o motivo.

        • Marina?
          Risquem esse nome do caderno. É um dos maiores engodos da história do Brasil. Está e sempre esteve a serviço de outros interesses do além mar. Dai, tanta bajulação internacional desde a sua juventude no Acre. O PT foi só um disfarce em sua trajetória.

          • Já tem gente cantando prá fadinha:
            Risque meu nome do teu caderno
            Pois não suporto o inferno
            Do nosso amor fracassado

    • Será que apos os devido processo e julgamneto, com os contraditorios e as devidas provas, vai alguem desta relação para a Papuda. Pelo jeito vão ter que amplia a Papuda.

  • É o MENSALÉCIO!!! Tem que ir p´ro programa de TV. Tem que falar no debate da Record e da Globo. Tô esperando a capa da veja!!!

    • Capa da veja? Continue esperando! A veja é o ninho dos tucanos, meu amigo... E até onde eu sei, pássaros não fazem caca no próprio ninho.

  • Sou belo horizontina e esse grupelho acabou com a nossa charmosa cidade. BH era administrada pelo PT/PSB na figura de Patrus - Célio de Castro - Pimentel (Governador eleito), quando veio esse desgraçado desse Marcio Lacerda (que não mora em BH) e num golpe magistral tomou a prefeitura do PT se unindo ao PSDB. Escândalos mil e aumento de todos os tributos do municipio, combinado com a maior inadimplencia dos cofres publicos, já vista. Sem contar o viaduto que jogaram em nossas cabeças. É isto que vocês querem para o Brasil?

  • Alô a Alô, Augusto Nunes e Reinaldo Cabeção, ai tem matéria para vocês fazerem mais de vinte reportagem na revista Inveja. Dá-lhe Dilminha.

  • Fernando, temos de ter cuidado com essas coisas que caem so céu. Lembre-se do dossiê Cayman e dos aloprados. Isso pode ser um golpe. Muito cuidado para não prejudicar a campanha de Dilma.

  • Pessoal, vamos ter cuidado. Eu estou achando isso fácil demais. A esmola quando é muita até o santo desconfia. Cuidado pra não prejudicar a campanha de Dilma, que está começando a virada da vitória. Vamos com calma!

    • Exatamente o que acho. Isso tem cheiro de uma formidável armação de desesperados capazes das jogadas mais audaciosas. De quem partiu a iniciativa sobre isso? Deles. Há 95% de possibilidade disso ser uma brutal armação, e o que se deve fazer é botar a cabeça para funcionar, procurando saber onde é que eles querem chegar com isso.

  • O PIG vai comentar sobre o Mensalécio no momento adequado com a atenção adequada.

  • E o ACM neto, hein ? O "valentão" que um dia disse que iria bater no presidente Lula...

  • Demóstenes ajudou Cachoeira a 'nomear' prima em MG
    Agência EstadoPor Fausto Macedo | Agência Estado – ter, 24 de abr de 2012
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    Escutas telefônicas da Polícia Federal revelam que o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) intercedeu diretamente junto a seu colega, Aécio Neves (PSDB-MG), e arrumou emprego comissionado no governo de Minas para uma prima do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Mônica Beatriz Silva Vieira, a prima de Carlinhos Cachoeira, assumiu em 25 de maio de 2011 o cargo de diretora regional da Secretaria de Estado de Assistência Social em Uberaba.

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    Do pedido de Cachoeira a Demóstenes até a nomeação de Mônica bastaram apenas 12 dias e 7 telefonemas. São citados nos grampos o deputado federal Marcos Montes (PSD), ex-prefeito de Uberaba, e Danilo de Castro, articulador político de Aécio em seu Estado e secretário de Governo da gestão Antonio Anastasia (PSDB), governador de Minas. Eles negam envolvimento na nomeação.
    A PF monitorou Cachoeira, a prima dele e Demóstenes na Operação Monte Carlo, que desmantelou esquema de contravenção, fez ruir a aura de paladino do senador goiano e expôs métodos supostamente ilícitos da Delta Construções para atingir a supremacia em sua área.
    Professor e doutor
    Aécio não caiu no grampo porque não é alvo da investigação. Mas ele é mencionado por Demóstenes e Cachoeira. Nos diálogos, o contraventor chama Demóstenes de ‘doutor’ e o senador lhe confere o título de ‘professor’.
    O grampo que mostra a ascensão profissional da prima de Cachoeira está sob guarda do Supremo Tribunal Federal (STF), nos autos que tratam exclusivamente do conluio de Demóstenes com o contraventor.
    Em 13 de maio de 2011, Aécio é citado. Cachoeira pede a Demóstenes para “não esquecer” o pedido. “É importantíssimo pra mim. Você consegue pôr ela lá com o Aécio... em Uberaba, pô, a mãe dela morreu. É irmã da minha mãe.” Demóstenes: “Tranquilo. Deixa eu só ligar pro rapaz lá. Deixa eu ligar pra ele.”
    A PF avalia que o caso pode caracterizar tráfico de influência. “Seguem ligações telefônicas, divididas por investigado, em ordem cronológica, que contêm indícios de possível cometimento de infração penal por parte de seus interlocutores ou pessoas referidas.”
    Na síntese que faz da ligação de Cachoeira a Mônica, a 26 de maio - o contato durou 3 minutos e 47 segundos -, a PF assinala: “Falam sobre a nomeação de Mônica para a Sedese/MG, conseguida por Cachoeira junto ao senador Aécio Neves por intermédio do senador Demóstenes Torres e de Danilo de Castro.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

  • O google já retorna 4 links com o termo "mensalécio"... Vamos reverberar pelas redes sociais e pelos blogs!

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