Documentos da Abin: Bolsonaro sabia que Covid ia explodir

Descobre-se, na manchete do Estadão, porque Jair Bolsonaro considerava “ruim” o seu serviço de informações, a Abin.

Pelo menos 47 relatórios diários, num total de 950 páginas, deram – no mínimo desde o dia 27 de abril (quando o país tinha 66 mil casos, contra os 500 mil de hoje, um mês depois e 4.500 mortes, um sétimo das 30 mil atuais) – alertaram Bolsonaro que regiões que decretaram medidas mais fortes de isolamento social ““aparentemente tiveram maior sucesso em reduzir a taxa de crescimento do número de casos”.

Ou seja, o óbvio, mas que para o presidente era a “desinformação” que recebia dos órgãos oficiais enquanto o seu particular “Serviço Miliciano de Informações” dizia que o acertado era o “open and let die” bolsonarista.

E acertado porque a liberação levaria, no torto fanatismo dele e de seus adoradores, a índices de contaminação que – apesar de levarem as mortes a níveis terríveis e o sistema público de saúde ao caos – conduziriam a uma “imunização” que permitiria a retomada breve das atividades econômicas.

Pois o que Bolsonaro conseguiu não foi um coisa nem outra. Não vamos escapar do paroxismo de um genocídio e, mesmo este, vai se refletir na extensão dos prazos em que seremos obrigados ao isolamento e à semi-paralisação da economia.

Se a semana que começa amanhã (números, claro, só virão na terça) mantiver o patamar de 30 mil novos casos diários (o que induz a uma estimativa de que chegaremos a duas mil mortes/dia, mantidos 6% atuais de letalidade) é quase certo que o relaxamento social só virá no final do ano, se vier.

Na prática, desde que se começou a falar na “flexibilização”, a guarda está baixando e o índice de isolamento medido pelo site Inloco (mais severo que os divulgados pelo gverno paulista) indicou na sexta-feira o menor número desde o início da “quarentena light” que começou em março: 39,2%.

E, assim, tarde o suficiente para que haja alento neste terceiro trimestre – no qual se apostava para mitigar as perdas em torno de 10% do trimestre que termina hoje e fazer o tamanho do desastre de 2020 ficar contido entre 7 e 8% de queda do PIB.

Fernando Brito:

View Comments (20)

  • Crime contra a saúde pública , genocídio ....Escolham o crime .
    Será que ainda não é o momento do Fora Bolsonaro ?

    • Segundo presuntinho botafogo maia e o centrão, não há motivo pra impeachment, pois receberam seus amados cargos.

  • A contagem regressiva macabra para a materialização de uma das promessas de campanha do genocida bozomorovírus: o assassinato de mais de 30.000 brasileiros e brasileiras, desgraça que a ditadura militar de 1964 não conseguiu produzir!
    Cumpre lembrar que não somente o letal *bozomorovírus tem as mãos podres sujas de sangue!...
    *o único virus TRANSgênico do universo!
    Mais uma jabuticaba brasileira!

  • Fora de pauta: Qto custa para os cofres públicos os "passeios" de helicóptero do Bozo? Deveria ressarcir. Não vejo isso em nenhum blog.

  • A negligência de Bolsonaro terá um alto custo para ele.
    Os militares não conseguirão segurá-lo por muito tempo, e o seu destino poderá ser Bangu-8 ou o TPI.

  • Estes dados da Abin foram vazados ou conseguidos por meios oficiais? Por que seria de todo o interesse do bolsonarismo que eles não viessem a público.

  • Só uma correção, ainda que irrelevante: O segundo trimestre não termina hoje, dia 31 de maio. Compreendido de abril até junho, ele tem ainda mais 30 dias. Sendo que o primeiro trimestre foi até o dia 31 de março.

  • O País sempre aceitou o genocídio, especialmente dos pobres, seja por doença, pelas polícias ou acidente.
    A maioria dos brasileiros aprendeu a odiar o país. E com mais de 6 décadas, estou cansado de torcer pelo Brasil. Continuarei, porém, dando "milho aos pombos".

  • Pelo menos, com muita ironia, esta explosão racial nos EUA vai nos poupar de ver o Brasil se aproximar ou passar os EUA nas estatísticas macabras da COVID-19 por um tempo muito mais longo que a a grande inclinação da curva de estupidez Bolsonariana estava indicando.
    Um joelho policial racista e o Twitter do Trump impulsionaram os EUA para muito além da insanidade de Bolsonaro...
    As duas maiores democracias do continente Americano, EUA e Brasil, pelo menos em tamanho, vivem uma gigantesca crise em paralelo e sem precedentes...
    E ambas com forte viés de ruptura social iminente...

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