Dom e Bruno: embaixada ‘pede desculpas’. Não basta

O embaixador brasileiro em Londres enviou um “pedido de desculpas” à família de Dom Phillips por informar incorretamente que o corpo dele e do indigenista Bruno Araújo haviam sido encontrados, amarrados a uma árvore.

Não podem ser aceitas, porque não é admissível que se aja assim com a dor dos familiares de um pessoa desaparecida e, provavelmente, morta.

O representante do Brasil, Fred Arruda, disse em carta à família Phillips que a equipe da Embaixada havia sido “enganada” por informações recebidas de “oficiais investigadores”, segundo informa o jornal The Guardian, para o qual Dom trabalhava.

Se foi assim, é preciso que estes “oficiais investigadores” – bem situados, pois não seria um “bagrinho” da delegacia de Tabatinga quem ligaria para Londres – deem explicações sobre como esta notícia chegou a eles e quem é o responsável por esta irresponsabilidade.

Porque foi uma irresponsabilidade, seja dos diplomatas que representam o país, seja dos chefes da investigação sobre o desaparecimento.

Quem fez isso não pode dirigir missões complexas como as buscas pela dupla, pela despreocupação de checar minimamente informações sobre o caso. Não pode se fiar em um “disseram que acharam” anônimo e, se faz isso, não tem capacidade para investigar com critério.

A opinião pública tem o direito de saber quem e porque foi colocada por metade de um dia em situação de comoção geral. Aliás, o mesmo que fez o presidente ao falar em vísceras e “maldade” no caso.

Se não se está ocultando informações que já chegaram à Polícia, com certeza estão a provocar, nos parentes de Bruno e de Dom, uma dor antecipada e terrível, imaginando o que foi feito a seus entes queridos.

 

 

 

Fernando Brito:
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