A vitória de João Doria, comemorada com juras de união com o grupo de Eduardo Leite – candidado de Aécio Neves – representa, claro, um triunfo do governador paulista.
Dar-lhe-á, como no Quincas Borba, de Machado de Assis, as batatas da sobrevivência no jogo sucessório.
Foi miúda, pequena como suas estatísticas nas intenções de votos, mirradas para quem é governador de São Paulo, onde sua lavoura anda raquítica, embora conte com a máquina governamental, que ara a terra e cava votos.
Disso depende o que poderá fazer com sua candidatura: lévá-la teimosamente em frente ou tornar-se meeiro de Sergio Moro, o que só poderá fazer se começar a exibir musculatura em seu estado.
Uma ou outra via significa tirar do caminho Geraldo Alckmin, que agora já não pode nutrir a esperança de ver que o mata-pau que envolveu e drenou o tronco do PSDB paulista vá secar sem uma candidatura oficial.
Alckmin sabe que, entre o PSDB dorista e o PSDB bolsonarista de Aécio, corre o risco de ficar sem PSDB algum.
Estão se completando, de qualquer forma, os últimos movimentos da fase de pré-campanha e, nela, Lula não perdeu um milímetro sequer do favoritismo que construiu desde o início do ano.
Chega ao ano das eleições no limiar de uma vitória em primeiro turno que é o que seus adversários tentarão, de todas as formas, evitar, jogando as fichas em que o antipetismo possa lhes assegurar uma reviravolta no segundo.
Quanto mais fragmentado estiver estiver este campo, melhor lhe será.
Doria, candidato, é mais um a dividir um eleitorado onde a direita ganhou -com folga – todas as eleições presidenciais salvo as de 2002 e no qual, em 2018, Bolsonaro teve 53% dos votos no primeiro turno e 68% no segundo.