Na Folha, Júlia Moura mostra a reação – ou a falta de reação – do mercado financeiro ao embrulho que durou todo o dia pelas citações do nazista Joseph Goebbels feitas pelo ex-enfant gaté de Jair Bolsonaro, Roberto Alvim.
É coisa de doer.
Dizem que está tudo bem, que as questões morais não interferem no essencial: estarem ganhando dinheiro.
Vejam, são os mesmos sujeitos que dizem que “responsabilidade social” é um diferencial de mercado, que enchem a boca para falar de “boas práticas”, de “compliance”.
Nada de espantar, pois desde que o inventaram, o dinheiro é a maçã e o pecado que se dane.
Mas é diferente que o aquilo que valha para suas ganancias – e uso a palavra no espanhol, no sentido de ganhos – possa servir para reger a vida de uma sociedade.
Mas não, mesmo com o sangue e as dores se seus antepassados a doerem nas consciências, acham isso uma bobagem ante seus extratos bancários:
“Sou judeu e me preocupo muito [com o discurso de Alvim]. É triste vermos uma cena assim, fico pensando os predicados que o levaram a ocupar o cargo. No entanto, economicamente, não há impacto, pois não interfere na aprovação das reformas, que é a métrica pela qual o mercado vai avaliar o governo”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
É coisa de doer, repito.
Como sou velho, conheci judeus no Brasil, vindos da 2a. Guerra, que tinham os braços marcados a ferros em brasa dos campos de concentração nazistas.
É triste ver que seus netos já não lhes ouvem os gritos de dor.
Levado ao pé da letra, o “mercado” nada tem a a ver com os seres humanos.
Sendo assim, o que nós, seres humanos, temos a ver com o mercado, se este desconsidera a humanidade?
Ainda não somos – e isto se provou hoje – um país capitulado.
Nem vivemos num mundo que reproduz integralmente nossa selvageria local.
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Se o mercado mostra que não tem nada a ver com seres humanos, é hora de os seres humanos extinguirem o mercado e darem o salto para o socialismo.
Sim, difícil é, mas não impossível. Uma arma assimilável pela população por causar poucos danos a quem a usa e também de fácil compreensão e execução é diminuir a taxa de consumo, aplicável é claro não aos pobres e miseráveis (mas estes já não consomem mesmo). Prolongar a vida útil dos objetos de consumo reformando e consertando, comer menos e de forma mais saudável evitando as comidas industrializadas, comprar ou utilizar apenas o essencial e não o supérfluo e economizar energia e combustíveis. Estas medidas, tomadas por um grande número de pessoas atingem o coração do sistema, pois o mercado só se viabiliza se crescer, se aumentar continuamente os lucros. Não existe mercado capitalista sem crescimento e muito menos o neoliberal. Não existe economia financeira sem o lastro da produção de bens substituíveis, supérfluos e de curta duração. Mais difícil porém possível, é a recusa dos trabalhadores de fazerem horas extras, trabalharem fora de horário contratual e não se dispuserem a ficar a disposição dos patrões quando eles entenderem a conveniência. Nenhum capitalismo de mercado aguenta muito tempo esta falta de oxigênio; morrerão sufocados
Alguns poderão argumentar que os empregos sumirão. Isto é ameaça do sistema, pois a diminuição do consumo libertará as pessoas da ânsia de ganhar muito para consumir muito e profissões novas (antigas, na verdade) surgirão para cumprir as novas necessidades da sociedade até que ela se reorganize no socialismo. De quebra sobrará tempo para as pessoas se ressocializarem, terem lazer e práticas pessoais a gosto e, virtude das virtudes, poderão praticar o ócio criativo. Os seres humanos hoje, mais parecem gado com adaptação de seus cascos para poderem digitar nos seus celulares, a mais importante extensão de seus seres mesquinhos e desprezíveis.
O mercado já encontrou um meio de sobreviver a crise atual.
Estão diminuindo a tamanho, peso ou quantidade de tudo o que é possível mantendo os preços.
Gostaria muito de saber se redução do peso ou quantidade de um produto com manutenção do preço entra no cálculo da inflação.
Para mim isto é o mesmo que aumento de preço.
Excelente observação.
Gostei bastante do seu comentário. Percebe-se um leitor de Bertrand Russel. É já pratico esse modo de vida há um bom tempo.
Urubus, hienas isso é a composição do deus mercado para os bolsominions.
Bem, é por essas e outras que sou comunista.
Nossa, e dificilmente nos damos conta disso.
Desilusão galopante!!!
Alguém já falou da necessidade de a antropologia criar uma nova classificação do gênero humano para enquadrar tais seres
Boa: que tal Estupidologia?
A ciência que estuda os bozomínions s semelhantes.
Por símbolo da ciência podem colocar a figura do tico e teco, ou um asno.
Tem é que procurar uma nova classificação mas sem enquadrar no gênero humano.
E sem ofender os muares, uma espécie que sempre foi tão útil.
A maioria dos mais antigos deles se enquadra na classificação genérica Yuppies, mas está surgindo um outro grupo mais jovem de cabeças de planilha, como define o Luis Nassif, que podem chamados de "stockies", já que a única coisa que enxergam e se preocupam é com as ações (stock em inglês) na bolsas de valores. Gente que nada entende de economia, se preocupam apenas com o dinheiro. Não se preocupam com a produção, com a economia real, mas apenas com a financeirização (a miséria e o desemprego crescentes não fazem parte de suas preocupações enquanto não afetar a acumulação financeira).
Estes yuppies e "stockies" não passam de feitores do capital, cada vez mais concentrado em poucas mãos. Na meca deles, 3 indivíduos apenas (Jeff Bezos, Bill Gates e Warren Buffet) detém mais riqueza acumulada que os 250 milhões de americanos mais pobres. Claro, existe uma pletora de feitores gerindo esta finança e recebendo pequenos nacos por isto. Esse é mundo deles.
Jumano : Jumento ( ignorante, retrógrado, etc. ) + o que ainda resta de humano ( humanidade, se é que ainda resta ).
Em 14 de Outubro de 2018, pouco antes do segundo turno eleitoral, o cineasta Felipe Arrojo Poroger publicou, no caderno dominical Ilustríssima da Folha, um artigo assustador, onde narrava um evento por ele testemunhado na Hebraica, em São Paulo. Dois jovens judeus comentavam o resultado da última pesquisa de opinião de voto, que apontava vantagem para a candidatura do mulo-sem-cabeça por 42%, e um deles disse ao outro: "É o mito!". Neste momento, um senhor idoso os inquiriu se votariam nele, e recebeu como resposta: "Lógico! Não importa o que vier, nazismo, fascismo, a gente tem que tentar". E completou: "E é melhor ficar do lado da Gestapo, SS, da polícia nazista que do lado perdedor", retrucando às gargalhadas ante o silêncio do idoso. O cineasta, então, interpelou-os para que não dissessem tais coisas naquele local, em respeito àqueles frequentadores que haviam perdido familiares no holocausto. Inicialmente, teve como resposta evasivas do tipo "era só brincadeira", "se eu acreditasse verdadeiramente nisto, acha que eu votaria nele?". Frente à contrafação verbal do uso destes argumentos, finalmente reagiram com "eu voto em quem eu quiser, não é meu direito?" E culminaram: "pica a mula!" O relato foi tão chocante que, inicialmente, refleti sobre a veracidade do mesmo, se não haveria exagero. Hoje, o desvelar dos fatos mostra que tudo pode ter sido mesmo real, a ânsia de poder e a força do ressentimento frente a seguidas derrotas politicas sobrepujaram a memória do que seus antepassados sofreram. Ajudaram a chocar o ovo da serpente, e agora mantém alimentada a prole maléfica que daí resultou, sabedores de que não mais estão "do lado dos perdedores", mas sem refletir que a vitória é efêmera, o pêndulo da História garante que nada é imutável, exceto o que deixamos como legado. Ou talvez nem se importem, já que mercadistas desdenham de tudo que não seja comprável e legados não se compram, se constroem. Mas, como bem escreveu o sr. Brito, é de doer...
Abaixo, tentarei deixar o link do artigo citado, muito mais rico do que eu poderia descrever:
https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=48487&anchor=6102242&origem=busca&pd=e008d8f1980143d518ddcdcb8400cb31
Só Fidel redivivo para dar rumo a essa gente.
Assim caminha a Humanidade.
Brito, tenho mais de 65 anos mas quando crescer, quero escrever igual a você.
Este entendimento vem de longe , muito longe . Quando Ingleses e Americanos partiram firmes para guerras não foi para defender o "povo judeu" ou qualquer outra insanidade , todos sabemos os enormes interesses econômicos financeiros por trás de tudo , quiça na frente .
Empresas americanas há época em expansão em parceria com as alemães nadavam de braçada. O mercado e as finanças mundial precisava de um novo país líder .Não importava os mortos : Judeus , Russos ,Alemães , Italianos etc . E sim a nova ordem .
Depois que um banqueiro desgraçado disse que ter milhões de desempregados fazem para a economia me espanta que alguém acredite que essa escumalha abutre tenha algum sentimento humanitário ou responsabilidade social.....mais espantoso é o povo se deixar enganar e viver sob a ideologia desses fascinoras.....
Qual a novidade?
Pra mim Nenhuma Sr. Brito.
No seu discurso na posse, ele citou a associação judaica (oriunda do leste da Europa). Esses falsos hebreus lançaram o fuher e hj vivem financiado o ódio em nome da 'tradição' familiar, deles.
Se pensar com nós é do bem, ao contrário é comunista.
Então, hi bozo!!! _("/)_/
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O fascismo sempre foi a força de retaguarda a serviço das elites capitalistas, que a ela recorre sempre que sua hegemonia está em risco. Não é que não se importam com o nazi-fascismo, precisam dele.
Para o capitalismo em sua fase atual, que identifico como liberalismo neo-escravagista, o fascismo é uma necessidade, já que a democracia liberal já não lhes permite mais impor as condições inerentes deste estágio do capitalismo, caracterizado pela ineqüidade crescente, ancorado economicamente na financeirização e socialmente no individualismo exacerbado e no consumismo frívolo.
Para quem lê inglês sugiro um artigo interessante de John Foster: https://monthlyreview.org/2019/02/01/capitalism-has-failed-what-next/
Grato pela ótima sugestão do artigo. Tomo a liberdade de sugerir, a quem não lê inglês e
também aos que lêem, a recente tradução do excelente livro de Wendy Brown "Nas Ruinas do Neoliberalismo", pela Editora Politea. Pequeno, mas brilhante. Saudações!