A Folha tem como manchete de sua página de economia a chamada “Dilma veta projeto que acabava com multa adicional de 10% do FGTS“.
Embaixo, em letras bem menores, “CASA PRÓPRIA-Crédito imobiliário tem melhor semestre da história, com R$ 49,6 bi“.
O leitor da Folha talvez não perceba a ligação entre as duas notícias.
A multa adicional de 10% sobre o Fundo de Garantia – que só é cobrada quando a demissão é imotivada – vai se somar ao bolo de recursos que são repassados pelo FGTS para a compra de imóveis.
Sem esse aporte de recursos, cash, nem muitos teriam como financiar seu imóvel, nem muitos imóveis teriam compradores, com reflexo direto na indústria – e no emprego – da construção civil.
Mas o jornal prefere destacar os prejuízos que os empresários terão.
Se tiverem, é porque praticam uma política criminosa de rotatividade da força de trabalho, que faz com que um terço dos trabalhadores não cheguem a completar um ano de casa!
Os empresários deveriam, sim, é lamber os beiços de satisfação por até hoje, 25 anos depois da Constituição de 88, ainda não ter sido regulamentado o parágrafo 4° do artigo 293 de nossa Carta, que prevê que as empresas “cujo índice de rotatividade da força de trabalho superar o índice médio da rotatividade do setor” terão de pagar uma alíquota maior de PIS, para ajudar a financiar o seguro-desemprego, que é criminosamente sobrecarregado com a abjeta política de demitir em massa como estratégia empresarial.
A propósito: a ilustração ao lado dos títulos é de um teste de segurança veicular, mas poderia bem ilustrar o que a Folha desejaria que acontecesse com as políticas sociais. Aliás, um dos carros “nota zero” é, quem diria, da GM, que demitiu em massa metalúrgicos de sua fábrica.
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Os empresários brasileiros só gostam do governo quando vão pedir empréstimo ao BNDS, a juros quase zero.
Os empresários brasileiros só gostam do governo quando vão pedir empréstimo ao BNDS, a juros quase zero.
O trabalhador penhorado, agradece!