O general Eduardo Pazuello, ao depor hoje no Senado, disse que não há estratégia para combater a pandemia que não seja tudo aquilo que seu chefe, Jair Bolsonaro, renega:
– Fica aqui a estratégia final: medidas preventivas, uso de máscara, temos que manter a estratégia de afastamento social, como está no Senado: “x” verde e vermelho, tem que manter.
O senhor não tem vergonha de tamanha cara-de-pau, senhor general?
O senhor fala de máscara no Senado mas faz live sem ela ao lado de seu mandante, Jair Bolsonaro, sem nenhuma menção à necessidade do que diz ser “a estratégia final”?
A indisciplina diante das medidas de proteção, do isolamento social, foi lançada por ele e o senhor, como ministro, foi seu cúmplice consciente.
Como foi na distribuição de cloroquina e nas pressões para que os médicos a receitassem, depois que todas as a evidências científicas negassem sua eficácia, inclusive mandando uma trupe de médicos bolsonaristas, à custa do Tesouro, para induzir as equipes de saúde a prescreverem a substância.
Porque está dizendo o contrário no Senado? Medo da CPI? Medo do inevitável processo que resultará das investigações sobre as atitudes criminosas do Ministério?
Essa é a melhor hipótese para Pazuello: ser cúmplice de Bolsonaro.
Porque, de outra forma, é algo inaceitável em um general do Exército brasileiro: é um covarde, que se acoelha diante de quem lhe dá ordens absurdas, que implicam expor brasileiros a risco de morte e fazer o país colecionar cadáveres, apenas porque lhe falta a coragem de dizer “não, senhor”, porque não deve obediência senão em atividades de militar, não nas funções civis que desempenha no Ministério da Saúde.