E o “teto” da inflação?

Jair Bolsonaro, agora, tira até o domingo para passear de mãos dadas com Paulo Guedes, jurando que o casamento entre ambos será para sempre ou, pelo menos, que o fim do governo os separe. Tudo é otimismo, embora, nas fotos, a imagem do ministro da Economia traia o seu emagrecimento.

Muito bem, muito bom, a segunda-feira tende a ser – salvo novos arroubos internos e chacoalhões externos – mais tranquila na jogatina financeira, mas com alguns sinais de que, por baixo das juras de amor, a crise segue “comendo solta”.

Logo cedo, dois índices devem ser notícia: o Índice de Preços ao Consumidor Semanal da Fundação Getúlio Vargas, que se mantém acima de 1% neste outubro e as projeções de inflação coletadas pelo Banco Central junto a bancos e financeiras, que deve chegar bem perto de 9%, mas que deve ser olhada no detalhe das projeções atualizadas nos últimos cinco dias antes de sexta-feira, onde oíndice já deve chegar a isso, pois o atraso destas previsões é grande, por serem atualizadas com um mix de estimativas mais antigas e mais recentes.

As projeções de taxas de juros vão crescer – o próprio Paulo Guedes já afirmou que o BC (independente, lembram?) deve andar mais rápido com os juros e o PIB esperado para 22 cairá outra vez, tanto quanto subrá na direção de 5% a inflação do ano que vem. Por enquanto…

Arrisco dizer que as previsões pessimistas são, de fato, otimistas, porque há vários outros fatores além dos “vale isso; vale aquilo” que se sucederão nas ações eleitoreiras de Jair Bolsonaro: a desaceleração da economia de nosso maior parceiro comercial, a China, o fim dos estímulos do Tesouro norte-americano , a inflação crescente também lá fora e o preço do petróleo teimando em subir e antecipando novos aumentos aqui.

Que, ironicamente, passam a interessar ao próprio governo que, pelo “critério” de reajustar o teto pela inflação acumulada até dezembro, só o estica para 22 com uma inflação mais alta em 21.

Deste “teto”, praticamente no dobro da máxima tolerância da banda de desvalorização do limite de tolerância da meta inflacionára de 5,25% não se fala.

E o povo trabalhador não tem “pedalada” para livrar-se dele.

Fernando Brito:
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