É papel da imprensa respeitar o ser humano

É claro que a tragédia pessoal deste jovem Andreas Richthofen é notícia, embora nem todo o noticiário deixe bem claro que ele é vítima, não criminoso, do desgraçado destino de sua família.

Mas é desumano o que faz, hoje, a Folha, publicando sua foto dentro de uma casa de saúde para dependentes e fuçando detalhes de sua internação  – o que havia no prato em que comeu, ter ficado “num quarto só para ele” e sugerindo que ele esteja recebendo tratamento “VIP”, “apesar de ele ter entrado ali como paciente do SUS.”

Um jornal que pretende condenar, com razão, a brutalidade de internações forçadas pela guarda municipal de João Doria como regra, não pode, ele próprio, “invadir jornalisticamente” um ambiente hospitalar e devassar morbidamente a intimidade de um paciente.

Sim, ele é um paciente, um ser humano. E é uma tolice reduzir essa condição pelo fato de ser louro e “rico”, porque não se defende negros e pobres desqualificando os que não são. A exposição de alguém nitidamente indefeso só merece o nome de crueldade.

Ou, quando é para conseguir mais uns “cliques” e vender uns exemplares a mais, mercadejar  o sofrimento humano.

Fernando Brito:

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  • O papel da imprensa se inverteu. Em vez de respeitar o ser humano, à imprensa virou uma máquina de destruir reputações. São como abutres em busca de carcaça para disseminar podridão. Esse rapaz merece toda nossa compaixão pela tragédia que viveu e continua vivendo. O que imprensa vem fazendo é de uma canalhice sem tamanho.

    • Verdade! Certos setores da imprensa e da grande mídia já perderam o pudor, a vergonha, a decência e o compromisso com a verdade. E agora além da capa e matéria da revista veja com dona Marisa Letícia e do marketing grotesco das lojas marisa, vemos com essa matéria da folha mais uma prova de que realmente perderam o respeito pelo ser humano.

    • A imprensa não tem nenhum interesse em reforçar o papel do SUS ou defender negros e pobres. A imprensa só está noticiando esse caso porque tudo que se refere a essa família virou alvo dos abutres da imprensa. A menina virou a criminosa modelo do país, e agora toda a família entra no barco. Qualquer coisa vira notícia se se referir a eles. O nome disso é imprensa marron, marron de bosta mesmo.

  • Alguém sintonize aqueles programas vespertinos da TV aberta (nem estou falando dos programas sensacionalistas-policialescos do fim da tarde) e veja que a coisa é ainda pior do que nos jornais impressos. Os times de "especialistas" que as apresentadoras e seus produtores colocam no ar pra "esclarecer" o público é dar vontade de rir e de chorar, ao mesmo tempo.

  • Enquanto houver em nosso âmbito pessoal a insistência de deixarmos ser levados pelo anseio da emoção em detrimento à razão,
    vamos continuar dando vazão a conteúdos midiáticos - sensacionalistas. Enquanto isso, "na sala de justiça", o conteúdo jornalístico
    se torna, a cada dia, acuado com a sensação de claustofobia. A final o que é conteúdo jornalístico?

  • Esse rapaz está em situação crítica. Além do crime hediondo praticado por sua irmã, o que já seria motivo suficiente para desequilibrar qualquer um, ele ainda teve que aguentar desde menino o assédio da mídia sensacionalista. Deve ter sido um esforço supremo de caráter e de boa vontade que o levou a continuar seus estudos, obter uma bela graduação universitária e um doutorado respeitável, no Instituto de Química da USP. Mas a mídia carniceira agora encontrou um novo pratinho para vender seu noticiário às custas da desgraça alheia. Espero que ele seja poupado de novos assédios e que seja deixado em paz. Como qualquer outro cidadão, ele merece respeito.

  • O garoto além de ter perdido a familia de uma vez , pois teve os pais assassinados , e se isso não fosse o suficiente ainda pela propria irmã. Não tem um minuto de paz a anos a fio, tem que conviver diariamente com este tipo de coisa!! A imprensa não existe o que existe é um bando de abutres, chacais e hienas esperando a desgraça de alguem para tirar vantagem desta. Me desculpem aos jornalistas serios e honestos consigo mesmos e com os outros, mas esta dificil a cada dia que passa de manter a serenidade!!!

  • Hoje com 29 anos, Andreas é graduado em Farmácia e Bioquímica e possui doutorado em Química pela USP. Nos anos em que passou pela pós-graduação, foi orientado diretamente pelo professor doutor Cláudio Di Vitta, do Departamento de Química Fundamental do IQ-USP.

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