E se Aécio não tivesse feito um papelão? Por Jari da Rocha

Nada do que aconteceu no Brasil, nos últimos dois anos e meio, estaria acontecendo se o candidato das elites e da militância cheirosa tivesse vencido as eleições.

Não haveria golpe, não haveria crise política, o Judiciário continuaria escondido sob o manto da falsa neutralidade, a imprensa noticiaria, dia após dia, incessantemente, o sucesso da grande virada ‘democrática’ que enterrava de vez a abominável era PT.

Não haveria sangria para estancar. As instituições estariam ‘funcionando’ a todo o vapor para restabelecer o engavetamento geral da república e, ao mesmo tempo, desencavar podres da administração petista, legitimando, por conseguinte, o mais completo desmonte do estado brasileiro.

Dilma não seria vítima de um golpe, mas apenas uma derrotada nas urnas. E é impossível imaginar a ‘ex-terrorista’ vindo a público para dizer que faria de tudo para que o Brasil fosse parado à força.

E, enquanto os direitos dos trabalhadores estivessem sendo surrupiados, enquanto o patrimônio nacional estivesse sendo entregue e, por fim, quando a redução do estado chegasse ao tamanho que só cabem banqueiros e rentistas, a mídia estamparia em suas capas de jornais e revistas: ‘Este É Um País Que Vai Pra Frente’

Que crise não há e que a ‘liberdade’, antes negada pela ditadura bolivariana-petista, estava de volta ao país.

Aécio seria reeleito, em 2018, no primeiro turno, assim como foi FHC. (a história se repetiria).

Mas Aécio não se elegeu. Faltou muito pouco: Dilma 51,64% – Aécio 48,36.

E a votação fantástica que a direita conquistou, depois de tudo que os governos do PT fizeram desde 2003 só foi possível pela idiotização da opinião pública e pelo apoio de famosos que ilustram as telas da TV, dia sim, dia não, em horários bem nobres nos mais longínquos e modestos lares da população brasileira.

Associar a imagem de um artista famoso a uma campanha sempre deu certo, não?

No caso do Aécio, mesmo com o governo desastroso que ele fez em Minas, mesmo sendo oposição a um dos projetos mais eficazes contra a fome, a miséria e a desigualdade, mesmo contra todas as possibilidades reais, ele quase venceu, e nas urnas.

Quase venceu com o apoio da elite, da mídia e de artistas – roqueiros universitários e sertanejos ensino médio – que testemunharam em seu favor: “Quem conhece Aécio, confia”. Como quem diz: se eu, um rico e famoso confio, por que tu, pobre trabalhador, não iria confiar?

Isso, sem falar, é claro, que teríamos evitado a invasão dos médicos cubanos, da marinha boliviana e das tropas bolivarianas de Maduro.

Os símbolos são capazes de alterar a realidade e criar, no senso comum, uma ilusão coletiva a ponto de esquecerem a realidade de sua própria vida, que mudou pra melhor, em troca de um mundo de fantasias com direito a trama e roteiro escritos por quem sequer mora no Brasil.

Desconsiderar que essa simbologia nos agride diretamente é desconsiderar a luta histórica de classes. Como foi escrito, nalgum tempo remoto, por algum alemão incomodado com a exploração do capital.

PS: Enquanto escrevia este texto, ainda não havia sido noticiada a decisão de Marco Aurélio Mello sobre a volta de Aécio Neves ao Senado.

Fernando Brito:

View Comments (9)

  • Como dizia minha! "Se". Como não ganhou, tocou fogo no país, com ajuda da midia da quadrilha politica instalada no Legislativo. Todavia, teve um ponto forte - jamais saberíamos desses roubos todos e seus atores.Essa para mim, foi a melhor revelação sobre a realidade brasileira, alcançada ainda, em vida.Não são convicções, não, são verdades nuas e cruas.Ao vivo.Jamais pensaria que pudesse ser expectador desse mar de lama e desse lixo, que a elite escondia debaixo dos seus tapetes.Fico enojado com tudo isso que estou assistindo. Lembro-me que no meu tempo, na escola primária, nos era ensinado " Educação Moral e Cívica" como nos fez bem...

  • Povo que não lê de tudo, que não lê ao menos um livro por mês, que não se instrui, que não debate civilizadamente seus deveres e seus direitos, que não se educa caminha para o brejo. A história nos diz como os povos europeus saíram da BARBÁRIE, como progrediram e como se conscientizaram. Quando assim fizermos, teremos resolvido nossos Problemas. Parem de ler o gLobo, o estado, a folha, a veja, a isto é, a época e todo lixo semelhante. Parem de ver TV globo(façam-na falir) , a band e o sbt( o maluco tá rico porque tem palhaço batendo palmas). Libertem-se dessa mídia canalha e corrupta. Sejam honestos, respeitem, façam o bem e amem o próximo. Sejam Cristãos de Verdade.

    • Seu comentário é muito pertinente e acrescento que, se há 500 anos atrás os europeus viviam ainda em estado de barbárie, acredito que daqui a 500 poderemos ser um povo culto, civilizado e mais igualitário, se o povo fizer o que você sugestiona em seu comentário.

  • Não concordo com a parte que diz que: foi possível pela idiotização da opinião pública nas telas da TV, dia sim, dia não.

    Não assisto mais TV, mas imagino que seja dia sim, dia sim.

  • "Quem conhece Aécio confia!", diziam os tsis famosos.
    Na verdade, confiaram em Aécio aqueles que pensavam que o conheciam e aqueles que sabiam quem era Aécio mas queriam ser enganados pelo Aécio.
    Outros houve que, exatamente por conhecer Aécio, e conhecer muito bem, jamais confiariam ou confiaram nele. Mesmo assim votaram nele por conveniência partidária ou por estarem conluiados com ele para fartarem-se em desmandos e desmontes do Brasil.
    E assim seria. Estado mínimo, picaretagem máxima!

  • Simplesmente ele não existiria. Tá na essência desse pilantra ser trambiqueiro. Se ele não for trambiqueiro, ele não existe.

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