Os jornais noticiam que Luciano Bivar, sócio controlador do União Brasil, desembarcou da naufragante “3ª Via”, numa articulação com o deputado bolsonarista Elmar Nascimento, da Bahia, que tem no currículo o torpedeamento de Rodrigo Maia, abrindo caminho para Arthur Lira chegar à presidência da Câmara.
Novidade zero, porque faz tempo se sabia que a candidatura de Bivar foi e é para obter vantagens.
E como a esperteza politiqueira de Bivar é inversamente proporcional ao seu espírito público, caiu nisso quem quis, a começar de Sérgio Moro, que acreditou que seria transportado pelo grupo de Bivar na limusine eleitoral do fundo partidário e no tempo de televisão do União Brasil.
Com Bivar de candidato ou sem candidato a presidente, o União Brasil tira espaço de todos os demais e isso é “útil” para evitar que candidatos sem a base partidária que agora tem Bolsonaro (e também Lula) tenham tempo de televisão (programa e inserções) que lhes permita crescimento eleitoral.
Na projeções atuais, Lula e Bolsonaro terão pouco mais de 4 minutos e algo como 40 inserções de 30 segundos na TV e rádio. Simone Tebet e João Dória, sozinhos, 1 minuto cada e 10 “comerciais” e Ciro, apenas 50 segundos e oito inserções. Uma aliança Tebet-Doria teria por volta de 1’53” e vinte inserções. Todas são medidas aproximadas, sem candidato do União Brasil, cujo tempo seria proporcionalmente dividido entre os que apresentam candidato.
Bivar, assim, vai desenhando o melhor negócio do mundo, aquele pelo qual se recebem vantagens – deixo à imaginação do leitor quais seriam – sem ter de entregar a “mercadoria”. E resolve seu problema com ACM Neto, que provavelmente não sobreviveria eleitoralmente a uma aliança explícita com Bolsonaro na Bahia.
Onde, creio eu que “da boca para fora”, João Doria não recusou expressamente a possibilidade de ser vide de Tebet, mas isso não é uma solução nem para a senadora nem para o rachadíssimo MDB que quer tudo, menos carregar o caixão do ex-governador paulista, o mais rejeitado entre todos os pré-candidatos e reduzido a quase zero, eleitoralmente, até mesmo em São Paulo.
Da última vez que escrevi sobre o tema disse que não se sabia ainda “como Bivar quer tirar proveito da sua nova condição de presidenciável”. Parece que está ficando claro, agora.