Em defesa da Geni

O jornalista – tantas vezes citado aqui, com admiração – Luís Costa Pinto cometeu ontem uma injustiça, ao escrever que  “mesmo que vença nominalmente no plenário e siga despachando no gabinete presidencial até 31 de dezembro de 2018, Michel Temer sabe que terminada a votação da 2ª denúncia do MP contra ele, encerra-se também a fase em que podia ter representado alguma expectativa de poder”.

– À velocidade da luz, Temer se verá convertido numa espécie de “Geni” nacional.

A análise é muito boa, merece ser lida no Poder360, onde Luís é colunista.

Mas há algo que é preciso reparar: a honra da Geni, personagem do musical “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque.

Geni, a prostituta da cidade, pertence aos errantes, aos cegos, aos retirantes, é de quem não tem mais nada”.

Michel, o usurpador do Planalto, pertence a gente de outro tipo, de objetivos bem definidos e lucrativos, de olho muito vivo, dos interesses estrangeiros,  ele é de quem já tem muito, mas muito mesmo.

Geni, a prostituta da cidade, “vai amiúde com os velhinhos sem saúde e as viúvas sem porvir. Ela é um poço de bondade.”

Michel,o usurpador do Planalto, aos velhinhos sem saúde deu-lhes cortes no Orçamento, encolheu o Farmácia Popular e, a eles e às viúvas sem porvir, pretende manter trabalhando até o fim de seus dias ou reduzir as pensões. Poço, sua única profundidade, ele é de maldades.

Geni, a prostituta da cidade, só para salva-la entregou-se ao comandante do zepelim que lhe apontava os canhões, para saquear suas riquezas.

Michel, o usurpador do Planalto,não precisa de canhões apontados para entregar o patrimônio do Brasil, os bilhões de barris de nosso pré-sal.

Geni, a prostituta da cidade, “preferia amar com os bichos” a “deitar com homem tão nobre, tão cheirando a brilho e a cobre”.

Michel, o usurpador do Planalto, só com estes anda, tem horror ao povo pobre, no que, aliás, é correspondido, dizem todas as pesquisas.

Só numa coisa se pode compará-los: ela e ele são bons “de bater e de cuspir”.(Não se animem, é figurado)

Ela, por preconceito e estupidez.

Ele, por merecimento.

Fernando Brito:

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