Morreu, aos 60 anos, Diego Armando Maradona, El Pibe de Oro, o garoto que sempre foi dentro de campo e o homem que foi depois de deixar os gramados.
La mano de Dios, que ficará eternamente como o nome de seu catimbado gol sobre a seleção inglesa no Argentina 2 x 1 Inglaterra da Copa de 1986 nasceu de sua resposta, ao final do jogo, sobre se tinha marcado o gol com sua mão: “Lo marqué un poco con la cabeza y un poco con la mano de Dios.
A Argentina vinha de ser humilhada pelos ingleses, quatro anos antes, na Guerra das Malvinas. Sem Exocet – o míssil lançado de um avião velhusco que atingiu o destróier de Sua Majestade Shieffeld – Maradona vingou a arrogância colonial dos ingleses.
Sem um tiro, sem um soco senão um, bem de leve, na bola.
E, para calar a boca dos que reclamarem do “jeitinho’, Maradona fez ainda outro gol, sensacional, arrancando desde antes do meio-campo, mirrado e veloz, deixando para trás os espadaúdos súditos de Elisabeth.
Só os bobalhões entram nessa de “Maradona foi ou não foi melhor do que Pelé”. Arte, é claro, não se mede.
Maradona nunca deixou de estar do lado dos meninos de favela, como ele foi, nem dos “cabecitas negras”, como ele era, repetindo a forma pejorativa que os argentinos brancos chamavam os mestiços de espanhóis e indígenas.
Vá para as manos de Dios, Maradona, deixar de ser craque para ser estrela.