Então é esse o “herói do mensalão”?

Não é nenhum site esquerdista, ressentido com o aprisionamento de Dirceu, Genoíno e outros petistas.

É o vetusto Estadão que, com base nas investigações que levaram a Justiça a proibir, por cinco anos, a multinacional alemã Siemens de contratar com o poder público no Brasil, publica:

“Planilha indica propina de pelo menos R$ 150 mil da Siemens para grupo de Roberto Jefferson”

Diz o jornal que os documentos recolhidos durante a sindicância feita na empresa – que foi a base da decisão judicial – mostram que um contrato no valor de R$ 5,3 milhões (R$ 8,7 milhões, atualizado) para fornecimento de sistemas eletrônicos de movimentação e triagem de carga, teria gerado uma comissão de R$ 150 mil (ou R$ 250 mil, em dinheiro de hoje) para os integrantes do grupo de Roberto Jefferson que controlava a Diretoria de Administração e a  de Recursos Humanos  dos Correios.

Pois muita gente se esqueceu que Roberto Jefferson não foi “apenas” um recebedor de dinheiro do suposto mensalão.

Está denunciado por, ele próprio, comandar um esquema de corrupção com seus indicados dentro dos Correios. A denúncia do MP – fora do Supremo – está aqui.

E este é o ponto, tão esquecido, que o Estadão hoje lembra:

“Jefferson denunciou o mensalão depois que a revista Veja publicou, em maio de 2005, reportagem que abordava o esquema na estatal. A reportagem citava vídeo em que Maurício Marinho recebia R$ 3 mil de propina de um empresário – até hoje, este empresário nunca foi identificado. Na gravação divulgada, Marinho também revelava ser apadrinhado por Roberto Jefferson.

Três semanas depois, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Jefferson revelou o mensalão. O então deputado alegou ter visto digitais do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, também preso atualmente, no vazamento do vídeo. Jefferson acreditava que o PT desejava ocupar o espaço do PTB nos Correios. Daí porque, no seu entender, tentava incriminar Marinho, seu apadrinhado.”

É aí que estão “os instintos mais  primitivos” do “herói do mensalão”.

O de vingança de quem lhe desmontou o maná.

Esta é a fonte contaminada deste processo político, no qual certamente que há irregularidades.

Nenhuma maior, porém, que o endeusamento de um delator movido pela vindita a quem  achava que havia lhe tirados os doces e a tentativa de politizar, a seu favor, um caso onde estava comprometido até a medula.

E que de vingativo foi transformado em vingador pela mídia, ao ponto de um leitor da Folha sugerir que se lhe fizesse uma estátua “como herói nacional”.

Sobre estes moralistas – dos quais honradez passa longe – este sábado de Carnaval é bom para recordar a piadinha:

– Você sabe porque gringo samba sacudindo os dedinhos levantados?

– Não, por que?

– Para que não lhe olhem os pés…

 

Fernando Brito:

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  • "O esquema de compra de apoio político no Congresso, que ficou conhecido como mensalão, veio à tona em junho de 2005, após as denúncias de Roberto Jefferson.

    Entrevista de Roberto Jefferson à Folha de S. Paulo
    Acusado de participar do suposto esquema de corrupção nos Correios e no IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), Roberto Jefferson deu uma entrevista exclusiva à Folha de S. Paulo, publicada em 6 de junho de 2008. Seguindo a tese de que a melhor defesa é o ataque, o deputado federal, que desde as denúncias feitas pela revista Veja vinha mantendo o silêncio, decidiu falar. Acuado, acabou revelando um dos maiores escândalos da história política recente do Brasil.

    Na conversa com a repórter Renata Lo Prete, o presidente do PTB acusou o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, de repassar dinheiro a deputados do Partido Liberal e do Partido Progressista como forma de comprar o apoio dos parlamentares no Congresso. Roberto Jefferson denominou essa prática de “mensalão”. Segundo Jefferson, ele mesmo alertou alguns ministros do governo e até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    As denúncias agravaram a crise política instalada em Brasília havia três semanas. Todos os telejornais de rede repercutiram a entrevista de Roberto Jefferson e mostraram as reações no governo e no Congresso"

    só para lembrar ,havia tambem o IRB ,que o Congresso já tinha pauta para mudar a estrutura e tirar das mãos do ESPERTO JEFFERSON,leia-se ,desaparelhar.

    Quem estava pilotando a mudança era o José Dirceu.....

  • Repito: somente no 'brazil', "supremos(as)" dariam guarida a invectivas de um GANGSTER MAFIOSÍSSIMO, condenando inocentes e fazendo o sórdido jogo político dos golpistas/fascistas/terroristas de sempre!...

  • O pior é que dizem por aí que o vídeo que documenta a propina foi feito por um "empresário de jogos" que queria substituir o grupo do "herói nacional" na mamata dos Correios.
    Vai ser vingativo assim na casa do chapéu!!

  • Este fato - o do Maurício - noticiados na TV e na Veja, foram a origem de tudo.

    Ao que tudo indica, querendo pressionar, para obter pressão governamental no trabalho da polícia federal, em tom de gracejo, um blague momentâneo, que nunca imaginou fosse, ao final, leva-lo inclusive à condenação, Jefferson, o herói da mídia e da direita mais conservadora do País, fez referência ao caixa dois, utilizando a palavra mensalão.

    O governo nunca pressionou a polícia federal. Esta faz o seu trabalho, pelo menos durante o governo petista, totalmente independente, pois esta era e é uma das metas deste governo.

    Daí por diante, nascia a AP 470, fato muito bem aproveitado pela oposição, mesmo sabendo que, na origem, o PSDB mineiro utilizou o mesmo esquema.

  • Caso Escola Base: Rede Globo é condenada a pagar R$ 1,35 milhão

    MÍDIA DESONESTA

    17/DEC/2012 ÀS 22:12

    A Rede Globo foi condenada a pagar R$ 1,35 milhão para reparar os danos morais sofridos pelos donos e pelo motorista da Escola Base de São Paulo. Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada e Maurício Monteiro de Alvarenga devem receber, cada um, o equivalente a 1,5 mil salários mínimos (R$ 450 mil). Entenda o caso abaixo
    Dezoito anos atrás, os donos da Escola de Educação Infantil Base, na zona sul de São Paulo, foram chamados de pedófilos. Sem toga, sem corte e sem qualquer chance de defesa, a opinião pública e a maioria dos veículos de imprensa acusaram, julgaram e condenaram Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada, Mauricio Alvarenga e Paula Milhim Alvarenga.
    Chegou-se a noticiar que, antes de praticar as ações perversas, os quatro sócios cuidavam ainda de drogar as crianças e fotografá-las nuas. “Kombi era motel na escolinha do sexo”, estampou o extinto jornal Notícias Populares, editado pelo Grupo Folha. “Perua escolar carregava crianças para a orgia”, manchetou a também extinta Folha da Tarde.

    Inocentes foram julgados e condenados pela mídia, que estimulou o linchamento popular.
    Na esfera jurídica, entretanto, a história tomou outros rumos. As acusações logo ruíram e todos os indícios foram apontados como inverídicos e infundados. Mas era tarde demais para os quatros inocentados. A escola, que já havia sido depredada pela população revoltada, teve que fechar as portas.
    Hoje, acumuladas quase duas décadas de reflexão e autocrítica, a mídia ainda não conseguiu digerir o ocorrido e o caso da Escola Base acabou se tornando o calcanhar de Aquiles da imprensa brasileira — é objeto constante de estudo nas faculdades de jornalismo — e motivo de diversas ações judiciais provocadas pelos diretores da escola.
    Em uma delas, Paula Milhim, antiga professora e coordenadora pedagógica da Escola Base, tenta pôr as mãos na indenização de R$ 250 mil que ganhou na Justiça paulista. Com a repercussão do caso, Paula perdeu o emprego, se afastou da família, e hoje acumula dívidas em um emprego instável como auxiliar administrativa.

    O decreto de Covas

    Em função de diversos atrasos para iniciar a ação judicial, a indenização a que Paula tem direito esteve à beira da prescrição. Para piorar, no momento em que a sua defesa estava formada e instrumentalizada, um ataque cardíaco fulminante vitimou o seu advogado e atrasou ainda mais o processo.

    FONTE: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/12/caso-escola-base-rede-globo-e-condenada-pagar-r-135-milhao.html

  • Ora,pra essa gente,e a maioria do brasileiro nem sabe do que vou falar,por delegar aos jornalistas,pensar por eles,que o Joaquim Silvério dos Reis,parceiro desse lixo humano do que trata a matéria,também se algum desses profissionais começar a instigar no povo,passa também ser herói!A questão que estamos falando,nasce na PUBLICIDADE e que somente existe uma fórmula de extirpa-la,que o o velho contraditório,ou a interlocução,coisa que poucos gostam!

  • Coisas de que Joaquim Barbosa se esqueceu de ficar triste

    Por *Antonio Lassance

    Alguém o viu expressar tristeza com o fato de o processo contra o mensalão tucano não atribuir o mesmo crime de quadrilha a Eduardo Azeredo, do PSDB de MG?
    O presidente do Supremo, relator da AP 470, esbravejador-geral da Nação, candidato em campanha a um cargo sabe-se lá do que nas eleições de outubro, decretou solenemente:
    "É uma tarde triste para o Supremo".
    É curioso como Joaquim Barbosa se mostra triste com algumas coisas, e não com outras.
    Alguém o viu expressar tristeza com o fato de o processo contra o mensalão tucano não atribuir o mesmo crime de quadrilha a Eduardo Azeredo (PSDB-MG) & Companhia Limitada?
    O inquérito da Procuradoria-Geral da República (INQ 2.280, hoje Ação Penal 536), que sustenta a denúncia contra Azeredo, foi apresentado pelo mesmo Procurador (Roberto Gurgel), ao mesmo STF que julgou o mensalão petista, e caiu nas mãos do mesmo relator, ele mesmo, Joaquim Barbosa.
    O que dizia o Procurador? Que o mensalão tucano "retrata a mesma estrutura operacional de desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e simulação de empréstimos bancários objeto da denúncia que deu causa a ação penal 470, recebida por essa Corte Suprema, e envolve basicamente as mesmas empresas do grupo de Marcos Valério e o mesmo grupo financeiro (Banco Rural)”.
    Se é tudo a mesma coisa, se são os mesmos crimes, praticados pelas mesmas empresas, com o mesmo operador, cadê o crime de quadrilha, de que Barbosa faz tanta questão para os petistas?
    Alguém viu o presidente do Supremo expressar sua tristeza sobre o assunto?
    Alguém o viu decretar a tristeza no STF quando o processo contra os tucanos, ao contrário do ocorrido com a AP 470, foi desmembrado, tirando do STF uma parte da responsabilidade por seu julgamento?
    Talvez muitos não se lembrem, mas as decisões de desmembrar o processo do mensalão tucano e de livrar Azeredo e os demais da imputação do crime de quadrilha partiram do próprio Joaquim Barbosa.
    Foi ele o primeiro relator do mensalão tucano. Foi ele quem recomendou tratamento distinto aos tucanos.
    Justificou, sem qualquer prurido, que os réus estariam livres da imputação do crime de formação de quadrilha “até mesmo porque já estaria prescrito pela pena em abstrato”, disse e escreveu Barbosa, em uma dessas tardes tristes.
    Mais que isso, livrou os tucanos também da imputação de corrupção ativa e corrupção passiva.
    O que se tem visto, reiteradamente, são dois pesos, duas medidas e um espetáculo de arbítrio de um presidente que resolveu usar o plenário do STF como tribuna para uma campanha eleitoral antecipada de sua possível e badalada candidatura, sabe-se lá por qual "partido de mentirinha", como ele mesmo qualificou a todos.
    E as tantas outras tristezas não decretadas?
    Vimos a maioria que compõe hoje o STF ser destratada como se fosse cúmplice de um crime; um outro bando de criminosos, portanto, simplesmente por divergirem de seu presidente e derrotá-lo quanto a uma única acusação da AP 470.
    Que exemplo!
    Sempre que um ministro do Supremo, seja ele quem for, trocar argumentos por agressões, será uma tarde triste para o Supremo.
    Há uma avalanche de questões importantes, que dormem há décadas no STF, e que seriam suficientes para que se decretasse que todas as suas tardes são tristes.
    (...)
    A propósito, na mesma tarde em que o STF julgou e afastou a imputação do crime de quadrilha aos réus da AP 470, o mesmo Joaquim Barbosa impediu a completa reintegração de posse em favor dos Tupinambás de Olivença, Bahia.
    A área dos índios estava sendo reconhecida e demarcada pela Funai. Joaquim Barbosa, tão apressado em algumas coisas, achou melhor deixar para depois. Ora, mas o que são uns meses ou até anos para quem já esperou tantos séculos para ter direitos reconhecidos?
    Realmente, mais uma tarde triste para o Supremo.

    Apesar de você

    A célebre música de Chico Buarque, "Apesar de você", embora feita na ditadura, ainda cai bem para enfrentarmos descomposturas autoritárias desse naipe.

    Diz a música, entre outras coisas:

    "Hoje você é quem manda
    Falou, tá falado
    Não tem discussão"
    "Você que inventou a tristeza
    Ora, tenha a fineza
    De desinventar"
    "Apesar de você
    Amanhã há de ser
    Outro dia".

    (*) Antonio Lassance é cientista político.

    em
    http://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/Coisas-de-que-Joaquim-Barbosa-se-esqueceu-de-ficar-triste/3037

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