Época tenta se tornar uma sub-Veja

Eu só discordo de uma coisa da posição do Nassif. A Globo, dona da Época, sabe muito bem onde quer chegar. Ela sabe que os desmentidos das redes sociais e blogs não alcançam a todos. Sabe que as redes sociais antipetistas são fechadas, não deixam entrar nenhum oxigênio. Qualquer mentira, mesmo as mais absurdas, toma ares de verdade. Vide a pesquisa da USP na marcha do dia 15 de março, que mostrou que a maioria acredita que Lulinha é dono da Friboi e que Dilma quer implantar ditadura comunista no Brasil.

Histórias sobre favorecimento à Venezuela são sempre bem recebidas. Esses setores sociais, definitivamente, não estão interessados em nenhuma verdade jornalística. Eles querem subsídios para falar mal do PT, e a Globo está dando.

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Época não consegue inovar e repete a farsa

DOM, 10/05/2015 – 00:00
ATUALIZADO EM 10/05/2015 – 00:47
Por Luis Nassif, no Jornal GGN.

Não se sabe o que as Organizações Globo pretendem da revista Época, ao torna-la uma Veja de segunda mão.

Veja criou um estilo folhetinesco, um subjornalismo que atraiu um público vociferante, de baixo nível, afastando os formadores de opinião. Hoje, claramente, sua reputação desce ladeira abaixo, perdendo o respeito de toda a categoria.

Qualquer resquício de inteligência editorial na Época buscaria um contraponto para atingir público de melhor nível já que a única semanal decente, a Carta Capital, não tem fôlego financeiro para ampliar espaço.

Em vez disso, Época envereda por um caminho sem volta, transformando-se em uma sub-Veja. Pelo menos a Veja original teve a iniciativa de ocupar um terreno inexplorado – o do jornalismo de esgoto – garantindo um público fiel. Quem pretende alguma relevância jornalística evita ir a reboque de qualquer estilo, menos ainda do esgoto.

Na semana passada, o falso escândalo das viagens de Lula não teve repercussão nem nos próprios veículos da Globo. Sofreu uma desconstrução desmoralizante na Internet e no próprio Ministério Púbico Federal – da procuradora incumbida de analisar a denúncia.

A jogada desmoralizada é a seguinte:

1. A mídia publica qualquer denúncia.

2. Qualquer pessoa pode entrar com uma representação – inclusive procuradores – com base em “notícia de fato criminoso”. Por si, enquanto não for aceita pelo MPF, a representação não tem nenhum valor.

3. A representação é sorteada para um procurador opinar. No caso da capa anterior da Época, a procuradora incumbida de analisar a representação igualou a notícia jornalística de fato criminoso, sem provas, a denúncia anônima.

Qualquer organização minimamente competente procuraria não repetir a jogada.

Como as Organizações Globo tornaram-se um bicho de sete cabeças sem nenhum cérebro, Época repete a mesma jogada já desmoralizada:

1. Em abril publica uma denúncia furada sobre os financiamentos para o Metrô de Caracas.

2. No dia 6 de maio outro procurador faz uma representação tão inócua quanto a primpeira: uma mera “notícia de fato criminoso”, baseado na reportagem da Época.

3. No mesmo dia em que a representação é apresentada, a revista prepara a reportagem que sai publicada no dia 8.

Raio x da reportagem
Dentro do estilo sub-Veja que tomou conta da Época, a reportagem é um imenso nariz de cera, com maioria absoluta de informações já conhecidas, emoldurando a única informação nova: a “notícia de fato criminoso” que não traz nenhuma informação nova, porque calçada em reportagem anterior da própria revista.

Analise-se a matéria:

1. Ela tem 10.415 palavras.

2. O título principal “Ministério Público diz que governo repassou irregularmente R$ 500 bi ao BNDES” é matéria velha. Desde o ano passado o TCU investiga esses repasses, fato fartamente noticiado pela imprensa.

3. O subtítulo “Procuradores abrem investigação sobre empréstimo do banco ao governo da Venezuela” é mentiroso. Como já explicado nas diversas análises da capa anterior, “notícia de fato criminoso” só se transforma em investigação depois de aceita por um procurador sorteado para analisar a representação.

4. 4.842 palavras, ou 46% da reportagem, são sobre as transferências de recursos do Tesouro para o BNDES, objeto de vasta cobertura da imprensa, sem nenhuma informação adicional. Permite-se ao ridículo de afirmar que, ao chamar os senadores de Vossa Excelência”, o presidente do BNDES Luciano Coutinho pretendia “mostrar quem está acima de quem no poder político brasileiro”.

5. Mais 1.489 palavras, ou 14% do texto, um enorme nariz de cera cuja única informação concreta, é a representação – que nem investigação é – em cima de “notícia de fato criminoso”. A única novidade é que encontraram um segundo procurador para efetuar a dobradinha de endossar uma notícia equivalente a uma denúncia anônima. A parcela de ridículo é a relevante informação de que “dois anos depois, em junho de 2011, já fora do governo, Lula viajou para a Venezuela, num voo bancado pela Odebrecht” (assim, em negrito).

6. O restante do texto são os desmentidos do Instituto Lula

Não dá para analisar o teor da representação pela matéria de Época – já que a revista não tem o menor discernimento para tratar de temas técnicos. Mas causa surpresa que essa mesma falta de discernimento jornalístico acometa alguns jovens procuradores do MPF. São procuradores que não avaliam os efeitos dessas dobradinhas para a imagem da corporação.

Fernando Brito:

View Comments (22)

  • Imagine depois que Lula chamou Época e a Veja de lixo... Eles vão vir com artilharia mais pesada ainda. Sorte que Lula não se mixa pra essa gente, caso contrário não teria sido eleito duas vezes para presidente.

    • Veja e Época e Isto É também, como em breve se verá- Não estão mais interessadas em fazer jornalismo. Com inteira consciência, e provavelmente com fontes de recursos que não têm nada a ver com jornalismo, tornaram-se armas de destruição em massa. Destruição do Brasil, do nosso próprio país, que não é o país delas, já que são apátriidas, como o é o poder financeiro global.

      Observem como elas procuram atacar tudo o que cheira a nacionalismo, a brasilidade. Por isso atacam a Petrobras, e o BNDES, e o Banco do Brasil, e a Caixa Econômica, e copa do Mundo e Olimpíaadas e tudo o dê projeção internacional ao Brasil, e atacarão todo e qualquer projeto nacional, seja de hidrelétricas, seja de estradas e caminhos de ferro, trem bala, seja qualquer política de crescimento social, seja mais médicos, mais engenheiros ou mais doutores, sejam projetos de defesa nacional, submarinos nucleares, aviões de guerra de última geração, qualquer coisa que cheire a Brasil e a crescimento do Brasil será por elas impiedosamente atacadas. Por isso atacam também o fator humano nacional, o que há de melhor em nossos lideres, e atacam Lula e Dilma.

  • O que a Globo quer atingir são aqueles "midiotas" que apenas leem a manchete e já saem espalhando mentiras contra o governo ou o PT e com isso continuar alimentando o exército des zumbis verde-amarelos que fazem parte do "monstro" golpista. E das 10.415 palavras do texto o que o "midiota" vai guardar? A manchete. Simples assim. A Globo não dá ponto sem nó. E o pior disso tudo: as organizações Marinho continuam recebendo milhões de dinheiro do governo.

  • Qualquer coisa server para manter Governos Trabalhistas e Progressistas democraticamente eleito sob o fogo cerrado das acusações de corrupção. O 'Mar de Lama' é 99% ficção midiática e 1% realidade.

    Eles mantém o BRASIL sob a pressão constantes de acusações infundadas e o Governo, vilipendiado, aceita isso republicanemente, em defesa da liberdade de imprensa... É O FIM DO MUNDO !!!

    Em nome das liberdades democráticas, deve-se admitir a existência de um partido FASCISTA !?
    "O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES - O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS"

  • O problema destas sub revistas é que encontram sub procuradores em busca de seus quinze minutos de fama. Fica assim formada a dobradinha cafajestes c/ canalhas.

  • Gostaria que o governo federal oferecesse um blog (canal) a população para que cada individuo brasileiro, de boa vontade, oferecesse sugestões de melhoria de gestão dos programas Federais. Se houver tal canal (não conheço) poderia divulgar.

  • A Globo sabe que a Veja está falida e que vai desaparecer a qualquer momento. Como a Globo é boazinha, está dando uma pá de cal para a amiga Veja e para ocupar o seu lugar com a sua revistinha tosca. Simples assim....

  • Famiglia Marinho, uma organização criminosa que apoiou a Ditadura Militar e agora volta a apoias o golpismo tucano e udenista

    • Uma correção, conforme documentos recentemente tornados públicos nos arquivos da biblioteca do congresso americano, Roberto Marinho era o articulador civil brasileiro do golpe junto à CIA, que era de fato que planejava o golpe. Ou seja, dizer que apoiaram a ditadura é ser condescendente. Roberto Marinho foi um dos responsáveis pela ditadura. Os militares é quer o apoiaram.

  • A jogada é essa: mentira sobre mentira até que um procurador "sorteado" resolva dar curso à "investigação". O estarrecedor é não haver freio, nem pra mídia nem pro MP/Judiciário.

  • Os traidores da Pátria, agentes de inimigos externos ferozes, depois de tentarem a destruição da Petrobras agora querem acabar com o BNDES. Eis o que diz Santayanna:

    “Desinflando-se, paulatinamente, o balão da Petrobrás, os adversários do governo partem para nova e desesperada expedição de busca de pelo em cabeça de ovo e de chifre em cabeça de cavalo, apontando suas armas para outro símbolo emblemático do nacionalismo brasileiro, de fundamental importância para o desenvolvimento nacional.

    Depois de abortada a aprovação de uma primeira CPI sobre o BNDES no Senado, está em curso nova tentativa de se investigar a instituição. Pede-se que o Tribunal de Contas da União passe a pente fino o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, como se fiscalizá-lo já não fizesse parte das suas atribuições regulares; pretende-se mudar a lei para que empréstimos do BNDES em operações internacionais, tenham que ser aprovados previamente pelo Senado Federal, quando esse tipo de exigência ocorre em pouquíssimas nações do mundo, não apenas em razão da burocracia, mas também por questões estratégicas e de sigilo bancário e empresarial, já que equivale a tornar públicas negociações entre o Brasil e países clientes, desnudando-as aos olhos de nações concorrentes - e em alguns aspectos, até mesmo adversárias - que jamais aceitariam se comportar, nesse aspecto, da mesma forma; chama-se a todo momento, o Presidente do BNDES ao Congresso, para dar sempre as mesmas explicações; procura-se criminalizar o papel do Banco no fortalecimento de empresas de capital nacional no exterior, e no apoio à exportação de produtos e serviços pelo Brasil, quando isso é rotineira, ostensiva, e costumeiramente feito por instituições semelhantes de outras nações, o que trará como única consequência o enfraquecimento e a sabotagem da nossa capacidade de concorrência no mercado internacional."

    http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2015/05/10/quanto-vale-o-bndes/

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