Meu filho mais novo, do alto dos seus nove anos de idade – que aqui em casa são “dez”, porque função de pai é ajudar o filho a crescer – vai cumprir daqui a pouco, se o mesário não encrencar, o ritual democrático de escolher não apenas o Presidente, mas o futuro de seu país.
Como naquele distante 1989, ainda com a boa e segura cédula de papel, foi minha filha mais velha, hoje com 34 anos, que marcou o “X” no nome do Brizola em meu lugar, embora eu nunca tivesse votado para escolher um Presidente.
E, no voto difícil, resistente, das eleições que deram início ao reinado tucano, o voto foi do Bernardo. Hoje, com orgulho, sei que ele, lá em São Paulo, vai ajudar um dia a mudar, um dia, aquela terra de brasileiros de todos os lugares , a qual, para ser ainda mais imensa do que é, falta aprender o verso do Tom Jobim e entender que é impossível ser feliz sozinha.
É um pequeno rito, que muitos acharão tolo e desimportante, mas que a mim tem um significado vital.
Dou-me o direito, por ele , deixar de falar hoje não como blogueiro político, cheio de análises e avaliações, para ser o que hoje o que sou, você e todo brasileiro ou brasileira somos: senhor de sua vida e de 200 milhões de vidas.
E não há como enfrentar esta imensidão de vidas sem olhar para a a sua, pequenina, e perguntar, como Caetano faz em Cajuína (não adianta, Caetano, você não estraga o grande poeta que é): “existirmos, a que será que se destina?”
O que me faz feliz não é a vida tenho, porque ela já me deu muito, deu demais.
Deu-me a oportunidade de viver – e em alguns momentos perceber – o lugar e o tempo que não me pertencem, mas que devo ajudar a fazer melhor para eles, como eles para seus filhos e, antes, meus pais e meus avós para mim.
Lugar e tempo fazem o caldo humano onde navegam nossas pequenas existências.
Um mar onde se pode escolher dois horizontes: a pretensão ou o sonho.
Escolhi sempre o segundo, porque a primeira não se leva da jornada e o segundo segue eterno, em outras naves, em outras almas, em outros homens e mulheres.
Tecendo um fio que costura os tempos.
Ao qual chamamos História.
Que passa diante de nosso olhos e ao alcance dos dedos até de uma criança.
Viva o povo brasileiro!
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Arrepiante, parabéns!
Nunca estive tão emocionado numa eleição! Que o povo se mantenha lúcido e na paz!
Você diz que Caê é poeta. Não, você é que é poeta, é você que sensibiliza os nossos corações, daqueles que amam esta Pátria e este povo, que amam a Humanidade, os cidadãos dignos e bons de todo o Planeta. Vamos votar como você, com amor e confiança no futuro promissor deste ´Brasilzão, com cada vez menos desigualdade, cada vez mais Educação, Saúde, Saneamnto básico e bem estar para todos. Beijo no seu coração e de todos que se envolvem neste Blog maravilhoso, que cosntou da lista de blogs excelenetes que panfletei aos milhares, sobretudo junto aos jovens. Um domngo maravilhoso, apesar do frio.
Dilma 13!!!
VIVA!
A Globo, hoje, de plantão, com um Bonner todo prosa, às vezes, noutros momentos aparece de senho carregado, para informar notícias que poderiam prejudicar Dilma. Ainda bem que a audiência é pífia, e a grande maioria está na internet colhendo informações, interagindo e enviando informações também. Se a eleição for liquidada neste domingo, com a reeleição de Dilma, será uma cacetada na mídia recalcada e mentirosa. Se formos ainda a um 2º turno, saibam todos, a mídia comandada por uma Globo, que é conhecida por um "olho" míope, num combate que devemos ficar atentos. A Globo não obedece a Lei das Concessões públicas, dá uma de imparcial enquanto todos nós sabemos que não é. Vamos votar, então, como este texto nos indica.
po! Fernando, pegou pesado assim ue choro. Maravilha de texto, estou muito emocionado.
Ao término da crônica já estava, ao ler os comentários, fiquei com os olhos cheios de lágrimas! Estou emocionado, os nervos à flor da pele, os dedos 'coçando' para dar meu voto nisto que vocês registraram. Avante Brasil, avante povo brasileiro, este povo tão bem retratado pelos versos do Fernando. Um beijo no coração de todos!
Fernando Brito,
A sua luta eh a nossa luta. O seu sonho de um pais cidadão passa por nossas almas e vai traduzindo-se nos belos e certeiros textos que você produz.
Difícil conter a emoção e a ansiedade em momento tão importante. São os valores mais caros que estão em jogo. Eh a crença maior de pudermos, tal qual a lenda do beija-flor, fazermos a nossa parte e contribuir com as gotas da esperança para a construção de um projeto de pais maior que as forças mesquinhas possam arquitetar.
Eu acredito.
acabei de Votar,levei meu filho comigo, só que agora ele vota,assim como eu, seu voto foi por um País melhor para todos. Votamos Dilma, votamos PT, com a razão e com o coração.Viva o Povo rasileiro
É com você agora, DILMA. Tá lá sacramentado esperando anunciar a vitória no primeiro turno. Parabéns, Brasil! Você venceu!
Maravilhoso. Quem é poeta é você. Que emociona, arranca lágrimas como as minhas. Viva o Brasil de Lula, Dilma e viva o Brasil da inclusão de todos os brasileiros.
Brito, camaradas de luta,tomo emprestado ao Chico os versos:
"A História é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue
É um trem riscando trilhos
Abrindo novos espaços
Acenando muitos braços
Balançando nossos filhos"
Assim é que ela vai se escrevendo, o infindável "café com pão, café com pão, café com pão" desenhando os tempos, as vezes sombrios, a densa noite de chumbo a oprimir nossas vidas, as vezes o sol brilhante e o azul profundo destes céus de nossa América tropical, mas sempre as nossas mãos e pés, nosso andar, trabalhar, comer, respirar, viver, sonhar.
É sempre de nosso sangue, carne, tendões e ossos que se escreve a História. É sempre da materialidade de nossos corpos e da virtualidade de nossos sonhos, do que somos e do que queremos ser.
Hoje sinto o gosto doce de sonhar com um tempo em que sejamos grandes, tão grandes quanto tantos que já nos oprimiram. Hoje sinto o desejo imenso de que cumpramos nosso destino e ideal, que a esfuziante mistura de peles, culturas, falares, humanidade, que formou esse maravilhoso Povo, que floresça ante o mundo, que resgate a solidariedade e amizade no mundo, que sejamos o gigante gentil, o povo que não quer viver da carne e do sangue e da opressão das outras gentes.
É para isso que eu voto. É para que meus filhos, meus netos (se um dia a Felicidade mos der), meu vizinho e meu compatriota, meu irmão de qualquer canto deste nosso planeta azul possa ser feliz e viver em paz.
E porque não vejo sequer uma gota perdida disto nos demais candidatos, é por isso que votei Dilma.
Maravilha de comentário....
Só na alma da esquerda passam esses sentimentos fraternos e solidários, por um Brasil justo para todos, para que todos possam usufruir do bom.