A entrevista dada à Folha por Eliana Calmon, ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça e ex-corregedora nacional de Justiça – ou seja, a responsável por identificar e punir desvios de juízes – é de uma gravidade imensa.
Ela diz, com todas as letras, que a lava Jato “pegou o Executivo, o Legislativo e o poder econômico, preservando o Judiciário, para não enfraquecer esse Poder”.
Vindo de quem ocupou uma das mais altas posições na Magistratura, não se pode evitar o óbvio: então procuradores e juízes podem decidir “quem vai e quem não vai” para o pelourinho?
Opa, doutora, então devemos supor que juízes e promotores que receberam propina estão sendo poupados ou, ao menos, “deixados para depois”, uma espécie de sobremesa.
Em “penalês” isso se chama prevaricação. Crime.
A ex-ministra explica que “por uma questão estratégica, vão deixar para depois”, como se isso fosse jurídico. Não é, a “estratégia” a que ela se refere tem nome: política, o que é inadmissível que integrantes do sistema judicial, parajudicial e até o policial (que, na prática, está há tempos sob seu comando) façam.
Enfraquecer o Poder Executivo e o Legislativo para fortalecer o Judiciário?
Mas a doutora Calmon vai além. Confessa ela própria ter pactuado com vazamentos ilegais: “Como ministra, vi muitas vezes o vazamento de informações saindo da Polícia Federal e nada fiz contra a PF porque entendi qual foi o propósito”.
Doutora, a senhora leu o artigo 37 da Constituição? Diz lá que os poderes públicos obedecerão “aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. Não fala que obedecerão ao princípio da “conveniência” ou da “estratégia”.
As barbaridades, na entrevista, se sucedem. Ela fala numa “moda Moro” no meio judiciário, num acesso de sinceridade que revela a contaminação dos julgadores por uma “severidade” que pode ser vista, também, como a busca de condenações e, antes delas, a de notoriedade espetaculosa.
A entrevista é uma confissão, ainda mais para quem recebeu – na forma contabilizada – o mesmo que muitos outros tiveram, quando foi candidata ao Senado na chapa da “fadinha da floresta”, sob as bênçãos de Eduardo Campos, que não está com uma penca de inquéritos porque morreu.
A única atenuante que a doutora merece é a de que, logo na segunda pergunta da entrevista, ela diz que ficou surpresa com a presença de José Serra e Aloysio Nunes Ferreira na lista dos investigados. Por aí a gente já fica sabendo quem são os santos de seus altares e põe em dúvida a capacidade de Sua ex-Execlência de julgar o que quer que seja.
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Até uma criança de 5 anos a sabe das falcatruas do serra....
Para ver o nível da desembargadora aposentada
Tem político usando e propagando aos quatro cantos que pelo fato de não ser citado e não ter aparecido em lista é uma espécie de atestado de idoneidade.
Ora ora, todos são inocentes perante a lei até que se prove ao contrário.
Mas o fato de não aparecer nas ultimas lista e delação também não é atestado de nada.
de fato, nenhum será complemente inocente enquanto não se investigar todas as empresas e possíveis fontes de corrupção. Isso levará uns 100 anos
O judiciário tem salários escandalosos acima do teto, ilegal, imoral, inconstitucional.
Me lembro de ter lido sobre o assunto - salários de 80, 100, 120, 150, 180, 200 e até 300 mil reais por mês.
Se isso não é corrupção institucionalizada o que é então.
Claramente,dá NOME AOS BOIS.Mas os BOIS,estão misturados de tal forma,que não há como APARTA-LOS.Pois eu acho que nem precisa,pois todos já são GORDOS O SUFICIENTE,para compor a TROPA.Estão faltando, isso sim TROUPEIROS.
e o destino de boi gordo qual é? la pro sul é "asado".
A sra. CALMON acaba de atestar que nosso judiciário está podre, e não é de hoje. Agora entendemos por que o Moro, o Janot, o Gilmau e outros pintam e bordam (para não dizer outra coisa) em cima da nossa Constituição. Decididamente os "justiceiros" de um lado só apropriaram-se do poder. Pobre Brasil, não tem mais jeito.
Se ela tinha conhecimento em pleno exercia de suas funções como corregedora de atos ilícitos praticados por Magistrados, por que ela não tomou as providências cabíveis judiciais? Fica só nas palavras, no trololó. Prevaricação o nome disto.
Essa mulher FB, é uma farsante !!!
Quem bem a conhece são os baianos, arrogante, inexpressiva e de uma nulidade absoluta a frente do CNJ. O Jaques deveria se despir um pouco de sua naturalidade de buscar consensos inúteis e partir pra briga, ou deixar que fizessem os que assim podem.
Mas , assim como o Temer, confessou de público aquilo que todos sabem - como bem falou o Emílio - tudo está ai a mais de trinta anos e só agora a imprensa se indignou.
Aliás, quem vai abrir a CAIXA PRETA de nossa "imprensa " ???? A globo , sobretudo...
Esta ministra aposentado deixou bem claro como funciona o judiciario eles decide quem eles querem perante o publico brasileiro que ainda tem gente que acredita neles quem e salvador da patria
Se não me engano o discurso dessa mulher a uns dias atrás era de que se não houvesse delação do judiciário a delação ERA uma farsa, mas agora a FARSA ficou para depois... A verdade é que estamos na ponta das canetas de uma organização criminosa institucional.
É de lembrarmos o ataque brutal desferido contra o "Barbudo" no ano passado.
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Lula afirmou que, mesmo que com defeitos, falhas e desvios no sistema político, deputados, senadores, vereadores, etc, ainda são submetidos ao crivo popular a cada quatro anos. Ele quis dizer que o povo ainda tem o poder de revogar o mandato de um político sujo.
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Ao mesmo tempo, Lula fazia questionameentos sobre os meios de que dispõe o povo, de depurar as instâncias da Justiça e do Ministério Público, afastando os maus juízes e procuradores.
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Uma observação sem dúvida sagaz e inteligente. Mas, muita gente que odeia o "Barbudo" e não se dispõe, minimamente, a ouvir o que ele diz, e que se arvora entendida em tudo, desancou o Lula, enquanto santificava os juízes e os procuradores.
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Seria o caso, agora, de esfregarmos a declaração dessa juíza na cara dessa gente presunçosa, arrogante, petulante, insolente, para ver se eles resolvem botar a cachola para pensar e voltam a dar valor à democracia.