Fechadura de brinquedo na porta arrombada

Reza o folclore político que, quando um governante não quer fazer nada mas dar a impressão que fez, forma logo uma “comissão de alto nível”.

Como o Brasil se tornou um país sem governo, pronto, já temos uma “comissão de alto nível” para combater a pandemia que nos tirou, até agora, 300 mil mortes e deixou o sistema hospitalar nacional em um inferno onde faltam leitos, medicamentos e esperança.

A reunião de Jair Bolsonaro com os chefes do Legislativo, Judiciário e com alguns governadores é exatamente isso: uma fechadura de brinquedo colocada numa porta já completamente arrombada por uma doença que nos devasta.

Não haverá, nem pode haver com este presidente, uma política sanitária corajosa e eficaz, pela simples razão de que ele é o mesmo sujeito que durante um ano nos impediu de tê-la.

Teria havido uma revelação divina a Bolsonaro? Uma conversão súbita?

Claro que não e a defesa charlatã da cloroquina, a esta altura, é a prova de que o velho negacionista continua lá, agora sob a máscara facial.

Este Comitê de Crise extemporâneo não serve para ele de coisa alguma senão para tentar tirar o sangue e a culpa da face, agora mascarada, do presidente da República.

Tentar o que já é impossível, porque o bem se esvai da memória, mas o mal é indelével.

 

 

 

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