A decisão de permitir o registro de federações partidárias até o dia 31 de maio vai prorrogar, por mais 110 dias, a definição das alianças para a campanha presidencial.
Não creio, entretanto, que a mais adiantada delas – PT, PSB, PCdoB e PV – leve todo este tempo para ser concluída, até porque ela paralisa, em parte, a movimentação de Geraldo Alckmin, provável vice da chapa de Lula e favorece uma indefinição que se transforma em arestas internas e externas ao PT.
Entre elas, a aliança já de primeiro turno com o PSD de Gilberto Kassab, cada vez mais próxima e admitida.
No MDB, são tantas as divisões que é praticamente impossível que consigam fazer uniões internas, que dirá externas, embora Simone Tebet possa ser uma candidata conveniente para partidos que não queiram ter candidatura que os desgaste.
Com o PSDB, improvável, até porque João Doria é irremovível do lugar de candidato e tem a legitimação formal das prévias internas.
A estagnação de Moro também não dá cacife ao Podemos, ao contrário. E como casa em que falta o pão, todos brigam e ninguém tem razão, há entre os podemistas quem queira “empurrar” o ex-juiz para o União Brasil, para que os recursos do fundo eleitoral não sejam dissipados na campanha presidencial.
Mas no União Brasil, depois de um período de marchas e contramarchas, no qual Luciano Bivar ensaia querer o lugar de vice-presidência e ACM Neto bate o pé em não sujeitar sua campanha ao governo baiano ao desgaste da vinculação a Sergio Moro.
Quatro meses de pesquisas quase que totalmente estáveis vão minando as chances de um segundo pelotão de candidaturas – Moro, Ciro e Dória – vir a oferecer perigo a Bolsonaro e muito menos Lula. É possível que Simone Tebet, se o MDB lhe der as inserções partidárias na televisão, sim, tenha chances de se juntar a este grupo, o que não é ainda entrar no jogo sucessório.
Portanto, as chances de outras federações entrarem em pauta se limitam a pequenos partidos: o Cidadania com o PSDB, o que esbarra no desejo do senador Alessandro Vieira, que prefere Moro, por enquanto; e a Rede, na qual o senador Randolfe Rodrigues terá dificuldades em arrastar para um apoio a Lula, mas nem tanto em liberar o voto presidencial. O PSC tenta tratativas com João Doria, mas a bancada evangélica torce o nariz para isso.
O fato é que a prorrogação de 2 de abril para 31 de maio da data-limite para a formalização das federações, de modo geral, esfria a fervura das definições de alianças das campanhas presidenciais. E, portanto, deve estender também o tempo em que pouco ou nada muda.
E isso é uma grande vantagem para os que a lideram que, se pudessem, gostariam que as eleições fossem amanhã.