Fernando Henrique afunda no udenismo. 64 foi “posteriormente” autoritário

A vaidade de Fernando Henrique Cardoso retira-lhe, de forma crônica, a prudência de quem se dedica a política, mais ainda quando sua formação intelectual deveria ensinar-lhe que as superfícies da opinião pública, como o mar nas tempestades, agitam-se, fluem e refluem.

No seu artigo de ontem, FHC, tal como sentou-se na cadeira de Prefeito de São Paulo às vésperas de ser derrotado por Jânio Quadros, já convida a oposição (embora não deixe claro qual é seu conceito de oposição e se ela inclui Renan Calheiros e Eduardo Cunha, cabeças do controle conservador do Congresso, e lhes estenda um dedinho, ao dizer que o PMDB, “também tem propostas a serem consideradas”) a já preocupar-se com a “reconstrução” da política e da economia do país.

Mas não neste governo, deixa logo claro: antes, é preciso “passar o país” a limpo. Mesmo que seja evidente a hipocrisia ao dizer que “não há pressões institucionais para derrubar o governo e todos queremos manter a democracia”, ao colocar-se frontalmente contra qualquer diálogo com “o governo que não deve ser salvo”, mostra onde está a sua aposta.

Apresenta, então, “propostas institucionais” a adotar enquanto o governo se derrete: voto distrital – os cariocas mais antigos devem lembrar-se do tempo em que ele existia semioficialmente aqui, com a política da bica d’água de Chagas Freitas – entrega do pré-sal, uma “nota fiscal”  nacional e, pasmem, um tabelamento da propina, com a imposição de um “teto” de R$ 800 mil para que as empresas financiem campanhas.

Do ponto de vista prático, como quase tudo o que diz, o artigo de Fernando Henrique é um longo nada.

Mas tem algo muito interessante no conceito que, distraidamente, deixa escapar, como deixou, pouco antes de sua posse como presidente, em 1995, sair a frase sobre acabar com a Era Vargas.

Diz, ao analisar o “populismo” com aquelas luvas de borracha que seu nojo elitista faz calçar, que “em 1964, as ‘marchas das famílias pela liberdade’ aglutinaram as forças políticas aos militares contra o populismo presidencial e, posteriormente, se entregaram a práticas autoritárias.

Posteriormente, Doutor? Derrubar um presidente eleito com tropas não seria prática autoritária?

Ou seria democrático tomar o poder e baixar Atos Institucionais a seguir, proclamando a ditadura “branda”, como se expressa no preâmbulo do primeiro deles?

” Para demonstrar que não pretendemos radicalizar o processo revolucionário, decidimos manter a Constituição de 1946, limitando-nos a modificá-la, apenas, na parte relativa aos poderes do Presidente da República, a fim de que este possa cumprir a missão de restaurar no Brasil a ordem econômica e financeira e tomar as urgentes medidas destinadas a drenar o bolsão comunista, cuja purulência já se havia infiltrado não só na cúpula do governo como nas suas dependências administrativas. Para reduzir ainda mais os plenos poderes de que se acha investida a revolução vitoriosa, resolvemos, igualmente, manter o Congresso Nacional, com as reservas relativas aos seus poderes, constantes do presente Ato Institucional”.

O PSDB, como a UDN, não mais chega ao poder pela democracia.

É por isso que FHC aceita intimidades com os fantasmas de 64, com os quais faz hoje causa comum.

Fernando Brito:

View Comments (36)

  • Em 1964 a asquerosa criatura se mudou do Brasil para passear de Mercedes Benz azul no Chile.
    Depois foi fazer um curso de entreguismo nos EUA.
    Hoje é o cornorei engordurado dos coxinhas de sampa e adjacências.

    • O pai do cara que não foi! A múmia sociológica do Brasil. Todo mundo precisa ter noção do ridículo. Esse FHC não tem. Pobre diabo.

  • Aquela frase já se tornou um bordão em tempos obscuros: É a economia, estúpido!. Mas, temos que trocar a posição das palavras em se tratando de FHC: É o estúpido, economia!

  • O que cérebros de melhor boa vontade,apenas isto,sem apelar por mais lúcidos e outros auto-elogios,tem a dizer,de um LADRÃO DE TESES ALHEIAS?Restam os outros cérebros!

  • Veja isto Fernando...

    Em um artigo que este senhor escreveu no jornal O Tempo, com o sugestivo nome de "O fundo da imoralidade", ele termina assim:
    "No Brasil, a corrupção existiu e persistirá como expressão e conduta das elites políticas deste país.
    Como escreveu Dante Alighieri no primeiro momento da “Divina Comédia”: “No meio do caminho de minha vida, me encontrei numa selva escura (lamentando) que a via certa eu havia perdido”. Ele se queixava no século XIII da imoralidade das elites em Florença; chegasse hoje aqui, certamente acrescentaria alguns quintos ao inferno para abrigar as elites políticas brasileiras, cuja impunidade começa agora a ser testada."(Vittorio Medioli)
    Acho que ele se esqueceu de falar das elites empresariais...

    http://www.brasil247.com/pt/247/minas247/175780/Ex-deputado-tucano-dono-de-jornais-%C3%A9-condenado-%C3%A0-pris%C3%A3o.htm

  • Bom, FFHH, muito me lembra o modo tucano de operar, digo, governar. Um entreguista.
    Lula cometeu um erro, não abrir a caixa preta. Medrou. Foi "pragmático". Sobrou mensalão e outras "cositas mas". Uma continuidade delitiva.
    O PSDB, via PIG, parece ter "rompido" o acordo de cavaleiros entre eles.
    Ora, Pimentel está escaldado. Vai bombardear o modo tucano de operar, digo, governar, em Minas Gerais. Sem dossiês, mas no processo democrático de cobrar as lambanças em Juízo. Aprendeu com os erros do PT Federal.
    O PIG de MG não daria trégua ao Governo do PT, já que é o braço "jihadista" do PSDB. Então, Pimentel, pinte-se e vá à "guerra" democrática. Da polêmica e da cobrança em Juízo dos prejuízos.
    Com Aécio nas cordas, Richa com baixa popularidade - tão pequena quanto a do Governo Federal - e aplicando "choques de gestão" no PR, e Alckmin com greves na porteira, falar em rompimento democrático não interessa a esses próceres do PSDB. Não há motivos para o PSDB sorrir no dia 12.
    Então senhores, o dia 12 começa hoje. Atacar, dentro das regras legais, é a melhor defesa. Um pouco do veneno do UDNismo neles é perfeitamente cabível. E o post abaixo pode resumir isso, e vale uma análise mais acurada.
    http://www.brasil247.com/pt/247/minas247/175965/Pimentel-abre-caixa-preta-do-'choque-de-gest%C3%A3o'.htm

    • Concordo plenamente com você Luciano Mendonça."Um pouco do veneno do UDNismo neles é perfeitamente cabível."

  • Seria o caso do finado FHC explicar se ele foi anteriormente corrupto ou posteriormente corrupto à época das privatarias tucanas?

    • Perfeito Luiz.

      Também poder-se-ia perguntar à velha múmia entreguista se ele já era corrupto antes de comprar a emenda da reeleição por duzentas milhas cada voto, ou se virou depois!

    • Pau que nasce torto não tem jeito morre torto. Esse velho gagá envergonha os bons brasileiros.

  • FHC falando em bolsão comunista parece ser um homem que morreu e por isso não se vê mais naquele passado nem tão distante, em que ele e seus amigos tiveram que se asilar no Chile por serem considerados subversivos comunistas, como todos que se aqui ficassem teriam um destino cruel.
    Infelizmente FHC desceu o mais raso do chão nesses últimos tempos, porque tomou pra si a derrota de Aécio. Não entender que foi pela democracia que chegamos a uma disputa apertada, e não o contrário. E é essa democracia que merece dele, principalmente, todo respeito.

  • Ora, meu caro Fernando Brito, este senil sempre foi quadro da CIA.

    E, como todo agente da Cia, é uma figura sinistra e cínica!!!

  • Escuta, e o destino daqueles 90 bi da privataria, disto ele não vai falar não? FHC é a coisa mais asquerosa que existe na política brasileira. Seu partido não poderia ser diferente.

    • O FHC é um entreguista. Cínico. A vaidade o leva a escrever essas aberrações que no fundo ele compartilha. É um eletista, e sempre foi. Curte a casa grande e senzala, afinal ele tem um pé na cozinha.

  • Sujeito canalha. Entreguista fdp. Traidor da Pátria. Dedo duro no "exílio"chileno.

    • Alguém tem que se prestar a esse sórdido papel de líder da matilha, farejando e indicando onde está a presa para os caçadores se deleitarem.

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