A história e a biografia de Fidel Castro você lerá hoje e por muitos anos.
Pretensioso procurar resumir aqui 70 anos de lutas políticas e quase 60 em que foi um dos nomes mais amados e mais temidos do mundo.
Fico nas modéstia das chinelas de um sujeito que veio ao mundo nos dias em que ele se preparava pera entrar em Havana, na virada do agora distante 1958 para 1959.
Tinha a barba e a idade de um Cristo, mas era ele quem triunfava sobre Roma, numa pequena ilha.
Quando eu crescia, seu nome era maldito.
Maldito e suspeito até usar barba, como a dele, embora barbas fartas nos venham desde Tiradentes, D. Pedro II e Machado de Assis.
Era preciso banir até a imagem do homem que empolgara os jovens do mundo inteiro, com sua impossível vitória na Revolução, à frente de uns guris, barbados também.
Mas nunca o conseguiram, porque o milagre que ele operava, sobrevivendo e transformando uma ilha, que era antes apenas bordel e cassino dos EUA, num milagre de educação e saúde para todos, se sobrepunha às narrativas do paredón e da “tirania castrista”.
Não fazia sentido que aquela pequena nação triunfasse tanto nos esportes, com seus negros sadios e luzidios ganhando as medalhas que a nós só raramente cabiam.
Não fazia sentido que as crianças não morressem no berço ou perambulassem pelas ruas, como aqui.
Menos ainda era compreensível que o país arrasado e falido pudesse mandar à África as divisões que impediam que o moderníssimo exército da África do Sul invadisse Angola.
Sobretudo, não tinha a menor lógica que, a escassas 90 milhas da Flórida, um microscópico país confrontasse os próprios Estados Unidos.
Quando a União Soviética, de quem se dizia que Cuba era assim por ser seu simples satélite, desmilinguiu-se e desmoronou, o fim de Fidel era questão de dias.
Cortada a ponte que restava ao feroz embargo americano, como aqueles desgraçados sobreviveriam?
Não é preciso dizer o que aconteceu: com escassez, racionamento, êxodos, resistiram e não fizeram “o dever de casa” da recolonização.
E o que resta dizer aos tolos que ainda preferem o preconceito aos olhos, o ódio ao diálogo, a morte à vida?
Que o comunismo cubano continua a tentar nos invadir, com seus médicos e estetoscópios que vão aonde parte dos médicos brasileiros não quer ir?
Na morte, o que fica não são seus erros, nem seus heroísmos. Fica a resistência, a sobrevivência teimosa, que centenas de atentados, complôs, conspirações puseram abaixo, não conseguiram fazer algo que o próprio tempo gastou 90 anos para conseguir.
Fidel parte deixando aos filhos o que se deve aos filhos deixar: saúde, educação e princípios.
Nada pode descrever melhor a ligação entre um homem e seu sonho que seu próprio nome: Fidel, fiel.
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Assim que soube da notícia esperava por seu texto. "Fidel parte deixando aos filhos o que se deve aos filhos deixar: saúde, educação e princípios." Foi nesta frase que me chegaram as lágrimas.
Para medir o tamanho do feito de Fidel, vasta olharmos para o Haiti e o próprio Brasil.
Certamente coxinhas virão aqui postar o seu ódio ao "comunista" Fidel. Ódio propagado pelos EUA desde a enfadonha derrota na Baía dos Porcos. Fidel foi um herói resistente durante toda a sua vida, pois nunca engoliu o imperialismo americano. Coxinhas, como só conhecem qualquer coisa aprendendo com a Globo, nunca ouviram falar de Fulgêncio Batista, uma espécie de FHC cubano, que "vendeu" a ilha de Cuba ao Tio Sam, sendo transformada no maior bordel do mundo. Fidel é um mito, símbolo da resistência, que sempre se negou aa transformar seu país a um mero quintal dos EUA. O mundo precisa de mais "fideis" e mais "guevaras". A Venezuela, hoje, é o retrato de Fidel, pois se nega a entregar suas riquezas (petróleo) às multinacionais. E sofre embargos e ataques midiáticos para que se renda ao capital estrangeiro. Mas, à exemplo de Cuba, eles resistem. E no Brasil? Aqui vamos entregar o pré-sal para os gringos e não moveremos um dedo para impedir essa desgraça. Por que? Por que a maioria do nosso povo foi enganada com a propaganda perniciosa de uma mídia sem um mínimo de comprometimento com o país. Por isso eles bradam "comunistas" pelos quatro cantos do país. Nem sabem a diferença entre comunista e socialista. Mas se ser "comunista" é defender os interesses do nosso povo e do Brasil como nação independente e não como colônia de superpotências, então eu sou, com certeza, UM COMUNISTA.
Vá em paz, Grande Comandante. Você cumpriu sua missão. E ódio nenhum vai apagar a marca indelével que você cravou na história. No futuro será reconhecido como símbola da resistência a favor do seu povo e do resto do mundo. À exemplo de Ghandi você resistiu às garras do imperialismo capitalista e selvagem.
Fidel e os outros revolucionários fizeram o que deu pra fazer e o que deveria ser feito. Vejam o que houve aqui no Brasil: por via eleitoral, Lula e Dilma foram eleitos e, na medida do que o sistema permitiu, trouxeram melhoria de vida para os mais pobres e tentaram incentivar o progresso e a soberania nacionais. Mas o "republicanismo" acabou permitindo que os entreguistas e corruptos usassem a mídia para que o próprio povo ajudasse a trazer os sanguessugas e entreguistas de volta ao poder. Falta de democracia por falta de democracia, é melhor ficar com aquele que fez o melhor pela maioria e defendeu os interesses de sua nação.
Brito, Obrigada por saber expressar tão bem o sentimento e a admiração que muitos de nós sempre devotamos ao Grande Fidel!
Hasta la victoria siempre!
E o interino golpista limitou-se a dizer sobre Fidel Castro: "Foi um líder em suas convicções". Uma frase tão pequena quanto ele. Pior é não ter liderança e muito menos convicções. Esperar o que de pessoas pequenas?
O povo cubano odeia o regime cubano? Veja o 1° de maio em Cuba e tire sua conclusões.
http://brasilmobilizado.blogspot.com.br/2011/05/videos-do-primeiro-de-maio-em-cuba.html?m=1
uma besta sanguinária e assassina a menos na face da terra e uma companhia a mais para a turma do inferno, tipo Golbery, Ultra, Médice, etc
Somente uma mente minúscula pode colocar Fidel Castro ao lado de gente como Golbery, Ustra e Médici.
"Hay hombres que luchan un día y son buenos.
Hay otros que luchan un año y son mejores.
Hay quienes luchan muchos años, y son muy buenos.
Pero hay los que luchan toda la vida, esos son los imprescindibles."
[Bertolt Brecht]
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Fidel era um dos imprescindíveis de Brecht.