Folha diz que Dilma “não confia” no mercado como regulador de preços. E devia?

A Folha de S.Paulo publica hoje uma matéria dizendo que a presidenta Dilma Roussff  “desconfia” do mercado como “regulador de preços”.

Como vocês sabem, duvidar da “santidade” do Mercado, no Brasil da mídia, é mais digno de fogueira que duvidar de Deus.

O Governo, eleito pela população, não deve ter o poder de interferir nas relações econômicas, que deve ser deixado absolutamente livre em sua civilizadíssima “lei da selva”.

Ao Governo, claro, só corresponde responder à população pelo nível que os preços, formados “livremente” no mercado. O resultado é que temos um país onde as margens de lucro são das mais altas do mundo.

Obvio que não se pretende a ideia de que o Governo vá ficar marcando preços em tudo, de balas de hortelã a  sapatos.

Mas nos serviços públicos concedidos, como energia, transportes, água, telefonia a Presidenta deveria deixar correr soltos?

O Brasil recorda muito bem o que significou política tarifária dos neoliberais de FHC. Nunca antes na história deste país a população pagou tão caro por serviços tão ruins.

 

Ninguém reclamava da regulação de preços, no governo FHC, quando ela era usada para que os preços administrados subissem vertiginosamente.

Afinal, não é o que os “investidores” querem?

Por trás do discurso da “liberdade de mercado”  está a volta do tarifaços.

Ou, na linguagem aecista, as “medidas impopulares”.

Os adoradores do mercado são, como se sabe, gente que não gosta de dinheiro a rodo.

Fernando Brito:

View Comments (19)

  • Quer dizer que a folha deseja que a presidenta Dilma volte ao século XIX, para adotar o princípio liberal da época que acreditava na "mão invisível" do mercado para regular a economia e a política? São esses os arautos da mudança.

  • Não é só a presidenta Dilma que, mui lucidamente, "desconfia" do suposto "poder regulador" da ditadura do mercado. Segundo o explosivo e revelador livro de Thomas Piketty cerca de 80% da humanidade também não acredita no tal "mercado". A não ser como provocador de desigualdade, concentração de renda, desemprego, baixos salários e desgraças de um modo geral para 99% da humanidade. Capitalismo é roubo, puro e simples, de uma minoria que comanda o mundo através de fraudes e de violência institucionalizada.

    • Você acertou em cheio! Paoliello, o capitalismo é só um eufemismo para roubo puro e simples, o problema é que esse roubo é muitas vezes institucionalizado, legalizado transformado em uma vaca sagrada na qual qualquer contestatação à sua santidade é considerada uma heresia e pecado mortal.

  • Como transporte público é concessão pública, nada mais certo do que a regulação pública para impedir explosão de preços das passagens. Os donos das concessões nessa área nem reclamam, pois já lucram bastante. O PiG quer ser mais realista do que o rei. Diz logo, Folha, que você é à favor do aumento dos preços das passagens, talvez até querendo preparar os ânimos da população para a aceitação das "medidas impopulares" do Aécio Neves. Mas elas não virão. Dilma 2014.

  • O que da nojo,é ouvir os tais economistas de outrora,ter a cara de pau,de falar mal do atual governo,são os mesmo,que afundaram o PAÍS em recessões contínuas,pacotes,desempregos,inflação altas,o FHC,devia ter vergonha até de ouvir a própria voz,pois só sai porcarias.

  • Qua! Qua! Fecha o bolso rapaziada! Esconde o cofrinho! Sai pra la tubarao! Aumenta o IRRF deles Presidenta! Que! Que! Que!

  • Vide o "CASO SABESP" que "MARAVILHA", virou um "BALCÃO DE NEGOCIATAS" , a água virou MERCADORIA e o resultado e este que estamos vendo 100% DESASTROSO. Só os acionista está sorrindo de "Orelha a Orelha"

  • 500 anos de exploração econômica, com abuso da escravatura, colonialismo , e especulação financeira dão toda razão para desconfiar do poder controlador do sr. mercado.

  • A Lei do "Deus Mercado"...CONTABILIZAR OS LUCROS E SOCIABILIZAR OS PREJUISOS !!

  • CF do Brasil:
    Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

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