A Folha de São Paulo publicou editorial neste domingo, em que faz algumas considerações bem esnobes sobre as redes sociais. Por outro lado, o texto tem a importância de nos alertar para uma verdade algo triste e bastante perigosa: a suposta ausência de hábito, pela juventude, de ler jornais, ao ser substituída pelas redes, não significa o fim da influências da mesma mídia corporativa. Os jovens compartilham e comentam informações que, na maioria, tem como fontes primárias notícias da grande imprensa.
Por isso é tão importante que haja um esforço, por parte da sociedade brasileira, de incentivar o surgimento de mais centro de produção de conteúdo. Para isso, porém, será preciso cortar o tronco cuja sombra impede outras plantas de crescerem. O gigantismo de alguns grupos, notadamente a Globo, torna a concorrência extremamente difícil. Não tanto junto aos leitores, mas principalmente junto ao mercado de publicidade, escravizado alegremente pelos adiantamentos que a Globo lhes oferece como “bônus de volume”.
O editorial da Folha também menciona uma suposta concorrência entre grupos de mídia e empresas de internet. É a chamada grande guerra da mídia. O jornal faz um lobby não muito sutil para que o governo socorra os grupos de mídia nessa batalha de vida ou morte. A própria presidenta da República, em entrevista recente à Mônica Bergamo, menciona essa disputa.
Vai ser a maior ironia da história ver nossa mídia, que sempre foi antibrasileira, se tornar nacionalista repentinamente.
Espero que o governo não ofereça nenhuma colher de chá para mídia “impressa”. Se a mídia corporativa está em crise, que venda seus imóveis, se organize, levante dinheiro sozinha. O Brasil já foi tolerante demais com essa mídia que estuprou a democracia e continua manipulando descaradamente a informação.
Eu achei o editorial esnobe porque ele omite que, mesmo admitindo que a mídia corporativa continua hegemônica, o outro lado da lua também começa a receber alguma luz do sol. A mídia alternativa, em termos de público e qualificação, vem crescendo substancialmente, e já tem bastante conteúdo próprio. E as redes, por sua vez, também vem produzindo muito material primário.
FOLHA
Editorial: Mitos das redes sociais
Ninguém duvida da imensa utilidade das redes sociais como ferramenta profissional e recreativa. Organizam um gigantesco contingente de usuários conforme suas afinidades e facilitam toda forma de comunicação interpessoal. Tornam a vida mais prática.
Mais controvertidas são suas dimensões política e midiática.
À primeira vista um enorme fórum de livre debate, as redes são formadas por células que mais reiteram as próprias certezas e hábitos do que os submetem a discussão. Esta, quando ocorre, adquire tons de estéril guerrilha verbal.
Às vezes se formam consensos formidáveis e legítima mobilização, como visto em junho passado, mas que tendem a ser passageiros, além de superficiais. Talvez pela natureza fluida do veículo em que se expressam, falta-lhes organicidade e duração.
Tampouco cabe dúvida de que o jornalismo amador ou militante, impulsionado pela internet, ajuda a suplementar o sistema de informação como um todo. Nem por isso está isento de críticas.
Embora faça a apologia da veracidade, essa forma de jornalismo se mostra ainda mais sujeita a falhas do que as já frequentes no jornalismo profissional. Informações se divulgam sem comprovação, quase sempre embaladas nas estridentes convicções, autênticas mas parciais, de seu emitente.
Os usuários sabem disso, e seu comportamento sugere que as redes são antes uma ampla câmara de ressonância da própria mídia.
Levantamento publicado pela Folha mostrou que mais de 80% do conteúdo informativo tramitado pelo Twitter, por exemplo, relativo às jornadas de junho passado, era produzido pelo jornalismo profissional da imprensa e da TV.
Para os conglomerados empresariais que exploram as redes, política ou jornalismo são facetas secundárias do negócio.
Daí a desfaçatez com que “posts” noticiosos são censurados, como ocorreu duas vezes, somente na semana passada, com inserções desta Folha no Facebook. Daí a docilidade dessas empresas –todas norte-americanas– em face das exigências paranoides de seu governo à custa da privacidade dos usuários mundo afora.
É honesto reconhecer um aspecto corporativo nestas críticas, pois as redes sociais e os buscadores de notícias se beneficiam comercialmente da audiência gerada por produtos jornalísticos que não criaram nem custearam.
Este é apenas um dos problemas a serem enfrentados pela legislação relativa ao Marco Civil da Internet, que a Câmara dos Deputados deve votar em agosto.
Admitir esse aspecto de interesse próprio, porém, não impede este jornal de contribuir para a crítica que as redes sociais, com todo o seu valor comunicativo e utilitário,
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eu quero que o PIG se exploda e no lugar suja o Grupo esquerda de Comunicações!!!...quanto a Dilma, logo apos as eleições que deram a vitoria a ela o PIG estava beijando a lona, ela estendeu a mão para eles...se estender a mão para esses golpistas mais uma fez e com ajuda financeira...ai fica complicado fazer campanha para sua reeleição!!!
"Eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz"- Raul Seixas.
o título não é esnobe, é esquizofrênico mesmo...a não ser que o alerta do Snowden sobre o fim da internet seja verdadeiro e iminente.