A Folha anuncia que não publicará mais no Facebook, em função das manipulações que o algoritmo de direcionamento do Facebook está fazendo, privilegiando – diz a empresa – os conteúdos de relacionamento sobre os de jornalismo. É, a rigor, o que já se tinha dito aqui, alguns dias atrás.
O jornal evoca uma série de razões “nobres” para se justificar, como o fato de que o direcionamento “reforça a tendência do usuário a consumir cada vez mais conteúdo com o qual tem afinidade, favorecendo a criação de bolhas de opiniões e convicções, e a propagação das “fake news”e que”não há garantia de que o leitor que recebe o link com determinada acusação ou ponto de vista terá acesso também a uma posição contraditória a essa”.
Meia verdade, ou menos que meia.
O problema é o que aqui se disse claramente: o Facebook veicula conteúdo alheio sem que isso gere receita – ou possa gerar – para quem o produz. Ao contrário do Google, que direciona para páginas via seu mecanismo de busca mas oferece – ainda que em condições leoninas, por uma pequena fração do que se paga em publicidade na mídia convencional – a partilha de seus ganhos com publicidade, o Facebook ganha sozinho.
A questão da reprodução de conteúdo alheio é sempre muito relativa. Os jornalistas mais antigos, antes do “copia e cola” eletrônico, sempre tiveram o que chamávamos, naquele tempo, de “gillete press“. Sempre houve a questão do “publicou, é público”, como a da xerox de livros na universidade desesperava as editoras.
O problema não é esse, porque sobrevivemos por décadas a estas formas de circulação não-paga de conteúdos, desde que pontual ou inserida em um contexto de informações ou análises próprias, como é razoável, desde que indicada a fonte (e o Facebook, no caso dos links, não deixa de fazê-lo).
A questão é que numa sociedade superalimentada de informação – verdade que grande parte junk food – e na qual jamais se gastou tanto com propaganda, a receita de quem faz jornalismo caiu muito.
Caiu no caso dos jornais impressos – leia detalhes aqui – perto de 150 mil exemplares só no ano passado (e 520 mil em 3 anos), enquanto o número de assinantes digitais cresceu apenas 32 mil. Até agora, a “solução” da mídia foi instalar os “paywall”, que proíbem (em tese) o acesso às notícias que publicam.
Mesmo para sites menores, ou blogs como este, a perda de receita é sensível e as contribuições dos leitores – claro que aqui de forma voluntária e sem acesso privilegiado, pois a ideia é ser lido, receber por isso é mera consequência – passaram a representar uma parcela quase igual aos ganhos com publicidade, que caíram.
Não é preciso dizer que a Folha se mete em uma batalha inglória. Até porque o que a atemoriza no Facebook não é a informação qualificada ou mesmo a crítica ao que publicam, mas a imensa receita que geram ele e outras “redes sociais” de celebridades, subcelebridades e pirilampos do “causar” que sempre promoveram.
Porque é batalha perdida aquela onde a gente se contradiz com aquela “liberdade de concorrer ampla, geral e irrestrita” que nega quando mexe no seu bolso. Quem enxergar nisso algo parecido com o Uber, basta pensar: “o que eu tenho a ver com a sobrevivência do motorista e com o custo do carro que me leva?”. Pois é, pimenta nos olhos dos outros é refresco.
E nós aqui, dos “blogs sujos”, que eles diziam vivermos à custa da publicidade do governo do PT (que aqui jamais se recebeu, enquanto eles receberam, e muita), sobrevivemos, mambembes, mas comprometidos com idéias que expomos claramente e com leitores que se identificam e apoiam ou polemizam livremente com o que se escreve.
Com acesso aberto, sujeitos a processos (como é que você acha que a maioria dos juízes julgaria o que é dito pelo Tijolaço ou pelo O Globo, ainda que fosse o mesmo?) e ouvindo os desaforos da matilha insana que a mídia despertou nesse país, vamos em frente, estendendo o chapéu sem vergar a coluna.
Com compromissos que não se vê na capa dos três maiores jornais de hoje, que simplesmente exibem, sem uma palavra crítica, mas com evidente sentido de explorar a morbidez pública, os pobres sendo humilhados em operações militares em fotografias que caberiam como obras de Debret ou Rugendas no Brasil da escravidão.
Agora são simples “memes”, reprodução já pouco envergonhada dos jornais que “saem sangue” exibindo cadáveres.
Este tipo de jornalismo – vazio de ideias e cheio de truques e sempre a serviço do dinheiro e da elite -produziu essa selvageria social e vocês foram os primeiros a aplaudir a transformação do conteúdo informativo ou polêmico em espetáculo.
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A IA está mesmo ficando um problema para a IB.... rsrsrsrsrs
A ficha falsa da Dilma, recordam? Como um jornal que levou adiante esta história pode reclamar de "fake news"? No final, comprovada a farsa, a falha de são paulo ainda saiu-se com um estúpido "não se pode comprovar que é verdadeira, mas nem que é falsa". Conteúdo destes jornais publicado no meio digitial não cumprem a principal finalidade do jornal impresso: forrar o chão para os cães se aliviarem durante a noite.
Mas os jornais impressos não irão acabar: sempre haverá pessoas sempre precisarão deles para forrar o chão.
Ou embrulhar bananas como o casal noro e mulher lavajato q cuspido pela midia se revoltou com o tratamento recebido depois de tantos serviços prestados..
Eles curtiram muito a adulação da mídia, não foi? Os barões sabem quem é vaidoso, fraco, facilmente manipulável e tem esqueletos no armário.
Carlos, concordo com você e afirmo, credibilidade é como virgindade, peerde-se uma vez só... A credibilidade da Folha se foi, perdeu-se... Ela sempre venderá alguns exemplares, mas não será o que foi, porque o que foi, já se foi...
EXCELENTE !!!
ASSINO EMBAIXO !!!
FERNANDO BRITO, você é bom demais, cara.
O melhor. Mesmo.
Essa transformação para pior do jornalismo nacional não é de hoje, nem começou com a internet. Só foi piorando aos poucos desde os anos 1980. Ao final de 1979, ao findar a terrível greve geral dos jornalistas, a situação já era complicada. As condições de trabalho começavam a se deteriorar. A televisão, diziam os experts e consultores a serviço dos patrões, não permitia mais que se publicasse grandes textos, era preciso "oferecer ao público aquilo que ele queria", ou seja, lixo cada vez mais espetacular, mórbido, limitado, pobre em linguagem e conteúdo. As matérias encolheram, os repórteres especiais e mesmo aqueles do dia a dia perderam espaço, salário e empregos. Foi-se copiando e reproduzindo apenas as besteiras do telenoticiário (só teatro amador para enganar otários, salvas as raríssimas exceções de sempre). E aqui chegamos. A internet e as redes sociais já vieram encontrar as redações mambembes, mal equipadas, uma categoria profissional degradada e avessa aos princípios mais básicos da ética jornalística. Os poucos bons jornalistas ou desistem logo ou vão se adaptando, a duras penas. Em breve, restarão apenas os memes para copiar e colar.
Deixei de assinar a folha em 2001. De vez em quando, e põe de vez nisso, dou uma olhada em algum consultório ou salão de cabelo. Já tinha muitas críticas quando lia, mas hoje tenho dó de quem consome isto e de quem escreve lá. Com relação aos donos, só espero que um dia paguem por isso!
Mas quando a materia da Folha convém, é rapidamente "linkado" para este "brog" ...
Tua mãe forra o chão para você se aliviar durante a noite com jornal. Um homem que esteve na sua casa noite destas revelou. Ele precisou esperar até que ela forrasse a área de serviço pra você antes de "pegar no batente".
Capiau Venha Chupar Meu Pau
Apareceu vagabunda ?
Você sempre querendo ser engraçadinha, né ?
Mas seu senso de humor é uma verdadeira MERDA !
Sua candidata, a Bolsonara se fodeu?
Tá tristinha vagabunda ?
Começou o troca-troca ?
Vão dar muito CU neste carnaval ?
Sua mãe tá boa ? E sua mulher ?
Eu sou sua sarna , cadelinha.
Cê tá fodida.
Libélula !
Capiau Venha Chupar Meu Pau
Apareceu vagabunda ?
Você sempre querendo ser engraçadinha, né ?
Mas seu senso de humor é uma verdadeira MERDA !
Sua candidata, a Bolsonara se fodeu?
Tá tristinha vagabunda ?
Começou o troca-troca ?
Vão dar muito CU neste carnaval ?
Sua mãe tá boa ? E sua mulher ?
Eu sou sua sarna , cadelinha.
Cê tá fodida.
Libélula !
Jumentinha !
Meme da doía.....kkkkkk
Brito, você deveria ser nomeado IMORTAL pela associação brasileira dos jornalistas. Você é
F * D A .
Quanto aos jornais impressos, eu não os trocaria pela leitura digital. Nada como um jornal de papel nas mãos para ler. Quantoa lêem livros digitais? Nada substitui um bom livro impresso. E o público só não lê mais jornais porque o conteúdo destes é sofrível. É um investimento (?) caro, pelo conteúdo que apresentam.
Quando recebo notificações desses jornalecos, dou um "não me interessa notícias deste jornal". Dane-se a Felha, O Groubo, O Estadinho e revistas apócrifas (sim, para mim são apócrifas).