Fraqueza da oposição é o combustível do golpismo

No mesmo dia em que noticia que os candidatos da oposição, somados, mal conseguem alcançar 60% das intenções de voto de Dilma Rousseff (e teriam de igualar essa marca, para haver segundo turno), a Folha noticia a arruaça em São Paulo como “Segundo Grande Ato Contra a Copa”.

Assim mesmo, com as iniciais em maiúsculas.

É obvio que a garotada de classe média que estava lá não é o eleitorado de Aécio Neves ou de Eduardo Campos.

Mas são os bonequinhos da mídia para um processo de desestabilização que, mesmo desmoralizado perante a população, continua servindo de cenário para mostrar – citando outra “vinheta da Folha –  um “país em protesto”.

Um país de 150, 200, trezentos ou, quando muito,  mil “protestantes”.

Claro que não tenho ódio ou horror àquela molecada.

Já fui “riponga” e, mesmo velho, não há um de nós que não tenha tido uma filha de cabelos roxos ou um filho de prego espetado na orelha, e os amasse.

Mesmo enchendo o saco deles dizendo que aquilo era tolice, aceitando que os cabelos e as orelhas eram deles.

Mas não é ocaso de uma rebeldia de expressão, equívoca ou não, que diga respeito apenas a um indivíduos.

Pessoalmente, não tenho nada contra – muito pelo contrário – em andar na contramão (tanto que ando até hoje), mas politicamente não posso deixar de ver que eles, hoje, são a maior fonte d´água do moinho da direita.

Direita que anda numa seca maior que a da Cantareira.

Pode-se não gostar ou aprovar a ideia de fazer a Copa aqui – embora há cinco ou seis anos, todos delirassem com a ideia –  e se pode dizer isso, porque finalmente temos uma democracia.

Mas é esse o problema do Brasil?

Mesmo o Black Bloc mais cerebralmente desoxigenado não há de concordar com isso.

As sete ou oito Copas que nos roubam, todo ano, com os juros a que obrigam o Estado brasileiro, jamais mereceram uma faixa.

A submissão, do Brasil e do mundo subdesenvolvido, ao poder do capital internacional, também não valeram um cartaz.

Não vi uma placa com “salário padrão Fifa”.

O  autointitulado “poder popular” anarquista está igual a Marina com o PSDB.

Não dá beijo na boca, mas andam de mãos dadas.

O “não vai ter copa”  é o preâmbulo do “não vai ter eleição”.

Ou os Black Blocks e os anonymous as querem?

Ou só querem matar a democracia que lhes tem sido condescendente?

Ou só querem fazer – e olha que é o única coisa que estão conseguindo – fazer com que se espalhe a ideia de que a brutalidade e ação violenta é  a única “política” que merece respeito?

O Brasil ficou mais violento depois de suas traquinagens, todos sabemos.

A voz das ruas deve ser ouvida? Sim.

Mas não é a maior, nem a única.

Serra teve 44 milhões de votos no segundo turno.

Se 10% de seus eleitores fossem  protestar nas ruas, teríamos uma multidão de quatro milhões em confronto.

E a voz desta multidão não seria a da democracia.

Que dirá, então, a de 150, 200 ou até a de mil pessoas?

Será que ela tem o direito de matar a democracia?

Nós sabemos o que vem quando se mata a democracia e o que vem no lugar dela.

Mas tem gente que acha que está num “happening”.

Fernando Brito:

View Comments (13)

  • É impressionante o martelar da mídia tentando dar eco às minúsculas manifestações contra a Copa (cascata! contra o governo). São ridículos e pretensiosos esses manifestantes, aprendizes de vândalos, quererem falar em nome do povo. Primeiro, porque se vê que tem muito pouco do espírito brasileiro. Não são cordiais, nem tolerantes, nem pacifistas nem alegres. Segundo porque o povo já se manifestou em diversos ocasiões a favor da realização da Copa, pela reeleição da Dilma e pelo apoio ao governo. Terceiro, porque as vozes das ruas estão desafinadas em relação aos temas que interessam verdadeiramente ao povo brasileiro.

  • Os mesmos cães fascistas, robôs da Companhia das Índias Angloamericanas, que tentam neste momento incendiar a Venezuela e mergulhá-la em caos, tentam aqui também espalhar a sua sanha golpista. O governo brasileiro deve se inspirar na firmeza com que Madura vem enfrentando os fascistas, e refletir sobre o preço que o povo ucraniano está pagando pela pusilanimidade e apego doentio ao poder de seu presidente, Yanukovich, a ponto de entregar o próprio povo de seu país em sacrifício ao terror fascista.

  • Passei pela praça as 17:20hs e os manifestantes não chegavam a trezentos, os mesmos de sempre, PSOL, coletivos a, b, c,...n (haja coletivos, sem coletividade)e os cinquenta a setenta black on the blocs para atender a pauta de ação, requerida pela mídia do Millenium.

  • E se nós, que queremos copa , fôssemos pra rua?
    Seria uma tragédia.Então chega de brincar com fogo!

  • Não há nada que justifique a baderna violenta que estamos assistindo. É falso dizer as manifestações que tem ocorrido são democráticas. O objetivo final é a destruição de nossa frágil democracia, vilipendiada até pelo STF! Esses rapazes musculosos que enfiam suas patas nas vidraças, nos orelhões e nos caixas dos bancos são criminosos a serviço de interesses de facções que não têm nada a ver como o povo sofredor deste país.

  • Depois da Copa esses otários não terão mais sobre o que protestar e a campanha eleitoral começará. Nem me preocupo. Protestos como os de junho de 2013 não acontecerão mais, nem que a Folha empreste seus carros para levar esses cabeças de vento aos locais dos protestos.

  • O ministerio dos esportes nao esta atento aos patrocinadores da copa,que de uma forma ou outra estao fazendo vista grossa e ate colaborando claro por motivos partidarios com os protestos,e sim quebra de contrato,justica neles e' uma forma de envergar espinha dorsal golpista,mas nao adianta vir de plimplim vai ter copa sim......

  • Isto não é manifestação popular é baderna de meliantes.
    Quem luta pela democracia não se esconde, não usa máscaras.

  • Não falemos em "manisfestantes", falemos de "mercenários do golpe". Isso é o que esses vendidos por 150 reais são.

  • Por R$150,00 mataram o cinegrafista Santiago. Não tinham intenção, mas tinham o necessário para isso. Nenhum deles era articulado politicamente. Serão os dois responsáveis indiciados criminalmente, podendo pegar mais de 20 anos de cadeia. Isso é revolução por acaso? Isso é o futuro/primavera de qualquer coisa para dois jovens de 20 anos?

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