General ou “marajal”?

Do jeito que a coisa vai, o último posto da carreira militar mudará de nome: de general, passará a marajal.

A reportagem do Estadão. agora à tarde, informando que 1.559 oficiais das três Armas tiveram, em algum mês deste ano, pagamentos acima de R$ 100 mil líquidos (isto é, após todos os descontos) de mais de R$ 100 mil é demolidora para a imagem da instituição militar, por mais que se alegue que o desembolso seja legal.

Na média, considerando que os pagamentos àqueles soldados custaram aos cofres públicos R$ 262,5 milhões, os pagamentos representariam mais de R$ 168 mil por cabeça.

Há, com certeza, algo de errado quando um oficial recebe, de uma tacada, até 120 mil dólares (o maior pagamento foi de R$ 603 mil, a um coronel, quase o mesmo que a remuneração anual de um congênere do Exército dos EUA).

Aliás, o pagamento do general Braga Netto, vice de Bolsonaro, só não foi maior que este porque foi dividido em dois meses.

Ninguém quer que a carreira militar seja remunerada dignamente, mas está evidente que coisas assim erodem a imagem de nossas Forças Armadas e, pior, acabam por ser interpretadas como razão do alinhamento político a que têm sido levadas pelo governo Bolsonaro.

Nem no regime militar a remuneração dos oficiais chegava a estes escândalos.

Com pagamentos assim, o desfile militar desejado por Jair Bolsonaro não deveria ser na orla de Copacabana, mas na Avenida Vieira Souto, o metro quadrado mais caro do Rio de Janeiro.

 

 

 

 

 

Fernando Brito:
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