Confusão, dissimulação e ameaças.
São as três diretrizes da operação que o Palácio do Planalto começa a acelerar para, a partir da próxima semana, enfrentar ao combate em que se vai transformar a CPI da Covid.
Eduardo Pazuello é, neste momento, o ponto-chave da primeira batalha.
Para o Governo, é o biombo capaz de proteger o presidente da República: deixar que se torne o bode expiatório, recebendo, como fez hoje com a entrevista do ex-Secom Fábio Wajngarten, que virou capa da Veja dizendo que “houve incompetência e ineficiência” na gestão do Ministério da Saúde sobre a compra de vacinas, e não um veto do próprio presidente à sua aquisição.
É claro que isso vou recebido como”jogo combinado” nos meios políticos e tem chance zero de prosperar, embora possa complicar: foi como um requerimento para que ele compareça à CPI para narrar bastidores da recusa do governo em comprar vacinas antecipadamente.
E se ele não diz quem as vetou ou se foi o próprio presidente que o faz, aumenta a fervura do assunto.
Para a oposição, o gorducho general é a colina da qual se poderá atingir diretamente o Planalto, até porque há o confessado “um manda e o outro obedece” dito ao lado de Bolsonaro e todos os pronunciamentos presidenciais nesta e em outras bobagens medicamentosas e, neste momento, farejam-se todos os rastros deixados pela cloroquina em papéis oficiais para provar o óbvio: que a suposta terapêutica era uma prescrição onipresente em todas as ações do Ministério, deixando tudo mais em segundo plano.
Pazuello, no meio disso, fica na panela e em fogo brando. Depois de vazarem que lhe daria uma função dentro do Planalto, foi posto na geladeira – adido à Secretaria-Geral do Exército – para esperar o acerto feito com ele pelo presidente da República.
Enquanto isso, Marcelo Queiroga trabalha para dar uma suposta cientificidade à indicação de cloroquina feita pelo presidente, dizendo que sobre ela “existem alguns estudos observacionais que mostram alguns benefícios”, embora não tenha sabido nominar que estudos são estes.
Possivelmente, os da “tia do Zap” que falou ter tomado e ficado boa.