Guedes acena agora com “Mini-Bang”

A Folha anuncia que Paulo Guedes prepara, para dar conta de cumprir o prazo dado por Jair Bolsonaro para apresentar uma nova versão do “Renda Brasil” até amanhã, um “Mini-Bang”, versão emagrecida do ex-Big Bang que, com o veto de Jair Bolsonaro à extinção do abono do PIS. Dos R$ 250 reais mensais que o presidente já achava pouco, Guedes diz, segundo a Fola, que Guedes proporia sugeriria um “Bolsa Bolso” a partir de R$ 230 e subindo, à medida em que se inventem saídas para o triplo impasse: receita em queda, teto de gastos e ampliação do número de beneficiários.

Fique claro que Guedes não tem a menor capacidade de formulação. O arranjo que vinha propondo é quase um “copia e cola” do trabalho publicado pelo Ipea, escrito pelos técnicos Sergei Soares,
Letícia Bartholo e Rafael Guerreiro Osório, que propunha a unificação dos recursos do Bolsa Família, do Abono Salarial, do salário-família e do desconto no Imposto de Rena por dependente menor, criando um “fundão” orçamentário para ser repartido entre os mais pobres. Seriam os tais R$ 52 bilhões de que fala a equipe econômica e que dariam suporte ao pagamento de R$ 250 a 22 milhões de famílias.

Isso seria o suficiente para pagar R$ 220 mensais a 20 milhões de famílias (por ano: 220 x 23 milhões x 12 meses = R$ 52,8 bilhões).

Pode haver erros e acertos nas contas feitas pelos técnicos, mas não há política e menos ainda política formulada após o auxílio emergencial de R$ 600 (e até R$ 1.200 em alguns casos) pago durante a pandemia.

A questão não é a de discutir quantos e quanto devem receber, porque os efeitos econômicos da pandemia escancararam, escandalosamente, a situação de pobreza e desamparo de imensos contingentes da população.

A questão que se põe, respeitada a máxima enunciada pelo presidente, de que “não se pode tirar dos pobres para dar aos paupérrimos”, é: de quem, então, se irá tirar?

Vai se tirar da classe média, com abolição dos descontos por dependente, com escolas e com despesas médicas? Bolsonaro vai acertar o peito de quem mais o ama?

Vai se tirar dos ricos, das grandes fortunas, das transações de valor extraordinário, das transferências milionárias de lucros e dividendos, desde Fernando Henrique Cardoso tornadas isentas de imposto?

O mais provável é que, para não ir a lugar nenhum, as mudanças sejam cosméticas, ou, pior, sejam planejadas para não serem aprovadas e isentarem de “culpa” pelo fim do auxílio emergencial nos políticos ou no Judiciário.

 

 

 

 

 

Fernando Brito:
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