Guerra é voto

A pesquisa publicada hoje pela agência Reuters é mais uma a constatar que a postura de playboy tardio adotada pelo presidente norte-americano no enfrentamento da crise russo-ucraniana tem tudo a ver com o desgaste de sua popularidade, mais grave ainda porque se aproximam as eleições de meio de mandato, onde é imensa a chance de que seja derrotado, tanto na Câmara quanto, sobretudo, no Senado e se torne, como se usa chamar por lá um lame duck (“pato manco”), sem força para atuar nos dois anos finais de seu governo.

É uma das razões mantém nos seus discursos a postura que as pesquisas indicam agradar mais o eleitorado norte-americano: “estrangular” os russos economicamente e repetir a promessa de que não haverá cidadãos dos EUA em campos de batalha. Até pouco antes da crise ter se tornado militar, Biden era considerado “frouxo” diante dos russos.

Daí a impossibilidade política de que o presidente norte-americano tome qualquer iniciativa para a cessação das hostilidades e, ao contrário, segue escalando as represálias para que a comoção mundial ajude-o a colocar-se como o grande comandante e recuperar-se do desastre que foi a humilhante retirada de Cabul, no Afeganistão, quando sua popularidade virou para o campo negativo.

Ao mesmo tempo, serve-lhe para explorar o desgaste de Donald Trump por seu bom relacionamento com Vladimir Putin.

E, de quebra, ainda colocar a situação de disparada inflacionária dentro dos EUA como “culpa” da crise internacional e dos preços do petróleo.

Fernando Brito:
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