Há diferenças entre 64 e 2020. Várias delas para pior

Há muitas diferenças, recordo sempre aqui, entre as características do golpe militar de 1964 e este que, em 2020, avança sobre os frangalhos da democracia brasileira.

A primeira, – óbvia e gritante – é que o mundo não vive, por mais que o procurem Donald Trump e a extrema direita internacional (e seu pastiche tupiniquim), como na Guerra, onde o combate ao comunismo serve de biombo ao poder autoritário, embora ainda sirva de xingamento a todo e a qualquer um que venha a dissentir de Jair Bolsonaro.

Há outras, porém, que não jogam, como esta, contra o autoritarismo e a brutalidade que teremos se deixarmos se consumar a marcha monstruosa que está atropelando as tão cantadas “instituições democráticas” que, ao se entregarem desde 2014 – e com a artilharia pesada da mídia e dos partidos de centro direita a lhe darem cobertura.

A primeira delas é que os golpistas de 64 não tinham um símbolo, como se tem agora em Bolsonaro. No golpe de 1964 não tínhamos o “Pinochet” tupiniquim e, ao menos até a ascensão de Costa e Silva houve um jogo de pressões e contrapressões no comando das Forças Armadas que derrubara a democracia.

A segunda é que, ainda que com alianças com o submundo policial – e, daí, com o poder criminoso da época, o jogo do bicho. Agora, o contingente golpista está também na polícia e nas franjas das instituições militares; logo, com as milícias e seus tensos contatos com o narcotráfico.

Um golpe, agora, não será militar, mas miliciano também.

Se, em 1964, com honrosas exceções, o apoio civil veio de parte da Igreja Católica – TFP, Congregações Marianas, a Cruzada do Rosário em Família, com o padre norte americano Patrick Peyton, que foi para a televisão e levantos as Marchas Com Deus pela Família, agora temos estruturas ainda muito mais potentes no neopentecostalismo que se aliam, babando por lucros, a Jair Bolsonaro.

A estas diferenças apavorantes, porém, não são apenas estas.

O que ocorre hoje está dentro de um caso inédito de crise mundial e local com a derrubada, a maior em décadas, da atividade econômica, com todos os alcances que possa ter, de um quadro de fome e desespero.

Somos um hospício com necrotério lotado.

 

 

 

 

 

 

Fernando Brito:

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  • Parece demorado, mas o processo de desgaste e de ruína deste regime bolsonariano-militar está em marcha. O Centrão não é apoio firme, é como uma geleia que pode escapar pelos dedos a qualquer momento, e cujo desavergonhamento explícito e cínico é fator de um desgaste terrível, já que não conta mais com a mídia para escondê-lo ou transformá-lo em decência. Talvez o regime chegue ao ponto de colapso antes do fim do ano.

    A grande dificuldade já foi ultrapassada, com a classe média a debandar em peso do apoio vergonhoso que lhe deu. A lorota do combate à corrupção foi dirigida exclusivamente à classe média e agora, com o recrutamento do Centrão, é uma bandeira esfarrapada que foi jogada na lama.

    O ódio da classe média a esse regime vai crescer, e é provável que esteja próximo o dia em que algum incidente venha a fraturar clara e fortemente o próprio apoio militar, que é também um apoio de classe média.

    A nosso ver, o apoio pseudo-religioso não se resume aos neopentecostais, mas é de todos os evangélicos, de todas as muitas igrejas. É mais forte nas igrejas mais populares, onde a voz do pastor é ainda a expressão da verdade pela fé cega que é conseguida com técnica de encantamento dos simplórios.

    A classe média vai acordar do pesadelo em que foi metida pela mesma fé que lhes foi incutida por técnicas mais sofisticadas. E vai ser a classe média que vai pressionar decisivamente sobre os pastores exploradores dos simplórios e sobre os próprios simplórios a deixarem de apoiar o regime.

    A grana, o financiamento, está por trás de tudo. Se falta grana, os pastores arrepiam. O tempo das vacas gordas da exploração religiosa dos simplórios veio, ironicamente, da prosperidade petista que se extinguiu, e agora não há mais grana. No fundo, os simplórios são materialistas práticos e sobreviventes. Não gostam de serem zoados por caírem na onda de pastores que só querem a pouca grana deles. Se dos pastores não vem nada e só vai, um dia a casa lhes cai.

  • Não se iludam, o vírus pegou o golpe com as calças nas mãos, estavam em águas tranquilas nas reservas sociais deixada pelo PT, íam desmanchando uma a uma pelos interesses do mercado é por que não dizer pessoais de alguns generais? O barco foi pro brejo, eles já viram, mas o esperneio é válido até entrarem em desespero, Sérgio Moro, bem orientado, já pulou do barco.

  • Um hospício onde os loucos mais furiosos e destruidores são os profissionais da administração da saúde e do departamento jurídico.

  • Sr.Fernando.Texto que é uma aula de história,ainda que seja mais uma opinião sobre fatos,Excluindo-se a menção ao JOGO DO BICHO,essa instituição brasileira,que é mais séria do que a maioria das instituições citadas e outras mais,O GOLPE DE ESTADO citado,o de 64,tem todos os ingredientes daqueles de agora.Ou seja,todos os velhos SERVIÇAIS DA BURGUESIA,ainda que essa de agora,enfrenta sua maior crise da sua triste história.Triste naturalmente,para o povão,que vira e mexe,serviu e serve de CÚMPLICES DA CLASSE DOMINANTE.Não vamos excluir a POVO,como se fossem todos,vítimas inocentes,pois dentre o POVÃO,tem muito mais gente sem caráter,do que qualquer outra coisa.Repetir velho chavão,de que o POVO TEM OS GOVERNOS QUE MERECEM,não foi,não é e nem nunca sera,UMA HERESIA.E todos aqueles que sabem o uso que A ELITE FAZ DO POVÃO,nós ,do lado de cá,devemos usa-los igualmente,de forma menos burra.O RESTO TODO,É SOFISMA.

    • O Brasil é a prova cabal de que "cada povo tem o governo que merece."
      Pesquisas internacionais colocam o Brasil entre os primeiros colocados NO MUNDO em analfabetismo funcional e ignorância.
      Então, não é de se estranhar que o POVO BRASILEIRO tenha elegido um BURRO para presidente.
      Sempre digo queTEMOS O QUE MERECEMOS.

  • Parece demorado, mas o processo de desgaste e de ruína deste regime bolsonariano-militar está em marcha. O Centrão não é apoio firme, é como uma geleia que pode escapar pelos dedos a qualquer momento, e cujo desavergonhamento explícito e cínico é fator de um desgaste terrível, já que não conta mais com a mídia para escondê-lo ou transformá-lo em decência. Talvez o regime chegue ao ponto de colapso antes do fim do ano.

    A grande dificuldade já foi ultrapassada, com a classe média a debandar em peso do apoio vergonhoso que lhe deu. Em 64 o apoio da mídia era total, e agora a parte mais importante da mídia está contra o regime e aumenta dia a dia seu combate a ele, quanto mais fica claro que o corretor colocado na pasta da economia não tem mais o que fazer, a não ser bradar por vender, vender, vender, uma palavra tabu neste momento de desgraças.

    As redes sociais ainda não têm para a classe média o peso documental que a mídia tem. A lorota do combate à corrupção foi dirigida exclusivamente à classe média e agora, com o recrutamento do Centrão, é uma bandeira esfarrapada que foi jogada na lama.

    O asco da classe média a esse regime vai crescer, e é provável que esteja próximo o dia em que algum incidente venha a fraturar clara e fortemente o próprio apoio militar, que é também um apoio de classe média.

    A nosso ver, o apoio pseudo-religioso não se resume aos neopentecostais, mas é de todos os evangélicos, de todas as muitas igrejas. É bem mais forte nas igrejas mais populares, onde a voz do pastor é ainda a expressão da verdade pela fé cega que é conseguida com técnica de encantamento dos simplórios. Mas não tem a força de enraizamento cultural da Igreja Católica, que não apoia o regime.

    A classe média vai acordar do pesadelo em que foi metida pela mesma fé que lhes foi incutida por técnicas mais sofisticadas. E vai ser a classe média que vai pressionar decisivamente sobre os pastores exploradores dos simplórios e sobre os próprios simplórios a deixarem de apoiar o regime.

    A grana, o financiamento, está por trás de tudo. Se falta grana, os pastores arrepiam. O tempo das vacas gordas da exploração religiosa dos simplórios veio, ironicamente, da prosperidade petista que se extinguiu, e agora não há mais grana. No fundo, os simplórios são materialistas práticos e sobreviventes. Não gostam de serem zoados por caírem na onda de pastores que só querem a pouca grana deles. Se dos pastores não vem nada e só vai, um dia a casa lhes cai.

  • Dificilmente eu concordaria que, "em 1964, com honrosas exceções, o apoio civil veio de parte da Igreja Católica..."
    O apoio civil, como em 2016 e agora, veio do latifúndio da nossa burguesia e da banca. Salvo engano meu, não houve, até agora, uma instituição empresarial que se manifestasse contra tudo que está aí. É bom lembrar que, naquela época, não havia internet, poucos tinham TV e o analfabetismo era altíssimo. Como hoje, havia várias igrejas católicas e uma fonte interessante para pesquisar o assunto é o livro Cartas do Pai, de Alceu Amoroso Lima, líder católico progressista de então e inteiramente contra o golpe.

  • Entretanto,poucos de nós,não merecemos isso.Contudo,enquanto nós,não soubermos usar O POVO,para nossos fins,vamos continuar COM A VELHA E POR SORTE NOSSA,ilusão, de que sem DITADURA DOS QUE TRABALHAM E SÃO ROUBADOS DO QUE PRODUZEM,continuaremos com nossas PEQUENO BURGUESAS burrices,até que,a morte nos chegue.Pacificamente,vamos todos,os PSEUDO ESQUERDISTAS,para o céu.Esta na hora,do BRADO,"às armas"!

  • AINDA BEM QUE AGORA TEMOS UM OBJETO ABJETO ALVO DO APOIO CIVIL... BOSÓ, O ESTÚPIDO!
    EM 1964 TUDO PARECIA TAO ASSIM, INSOSSO... E PERFEITO!
    TÁ TODO O PLANETA VENDO!
    TÁ TODO O PLANETA ENOJADO!

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