Duas realidades bem diferentes para as forças democráticas em São Paulo e no Rio é o que retratam as pesquisas do Ipec sobre a disputa do cargo de governador.
Haddad, que segue em trajetória de alta consistente tem como principal fonte de otimismo o fato de que o candidato do que resta do PSDB, Rodrigo Garcia, ter ficado bem para trás do bolsonarista Tarcísio de Freitas, sem que este, até agora, ameace “encostar” do candidato do PT.
Isso quer dizer que Geraldo Alckmin tem campo livre para agir no interior do estado, seu ponto forte e o fraco de Haddad e onde Rodrigo Garcia está perdendo terreno para o candidato bolsonarista.
A sucessão paulista está tomando o caminho da disputa presidencial e o confronto com Tarcísio num 2° turno não deixa dúvidas de onde está a vantagem, mesmo com as históricas restrições ao PT no Estado: o eleitor escolheria, numa rodada decisiva, Haddad e com larga margem (47 % a 31%) sobre o candidato de Bolsonaro.
Já no Rio, o cenário é mais complicado, mais pela falta de ousadia da campanha de Marcelo Freixo do que por “méritos” de Cláudio Castro, que tem os índices que tem pelo controle da máquina pública (inchada dos mais de 20 mil cabos eleitorais contratados nos últimos tempos) e pelas pressões exercidas pelas milícias e pelos prefeitos que ele cooptou.
Freixo precisa nacionalizar a campanha e trabalhar a absoluta ausência de obras (ou mesmo de parcerias) no Estado. Nenhum governo da República, nos últimos 20 anos, foi tão ausente do Estado. Não houve programa habitacional, obra viária (o Arco Metropolitano, inconcluso, está abandonado; a Prefeitura não tem condições de concluir sozinha o BRT inacabado), a refinaria do Comperj nem foi reiniciada mesmo com projeto muito menor) e a única ação do governo federal aqui é privatizar, o que reduz empregos e vai levando para longe os centros decisórios de empresas como a Eletrobras, a BR Distribuidora e outras subsidiárias da área de petróleo e gás. Sem falar na indústria naval, que virou um monte de ferragens corroídas com o fim da política de construção de navios do país.
Nenhuma política social se sustenta no Rio sem um mínimo de retomada da economia e, com isso, do emprego e renda da população.
Mesmo assim, os números de segundo turno, empatados (38% para Castro e 35% para Freixo) e o fato de que candidatos com eleitorado progressista, no primeiro turno, ocupam as posições seguintes aos dois líderes (16 pontos, somados, ante 4% outros candidatos de direita (Paulo Gamine e Wilson Witzel) mostram que não há qualquer razão de desânimo, até porque se o Rio caminhar para uma polarização Lula x Bolsonaro, como é a tendência das eleições em grande parte do país, Freixo vai de carona.