Helena Chagas e o Guedes lançado às feras

Helena Chagas, no site Os Divergentes, publica boa análises da “fria” em que foi metido o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao ser lançado às feras, ontem, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

O erro é algo que qualquer administrador de empresas sabe: nunca coloque o homem da tesouraria para negociar, porque quem tem capacidade de negociar não presta para ser tesoureiro e vice-versa.

Ou, numa linguagem conhecida dos militares, não se vai ao combate, de cara, com a última linha de defesa.

Caso Tchutchuca: Guedes
engolido pela esfinge da política

Helena Chagas, n‘Os Divergentes

Brasília é uma esfinge que devora aqueles que, por desconhecimento ou arrogância, desafiam as leis do poder vigentes em todos os governos.

Uma delas estabelece que ministro da Economia – ou Fazenda, como antigamente – não pode ser o principal articulador político do governo, sustentáculo das negociações com o Congresso.

Tem que ter anteparos políticos, como tiveram Fernando Henrique Cardoso e Antônio Palocci – só para lembrar duas gestões bem sucedidas na economia.

Paulo Guedes foi abandonado sozinho na cova dos leões da CCJ, e o resultado não poderia ser outro.

Saiu de lá chamado de “Tchutchuca”, apelido do qual vai ser difícil se livrar.

A base aliada não o defendeu por uma simples razão: ela não existe.

E não houve a preocupação mínima do Planalto em escalar deputados do PSL líderes governista, ou o filho presidencial 03, para se inscreverem e fazer contraponto à oposição.

Além de revelar o jogo do Centrão de mostrar, no tranco, que é necessário e obter do Planalto o que deseja, o episódio confirma o erro de dar a Guedes um papel que não é e não pode ser dele.

Por melhor e mais jeitoso que seja o ministro da Economia, ele não pode ser o principal canal de interlocução com os políticos na negociação de uma reforma como a da Previdência.

Cada palavra do ministro da Economia sacode os mercados, alerta os investidores, mexe com setores e interesses diversos da economia.

Em política, como se sabe, o que mais há são palavras ao vento, que saem das bocas dos líderes e articuladores num dia e depois somem no horizonte.

As conversas são provisórias, muitas vezes o palavreado extrapola as regras de cortesia. Mas tudo fica por isso mesmo porque as pazes e entendimentos são feitos no escurinho do plenário ou nas madrugadas dos jantares.

Guedes não pode frequentar o escurinho do plenário, e deve ser comedido nos jantares.

Não tem traquejo nas lides parlamentares e corre o risco de ser engolido na próxima esquina.

Além disso, é dono de uma espontaneidade e franqueza elogiáveis, mas que quase sempre o levam ao caminho do “sincericídio”.

Não deve ser exposto como ocorreu na CCJ, porque acabará perdendo a aura de autoridade máxima da economia e a capacidade de dar a última palavra nas negociações concretas da Previdência – até porque seu chefe não quer saber muito do assunto.

Fernando Brito:

View Comments (15)

  • HELENA ACABOU COM GUEDES COM UMA ELEGÂNCIA QUE SÓ AS HELENAS TEM...

  • Eu morro de pena pelo banqueiro e seu papel de idiota ,assim como ele morre de pena pelos trabalhadores.

    • Lembro d3 uma charge da década de 1980, onde um ministro da Fazenda Delfim Neto, com pena de um miseravel que lhe pedia esmola, chama um assessor para acabar com o sofrimento do coitado (que representava o povo). O tal assessor traz um lança-chamas... é exatamente o que Paulo Guedes eseus cumplices gostariam de usar contra nôs.

  • Vejo em Pagina 12 (argentina) que massas de trabalhadores participam de uma marcha de protesto contra o governo em Praça de Maio e no Congresso.
    Olhando as fotografías ,uma delas mostra um grupo com uma faixa que diz "LULA LIVRE".

  • Brito, por favor, não ensine esse pessoal como se faz não! Eles usarão para seus objetivos pérfidos, só isso.

  • Brito, por favor, não ensine esse pessoal como se faz não! Eles usarão para seus objetivos pérfidos, só isso.

  • Não é que o tal ministro não saiba negociar; é que ele é um bufão e incapaz de ir além de tirar dos pobres, pobres coitados, para dar aos ricos. E isto, com a maior convicção. É a lei do mercado, brother! Tão convicto como o moro.
    Que desgraça, globo e demais golpistas!

  • A bem da verdade, o episódio de ontem expôs o rei. A fala do Molon deixou claro que a gasolina que posto Ipiranga do governo Falsonaro oferecia na campanha era adulterada. O que envergonha ao deus mercado é que a escolha deles é incompetente para o serviço que foi contratada.

  • Neste pesadelo que acompanha a destruição paulatina do país, há lances de puro humor chapliniano. Desde ontem me ponho a rir sozinho descontroladamente, ao lembrar do "ministro" carimbado na testa por um representante legítimo do povo com a palavra "tchutchuca". É engraçado demais!

    • Foi um golpe mortal contra esse canalha. Espero que esse apelido o destrua e à sua arrogância. Ele fez por merecer.

  • Vejo em Pagina 12 (argentina) que massas de trabalhadores participam de uma marcha de protesto contra o governo em Praça de Maio e no Congresso.
    Olhando as fotografías ,uma delas mostra um grupo com uma faixa que diz "LULA LIVRE".

  • Os especuladores vão comprar dólares antes de qualquer reunião do ministro com os deputados para depois vender com um bom lucro. Eles já sabem que o ministro não tem a veia diplomática e política necessárias. Vai ser uma festa as próximas reuniões. Se ele continuar indo a essas comissões o dólar bate 5 pau rápido.

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