Helena Chagas, Moro e a ratoeira. Mas afinal, quem pega quem?

Helena Chagas, em ótimo artigo n’Os Divergentes, hoje, diz que Sérgio Moro “caiu numa ratoeira” ao aceitar o cargo de “superministro” do governo Bolsonaro.

Verdade, no  que diz respeito ao fato de que o ex-juiz  se acostumou, ao longo de anos, em lhe fazerem todas as vontades, em  aceitarem todos os seus atropelos à lei, em aplaudirem todas as mediocridades com que sustentava o se papel de dublê de chefe de uma “Mãos Limpas” brasileira, inclusive com a manipulação da imprensa para sustentar o seu “direito de guerra”.

Isso deu a ele a ideia de que, no governo, seria o mesmo e que Bolsonaro e o Congresso fariam-lhe as vontades e teve a confiança em que poderia deixar a toga – e a toca – para se aventurar atrás de seu “queijo”: o poder político.

Acostumado a moltar tudo por sua única vontade, subestimou os riscos.

A ratoeira é só o meio, a armadilha com a qual se prende o rato. Sem que houvesse a perda da prudência e o império do apetite pelo queijo, ela não teria chances de funcionar.

Não é a ratoeira que pega o rato, é ele que se faz pegar.

Moro caiu na ratoeira

Helena Chagas, n’Os Divergentes

Um pedido de demissão do ministro da Justiça, Sérgio Moro, por divergências em relação a posições do governo seria, a esta altura, um desastre político para o presidente Jair Bolsonaro – que já anda às voltas com uma insistente queda de popularidade. Por isso, Moro vem esticando a corda, numa investida pública, com seguidas entrevistas e manifestações, contra a transferência do Coaf de sua pasta para a Economia – o que, a depender do Congresso, hoje é muito provável.

Insatisfeito com essa e muitas outras trombadas que vem tendo no governo, onde já percebeu que não é prioridade, o que restaria a Moro? Pedir o boné e ir para casa?

Afinal, quase todas as suas derrotas têm o dedo do Planalto e de seus aliados. No caso do Coaf, por exemplo, o próprio presidente chegou a admitir negociar o retorno do órgão ao Ministério de origem em troca da aprovação da medida provisória que reestruturou administrativamente o governo sem outras mudanças mais danosas.

Com isso, Bolsonaro deixou Moro exposto ao sol e aos ventos da política, assim como em outros episódios constrangedores, como o da revogação da nomeação da socióloga Ilona Szabo e o quase engavetamento do pacote de mudanças penais enviado pelo ministro ao Congresso. Tudo indica que esse comportamento “quem manda sou eu” de Bolsonaro, meio semelhante ao que ele tem adotado em relação aos militares que supostamente o tutelariam, vai continuar.

E Moro, se derrotado mais uma vez, terá que avaliar se vale a pena continuar no governo para uma sucessão de desgastes e vexames. A possibilidade de sair tem sido aventada nos últimos dias por interlocutores próximos do ex-juiz, embora ainda cheire a pressão, sobretudo sobre o próprio chefe, para rever sua posição inicial sobre a devolução do Coaf.

O que se comenta nos meios jurídicos de Brasília é que a recente afirmação do ministro da Justiça de que seria “ganhar na loteria” ser nomeado para uma vaga no STF veio do fundo do coração. Foi um recado direto.

O grande problema é que nem isso está garantido para Moro, sobretudo se ele deixar o governo chutando o balde. Vaga no STF só haverá em 2020, e a nomeação depende da caneta de Jair Bolsonaro e, principalmente, da aprovação do Senado Federal – ou seja, daquele pessoal que não quer ver o ex-juiz da Lava Jato nem pintado.

Tudo indica que Sérgio Moro, apesar da popularidade, deve estar arrependido de ter deixado a toga pelo governo Bolsonaro. Caiu numa ratoeira.

Fernando Brito:

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  • Moro pensava e esperava que o governo Bolsonaro seria mil vezes mais autoritário do que está sendo. Ele pensava que teria realmente carta branca para pintar o sete e transformar-se no grande chefão de polícia do Brasil. Essa história de depender do Congresso, de tomar decisões e ter de voltar atrás, tem sido muito decepcionante para ele, que aprendeu com os filmes de bang bang que a lei é apenas um detalhe menos importante. Sente-se tolhido, não está mandando em nada e nem pode denunciar tudo e sair atirando. Adeus, sonho de morar nos EUA. Adeus, sonho de entrar no STF.

  • Eu só vejo ratos . Quando o astrólogo e filhos e outros mais perceberem as intenções de Moro , principalmente quando ele colocar alguem ´em de seu interesse na PGR , e de lá do ministério começar a fustigar o chefe . Realmente , ele vai ter certeza que estava nos céus como juiz .Ser ministro do STF , não era bem isso que ele quer .A grana da ong do MP , o PGR sob seu comando . Seria o " rei moro " .

  • O rato moro servirá para experiências e testes em laboratório de como um rato psicótico pode se transformar em um rato normal.

  • Quando ele aceitou o cargo eu "soltei rojões". Cheguei a me surpreender com a cara de pau e temeridade dele passar esse "atestado". Mas isso é pouco, ele ainda será completamente desmascarado diante dos brasileiros. Sua traição ainda virá à tona.

  • Quando ele aceitou o cargo eu "soltei rojões". Cheguei a me surpreender com a cara de pau e temeridade dele passar esse "atestado". Mas isso é pouco, ele ainda será completamente desmascarado diante dos brasileiros. Sua traição ainda virá à tona.

    • Vale lembrar, Antonio, que o marreco ainda tentou "dar um migué" e se manter no cargo de juiz, recebendo dois salários. Só pediu exoneração após pressionado pela opinião pública e ainda fez o passivo-agressivo, dizendo que precisava manter o cargo por "estar recebendo ameaças de morte".
      "Quem tudo quer, tudo perde". ????

  • Sérgio Moro roubou a democracia, rouba até sílabas quando fala (conje),por isso o chamo de "Sejumoro".

  • Sérgio Moro roubou a democracia, rouba até sílabas quando fala (conje),por isso o chamo de "Sejumoro".

  • O marreco de Maringá poderá pedir ao seu empregador (a CIA) sua relotação em algum outro país ou mesmo na sede, nos EUA. Seu inglês macarronico seria um empecilho, é claro.

    #LulaLivre

    • Ou seja, nem para isso ele serve. E vamos combinar que, desde Judas Iscariotes, traidores não têm moral nem com os beneficiários da traição. Certamente a CIA dará a ele a mesma resposta de Caifás ao Judas original.

  • Ele mora e sempre morou na ratoeira e portanto não tem como cair dentro! Um rato de esgoto que está somente na ratoeira do esgoto!

  • Está cada vez mais claro, seja pela inépcia exposta, seja pelo abandono explícito de quem prestava salamaleques há semanas, que Moro é uma fraude, e completa. Tudo indica que esse senhor não preenche o mais mínimo requisito para ter se tornado juiz. A prova para esse cargo é uma das mais duras do Brasil, só perdendo talvez para o ITA. É absolutamente inacreditável que essa criatura tenha chegado no topo dessa árvore usando apenas seus limitadíssimos predicados.

      • Está mais para fraudes, pois não é só o miliciano do Marreco de Maringá que passou na prova, há muitos outros reacionários mauricinhos e patricinhas que estão nos cargos de juízes federais. Há que se fazer uma investigação séria (com CPI e tudo) para averiguar como e por que pessoas do mesmo naipe de bandidagem do Marreco de Maringá também ocupam cargos de juízes federais.

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