Ontem, a Folha já fazia pouco, em editorial, das explicações de Fabrício Queiroz sobre o passeio de dinheiros em sua conta bancária, enquanto servia aos Bolsonaro.
Hoje é O Globo quem diz, também em seu editorial, que “com a entrevista, Fabrício de Queiroz nada esclareceu e ainda aumentou dúvidas e curiosidades”.
A pena global, claro, evitou a palavra óbvia: suspeitas.
Mas a casa despachou sua “tropa de choque” sobre o assunto.
Míriam Leitão, sempre traçando paralelos que seu ódio ao PT desenham em todos os seus textos, diz que “mesmo com toda a boa vontade do mundo é difícil considerar o caso encerrado”, porque a versão apresentada pelo ex-assessor ” é evidentemente insatisfatória”.
Há falhas demais nessa história. O Brasil foi muito bem treinado nos últimos anos pelos procuradores e juízes da Lava-Jato a não aceitar versões com peças faltantes. Até seu semblante na entrevista concedida ao “SBT” parecia saudável demais para justificar o seu não comparecimento à convocação do Ministério Público Estadual. Ele pode mesmo ter as enfermidades que disse ter, mas não parecia estar em estágio agudo ao conceder a entrevista. No final da noite de ontem, a defesa apresentou atestados sobre a “grave enfermidade” de Queiroz e disse que ele passará por “cirurgia urgente”.
Merval Pereira, no mesmo diapasão, que a demora nas explicações ” vem atropelando a transição do governo Bolsonaro há mais de 20 dias” e que “o caso ganhou dimensões políticas naturalmente escandalosas”.
Jogando a bola para Queiroz, Bolsonaro e família passaram a imagem de que nada temiam da investigação. Aceitando que Queiroz desaparecesse por quase um mês, desgastaram-se, permitindo que os opositores incutissem em parte da opinião pública pelo menos a suspeita de que alguma coisa errada a família Bolsonaro fizera.
De tanto perguntarem, Queiroz afinal apareceu, para dar uma explicação marota sobre o dinheiro que circulou em sua conta. “Sou um homem de negócios, vendo carros usados”, disse ele singelamente, sem, no entanto, indicar para quem vendeu os carros, de quem os comprou e, sobretudo, porque os funcionários do gabinete de Flavio Bolsonaro depositavam todo início de mês dinheiro em sua conta.
É evidente que o casal global, por mais que torça o nariz para o arranjo toco que a direita arranjou para chegar ao poder, não está preocupada com aspectos morais do caso, mas com as dificuldades políticas que ele traz para que o presidente eleito imponha, a toque de caixa e ignorando a política, as “medidas impopulares” que tanto advogam.
Esta talvez seja a razão da timidez e pouco empenho que “a casa” esteja dando à apuração jornalística da história.
Como já disse aqui, o caso Fabrício, dentro de pequenos limites, é um freio a Bolsonaro e seus dois centuriões: Paulo Guedes e Sérgio Moro.
Vai que algum gaiato chame o pacote econômico de “Plano Fabrício”…
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A charge de Aroeira é simplesmente genial, um instantâneo dessa diarréia de hipocrisia criminosa que estamos vivendo. E um lembrete de que não vai acabar nada bem.
A mamadeira de piroca convenceu mais que a historinha de Queiroz.
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O Flávio Rangel dizia que quando tudo parece uma catástrofe, a situação exige uma mentira fenomenal. Para ficar tudo na mesma área de negócios, o Queiroz bem que podia ter dito que estava fazendo o consórcio-bingo de um Lamborghini Reventon e os funcionários estavam dando parte do salário para tentarem desesperadamente arrematar o danado do carro.
Pelo menos não precisaria dar explicações dos vendedores/compradores de veículos fantasmas né ?
Quanto à Lamborghini, ele diria que compraria quando recebesse os pagamentos ... então também não precisaria de documento ! Bingo, mas já era... a mentira tem pernas curtas ...
O chato de querer tapar o sol com a peneira, é que o sol sempre dá um jeito de aparecer.....È o caso do Queiroz. Mais chato ainda é que agora, o clã Bolsonaro foi privado dessa fonte de renda (já que a maracutaia feita na encolha, agora ficou sob os holofotes da mídia e da internet). E a chatice se completa, porque qual a moral de pregar e impor a austeridade para os outros quando se deitou e rolou na desonestidade.....O novo governo já começa desgastado.
Abundam “versões com peças faltantes” na lavajato morista, outra pantomina nojenta.
Embolçonaro na cadeia:
https://urbsmagna.com/2018/12/28/bolsonaronacadeia-hashtag-explode-nas-redes-apos-publicacao-de-materia-bomba-na-veja/
EMBOLÇONARO! Uma pérola, um achado!
Freio nenhum ao próximo governo, Brito. Parafraseando, "a Moral (assim como o Direito) é um conjunto de verdades (assim como as Leis) transitórias, tidas como definitivas, para fins políticos". O filho de um Presidente que leva amigos para nadar na piscina do palácio é condenado por todos os moralistas da época. Fazer um jardim estrelado no mesmo palácio pode ser quase crime de lesa-pátria. Filho de outro presidente que se dedica a produção de cítricos para toda a família é entendido como simples distúrbio de crescimento e imaturidade. Tudo nos conformes da Moral de cada época.
FORA BOLSONARO
FORA!
#LulaLivre
Ninguém vai invocar o domínio do fato para a família Bozo?
Que coisa triste. Esta camiseta vestida por quem a veste traz a orgulhosa juíza para dentro de um estranho time. Diz-me que camiseta vestes e te direi quem és.
Para refletir...
https://jornalggn.com.br/blog/sergio-saraiva/um-escandalo-na-familia-por-sergio-saraiva
Lembram do João Alves, um dos anões do orçamento? Para explicar sua roubalheira, ele disse que Deus o ajudou e que ganhou 26 vezes na loteria! É mentira, Terta?