Instigante a matéria publicada na Ilustríssima da Folha no final de semana passado, que teve pouquíssima repercussão na rede.
É uma resenha do livro “A Razão Populista”, do sociólogo e historiador argentino Ernesto Laclau, professor de teoria política da Universidade de Essex, no Reino Unido.
Ele defende vigorosamente o chamado “populismo” na América Latina.
Usa, sem medo, a palavra que foi tornada maldita pelos intelectuais da USP, nos anos 80, os mesmos que foram acabar na defesa do neoliberalismo.
“”O populismo não só tem sido degradado mas também denegrido.”, diz Laclau, afirmando que “é para bloquear essa ascensão das massas que o poder conservador trata de se agarrar a essas antigas formas institucionais e faz uma cruzada antipopulista”.
Para ele, os que chamam de populismo é o resultado de movimentos de massa, ainda que inorgânicos, leva governos a assumir orientações nacional-populares.
Embora admita que existem formas autoritárias de populismo, sobretudo as de natureza étnica surgidas na Europa Oriental após a dissolução da União Soviética, Laclau enxerga o populismo como essencialmente democrático:
“A participação democrática das massas, com seus ideais comunitários, não se ajusta a Estados liberais tradicionais” diz ele à Folha: “”Não que as instituições tenham que ser abolidas, mas precisam ser reformadas”
Ditaduras populistas?
“Se houve um ataque autoritário às instituições, esse ataque não veio do populismo, veio do neoliberalismo”
É uma discussão importantíssima para quem quer estudar – sem preconceitos do “ouvi dizer” a vida política, até porque, malgrado todas as cargas de natureza intelectual que os regimes tachados de populistas – inclusive pela esquerda – foram aqueles, no Brasil e na América Latina, os que trouxeram inclusão social e soberania nacional aos nossos países.
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Belíssimo! Parabéns.