Os quase seis mil médicos formados no exterior – brasileiros, cubanos e de outras nacionalidades – custarão ao Brasil, se colocarmos aí uns 50% além de seus salários como custo administrativo, algo como R$ 90 milhões por mês ou R$ 1,18 bilhão por ano, para darem assistência a cerca de 10 milhões de brasileiros, se considerarmos a média de 1,8 médicos por mil habitantes hoje registrada no país.
Muito dinheiro?
Pois a Folha anuncia hoje que a ampliação da rede hospitalar de luxo no Rio de Janeiro – em hospitais “voltados para o público de renda alta, com serviços de hotelaria cinco estrelas e alta tecnologia, estão sendo alvo de investimentos que somarão R$ 1,2 bilhão em unidades a serem construídas ou reformadas até 2017. Serão três novos empreendimentos com esse perfil — um deles um complexo hospitalar– fora a expansão de outros dois”.
Mas o que tem a ver uma coisa com a outra, se um programa é público, com dinheiro do Estado e outro é privado, com investimento de particulares, entre eles grandes grupos médico-empresariais norte-americanos, como o Esho, e nacionais, com participação de bancos de investimento?
Simples.
Tudo isso vai ser pago com dinheiro de impostos. Porque os investidores vão recuperar o que vão aplicar e muito mais como retorno e seus clientes-pacientes vão descontar tudo o que lhes pagarem no seu imposto de renda a pagar.
Isto é, tudo sai – deixando de entrar – do dinheiro público.
Agora some o que vai ser investido no Rio com o que está sendo investido em São Paulo, Belo Horizonte e outras capitais e cidades com poder aquisitivo para estes “hospitotéis”? Dava para bancar todo o Mais Médicos e sobrava.
Mas isso não escandaliza nossos médicos. Não aparece um a sugerir que, para obter mais recursos para a saúde pública, é preciso rediscutir os limites da renúncia fiscal para despesas médicas (imposto de renda de pessoas físicas e jurídicas, excluídas as isenções em medicamentos e hospitais filantrópicos).
Só isso representa, hoje, cerca de R$ 13 bilhões por ano, mais do que se gastará com o “Mais Médicos” nos três anos dos contratos.
Não é hora da sociedade discutir se continuará pagando indiscriminadamente despesas médicas realizadas com valores muito acima do necessário, por contemplarem atendimentos luxuosos? Será que não deve haver limite de dedução fixo e percentual sobre a renda, como existe com os fundos de previdência privada?
Mas o elitismo da sociedade brasileira é tão forte que mexer com isso vai ser recebido pela mídia e pelos médicos como um atentado à Saúde.
Embora um atentado à Saúde pública seja transferir uma montanha de dinheiro para financiar os negócios privados de luxo na saúde, enquanto a rede pública vive à míngua de pessoal de recursos para melhorar.
View Comments (17)
Bem, isso atende a clamor ds coxinhas que pediam hspitais "padrão fifa", só esqueceram de lembrá-los que tudo o que tem padrão fifa custa caro. Aliás, por falar em caro, alguns medicamentos que custam caríssimo também entram na conta do governo que tem que arcar com esses tratamentos, independente do poder aquisitivo do paciente, desde que, esse paciente consiga um mandado que obrigue o Estado a pagar.
Esse é um dos maiores crimes cometidos contra o SUS.
O governo não cobra, de maneira eficiente, os planos de saúde quando seus usuários são atendidos na rede pública.
O atendimento médico é o mais barato do sistema de saúde.
Construir ou reformar os hospitais é relativamente barato
O mais caro é o custeio com insumos diários, medicamentos, lavanderia, cozinha e aprimoramento técnico.
Recompor a rede de prestadores, hospitais, sucateados nos últimos 30 anos é o grande desafio do governo.
Se o governo retirar a filantropia a rede de atendimento hospital implode, gerando um caos na saúde pública e privada.
A questão cruel é que o SUS remunera de maneira insuficiente, forcando o governo a manter as isenções fiscais e permitindo que os hospitais desviem parte dos seus recursos para o atendimento de convênios e particulares.
Muito bem observado, Brito.
Também acho que a Receita Federal deveria obter um modo de cortar o luxo das deduções com despesas médicas. Talvez um teto baseado numa tabela parecida com a da ANS, embora não tão draconiana quanto esta.
Além da renúncia fiscal que o Governo faz em benefício da medicina privada, o que dizer da derrota que o Governo Lula sofreu ao tentar aprovar a continuidade do imposto sobre o cheque, que nunca afetou, sequer minimamente, a renda do cidadão brasileiro, mas sobretudo por ser um instrumento eficaz de acesso às movimentações bancárias milionárias suspeitas, permitindo à receita condições para a sua fiscalização e eventual aplicação das penalidades que a Lei estabelece. Eram recursos valiosos para a melhoria da saúde pública, ceifados para proteger as fortunas de poucos, os sonegadores e criminosos de sempre.
Gostaria adentrar noutra vertente para tentar debater essa questão relacionada ao que vem ocorrendo no sistema de saúde do Brasil. A fiscalização governamental à rede particular deficitária em suas glosas, o desprestígio político com o imposto provisório de Jatene (com o objetivo exclusivo de sanar os problemas de suporte hospitalar e condições de trabalho da categoria médica), em contra partida, a esta quebra de braço entre o corporativismo médico e o governo em relação ao programa mais médicos só mostra a fragilidade do operacional do SUS que é uma mina de ouro para os governos locais (prefeituras e Estados) que desviam verbas escancaradamente sem que haja uma ação policial para desmontar esquemas e/ou mesmo criar uma metodologia de gastos com a administração médico-hospitalar. Ficamos aqui tentando tapar o SUS com uma peneira. No final das contas terei a minha consulta pelo sus marcada para daqui a dois meses e não tenho como deduzir nos impostos o prejuízo financeiro e nem como de recuperação da saúde.
Espero que dê certo; entreguistas FORA! Obama Fora! NSA FORA!
e Viva Dilminha!!!...
oh Fernando, não seja tão malvado, os rapazes do black blocs sao confusos como muitos outros (eu também acordo confuso muitas manhãs), mas estão mais para o anarquismo do que para a direita. Já os da mascara branca não sei, talvez eles não estejam muito longe daquele tipo de moralismo tosco que entusiasma tanta gente e já levou Collor ao poder, e Janio Quadros, e outros...
O petróleo e a educação.
oh Fernando, não seja tão malvado, os rapazes do black blocs sao confusos como muitos outros (eu também acordo confuso muitas manhãs), mas estão mais para o anarquismo do que para a direita. Já os da mascara branca não sei, talvez eles não estejam muito longe daquele tipo de moralismo tosco que entusiasma tanta gente e já levou Collor ao poder, e Janio Quadros, e outros...