Houve mesmo “exagero”, Jair. Mortes exageradas

Jair Bolsonaro declarou que “talvez tenha havido um pouco de exagero” na maneira como a pandemia do novo coronavírus foi tratada no Brasil.

Houve. Exagero de desídia, exagero de irresponsabilidade, exagero de indiferença à vida humana.

Exagero, sobretudo, de ganância, com o presidente dos brasileiros e brasileiras – inclusive dos mais de 50 mil que morreram e dos outros tantos – e provavelmente ainda mais que isso – que ainda vão morrer empurrando as pessoas para as ruas.

Reabrir o comércio, os serviços, até as academias de ginástica como as do amigo e financiador de sua campanha passou a ser “essencial”.

Houve outros abusos, sim, entre eles o de ficar acenando com uma falsa cura, de modo a desfazer do isolamento social.

Também não é exagero trocar de ministro da Saúde em meio à tempestade da pandemia e, eliminar também o segundo, para deixar em seu lugar um general sem a menor experiência sanitária?

Tivemos uma taxa de óbitos exagerada, dez vezes maior que nossos vizinhos argentinos, onde o país encarou, desde o início, com energia e unidade o desafio de enfrentar o novo coronavírus.

Mas o maior exagero, ao qual o presidente respondeu com um “e daí?”, é o de mortes: 50 mil.

Foram tanto exageros que não é exagero dizer que já pouco há mais para fazer – senão as medidas que a consciência impõe a cada um de nós – para evitar a nova onde de infecção e mortes que já começa a se apontar nos registros da rede de saúde.

As projeções de universidades, inclusive estrangeiras, indicam que dentro de um mês, estaremos perdendo perto de 3 mil vidas por dia.

Um exagero, sr. Bolsonaro.

Fernando Brito:

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