A distribuição do número e dos valores pagos pelas empresas que se beneficiaram do Refis é um retrato de quem sonega – perdão, elide – impostos no Brasil.
Porque a elisão fiscal é o primo “cult” da sonegação, feita por caríssimos escritórios de advocacia sob o nome de “planejamento tributário”.
Mesmo quando a Receita vai em cima e cobra, os casos se arrastam nos tribunais administrativos e nos do Judiciário, onde não é nada raro que as empresas “ganhem” as causas mantendo-as nas gavetas.
O governo, para receber, acaba tendo de dar descontos nas multas e perdoar os encargos.
É ruim, mas às vezes não resta outra coisa a fazer.
O lado “bom” é que “acerta” a vida de muitas empresas menores, com débitos ínfimos perto do que as grandes tiram do Tesouro. Assim, continuam funcionando, empregando e, quem sabe, regularizando sua vida fiscal.
Vejam o gráfico.
75 bancos deviam, com os descontos R$ 12,1 bilhões.
55 multinacionais tinha um “pendura” de R$ 7,6 bi, mais de 80% das exportações fictícias da Vale, que mandava o minério para subsidiárias no exterior e lucrava por lá.
E as outras quase 36 mil empresas, somadas, pouco passavam de 600 milhões.
No total, arrecadou-se R$ 20,3 bilhões, que somados aos R$ 15 bilhões de Libra e ao que tinha sido economizado até outubro, levam o superavit primário para R$ 68,7 bilhões, com dois meses ainda para chegar à marca de R$ 73 bilhões prevista pelo Ministério da Fazenda.
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Voce pode dizer de catedra, hem Gran Houdini !?
Voce pode dizer de catedra, hem Gran Houdini !?
Globo, mostra o DARF.
Globo, mostra o DARF.
Engraçado isso. Os bancões ganham com o "jurão" e ainda sonegam. Isso é ótimo. O Governo arrecada menos pois eles sonegam, assim o Governo, como não arrecada o que devia, reserva mais dinheiro (que não tem pois não arrecadou) pra pagar/rolar as despesas com os juros e o principal da dívida. E as empresas que sonegam aplicam esse dinheiro (algumas aplicam dinheiro subsidiado do BNDES) em títulos da dívida pública, e ganham assim como os bancões.
Assim, primeiro eles sonegam, depois emprestam o dinheiro sonegado do Governo. Aí Governo vai pagar as despesas que não foram pagas com a arrecadação de tributos, mas com dinheiro emprestado - lastreado por títulos da dívida pública -, pois eles sonegaram tributos que serviriam pra pagar gastos sociais (como educação, saúde, etc.).
Enfim, esses sonegadores ganham nas duas pontas, quando sonegam e emprestam (com "jurão) o que foi sonegado pro Governo manter políticas sociais. Isso é que é perversidade. O nome disso: Bolsa Paris. Nessa ciranda que perde é o povo humilde e necessitado.
E agora, Serra?
O ex-governador José Serra nega irregularidades, mas novos documentos obtidos por ISTOÉ mostram que a máfia dos trens, incentivada por agentes públicos, superfaturou contratos em quase R$ 1 bilhão durante sua gestão
Pedro Marcondes de Moura, Sérgio Pardellas e Alan Rodrigues
A primeira reação da maioria dos políticos que se tornam alvo de denúncias de corrupção é negar enfaticamente sua ligação com os malfeitos. A partir do surgimento de novas evidências, em geral as justificativas vão sendo readaptadas. Quase todos agem assim. O ex-governador de São Paulo, José Serra, cumpriu o primeiro passo da má liturgia política, mas não o segundo. Mesmo com o escândalo do Metrô de São Paulo chegando cada vez mais próximo dele, Serra mantém as alegações iniciais. O ex-governador tucano diz que durante sua gestão não tomou conhecimento de qualquer cartel montado por empresas de transportes sobre trilhos. Muito menos que teria incentivado o conluio, pois sempre atuava, segundo ele, a favor do menor preço. Mas Serra não poderá mais entoar por muito tempo esse discurso, sob o risco de ser desmoralizado pelas investigações do Ministério Público. Novos documentos obtidos por ISTOÉ mostram que a máfia que superfaturou contratos com o Metrô de São Paulo e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) não só agiu durante o governo Serra como foi incentivada por agentes públicos a montar um cartel.
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O TREM DA CORRUPÇÃO
Cartel operou na CPTM durante gestão Serra
Conforme a documentação em poder do MP, as irregularidades ocorreram entre 2008 e2011. No período em que a maior parte dos contratos irregulares foi assinada, Serra era governador (entre 2007 e 2010). Os superfaturamentos estão relacionados a um controverso projeto de modernização de 98 trens das Linhas 1-Azul e 3-Vermelha do Metrô. A reforma dos veículos, com cerca de quatro décadas de operação e considerados “sucata” pelas autoridades que investigam o caso, custam ao erário paulista R$ 2,87 bilhões em valores não corrigidos, um prejuízo de quase R$ 1 bilhão. Para se ter uma ideia, os valores se assemelham aos desembolsados pelo Metrô de Nova York na aquisição de trens novos. E quem vendeu os trens ao Metrô nova-iorquino foi justamente uma das companhias responsáveis pela modernização em São Paulo.