Impunidade do passado não permite “Amarildos” hoje, senhores do Supremo?

Uma reportagem, hoje, em O Globo, descreve em detalhes a dinâmica do massacre, deliberado e covarde, onde foram assassinados Antônio Marcos Pinto de Oliveira, Maria Regina Lobo Leite de Figueiredo e Lígia Maria Salgado Nóbrega, militantes da VAR-Palmares, a mesma organização a que pertenceu a Presidenta Dilma Rousseff, em 1972.

O ótimo trabalho da repórter Juliana Castro mostra que não houve a resistência armada oficialmente registrada. Houve a tortura e o fuzilamento de três jovens.

O médico-legista Valdecir Tagliari, responsável por assinar o óbito das vítimas, relatou como encontrou os corpos.

— Era como se tivessem sofrido golpes de coronha de fuzil. Era armamento pesado, porque houve esmagamento total das mãos e de parte dos braços — lembra, afirmando que o laudo que enviou à direção, como de costume, foi totalmente modificado, segundo ele viu num microfilme anos mais tarde.

Os vizinhos descrevem que havia um cerco à casa e que o ataque não teve reação de qualquer disparo.

Ao contrário.

Heloísa Helena de Almeida, de 69 anos, diz que  Lígia Nóbrega recebeu os policiais com as mãos para o alto e foi baleada na cabeça. Ela estava grávida de dois meses.

Os outros, segundo os documentos obtidos pela Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, foram executados a tiros, depois de torturas.

Não se está falando de um crime fortuito, passional, mas de uma ação do aparelho de Estado, de agentes públicos que se prestaram ao papel de usurpar a Justiça e a lei – mesmo a Justiça e a lei da ditadura -, condenaram e executaram, com requintes de covardia e sadismo, a pena de morte que eles próprios decretaram.

O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, já reviu a posição de Roberto Gurgel e apóia o esclarecimento judicial destes casos. Falta os senhores ministros do STF entenderem que, com a interpretação contrária a todos os tratados internacionais que o Brasil subscreve, a tortura e o assassínio de Estado não têm prescrição.

Senão vão estar contribuindo para que o aparelho policial entende que pode haver o que perdoe a chacina de indefesos.

Se ninguém responde pelo que se fez então, como irão encarar os Amarildos de hoje?

Fernando Brito:

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  • Durante as últimas eleições para presidente, quiseram imputar à presidente presidente Dilma e à sua organização, a culpa por terrorismo. Meus caros perto desses lacaios dos EUA crápulas assassinos, nossos jovens e corajosos """terroristas""", não passavam de meras presas!

  • A gata Lígia Nóbrega(foto esquerda) poderia ser a presidenta que temos hoje....mas a ditadura determinou um destino.