Acima das expectativas, o índice oficial de inflação de fevereiro, é o terceiro maior dos últimos 12 meses, como você vê aí no gráfico acima, e foi a maior para o mês desde 2015.
Mas, é claro, isso ainda é pouco perto do que se espera, agora, com o aumento do preço dos combustíveis, que deve levar o índice de março à casa do 1,5% e o de abril (porque a variação mensal pega 20 dias de março e dez de abril) para a casa dos 0,8%.
O grupo alimentos, com variação de 1,28% no mês passado, também sofrerão impacto forte do reajuste da gasolina e diesel, e estes serão mais rápidos nos setores onde a reposição dos estoque é mais rápida, como no caso dos hortifrutigranjeiros, mais perecíveis. O pão e as massas, óbvio, andarão rápido por conta do trigo e o óleo de soja, hoje, já está beirando os R$ 10.
O clima é de retorno ao “aumenta tudo” que aconteceu no ano passado, no segundo e no terceiro trimestres, quando a razão do aumento passou a ser a do “aumentou tudo”.
Semana que vem, é inevitável que o Conselho de Política Monetária, o Copom, decrete um novo aumento na taxa de juros e mesmo que “pegue leve”, a Selic deve ir aos 12%. A taxa de final de ano, que serve para calcular a rentabilidade dos investimentos é, simplesmente, impossível de prever, por conta da aceleração da inflação no exterior e as prováveis elevações das taxas externas.
Se não o fizer, o estrago será no câmbio.
As bombas econômicas costumam ser de fragmentação e atingem todas as cadeias produtivas. E apenas começaram a cair.
É preciso esperar alguns dias para ver os estragos mas, certamente, as medidas de corte de impostos estaduais não tem potência nem agilidade para frear os incêndios.
A tentativa de Jair Bolsonaro de se divorciar destes problemas – “eu não tenho nada com isso” é, obviamente, uma manobra necessariamente frustrada.
Chegaremos ao processo eleitoral em lena crise inflacionária, mesmo que a situação internacional caminhe lentamente para uma acomodação. E nem isso parece provável.