Não existe, é óbvio correspondência automática entre os índices de inflação.
Mas, em geral, os índices de preço que privilegiam o peso do preço no atacado ou nos preços cobrados aos produtores, “antecipam” preços que, adiante, irão impactar diretamente o consumo. Entram, claro, aí outros fatores, de repercussão mais lenta, como o dólar, porque o colchão de estoques – tanto os de matéria-prima quando os de produto acabado – faz com que esse repasse tenha certa diluição no tempo.
Amanhã vai sair o IPCA de junto e tudo indica que ficará na faixa de 0,4%, o que é bem menos que os 0,79% de junho do ano passado e vai representar uma queda para a casa dos 8% da inflação acumulada em 12 meses.
Seria de soltar foguetes, não fosse o fato de que os indicadores de preço no atacado sobem vigorosamente, a níveis que projetam pessimismo nas previsões do terceiro trimestre.
Há quatro semanas, o IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas tinha, segundo os palpites das instituições financeiras no Boletim Focus, do Banco Central, uma previsão de subir 0,4%. Na semana passada, havia passado para 1,4%. Hoje, saiu o número da FGV: 1,63%, em junho, uma grande alta em relação aos 1,13% de maio.
Embora seja o mais alto desde 2008 para junho, pior ainda foi o desempenho dos preços cobrados ao produtor, que subiu 2,10% em junho, vindo de 1,49% em maio.
E isso porque os preços da indústria – que subiram menos, 0,75% – estão travados pela estagnação da produção.
Salvo mudanças no panorama da economia – o que não parece provável – estamos diante apenas de um ‘respiro” inflacionário .
Que reverterá ainda mais rápido se Temer, para evitar discussão no Congresso, aumentar a Cide, imposto que incide sobre a gasolina, basicamente, como se vem noticiando.
Sem ela, admite à revista Exame o relator do Orçamento no Congresso, deputado Artur Lira, “o déficit para 2017 poderia chegar a R$ 194 bilhões”, não descontadas as receitas de convenções e privatizações.
Quase o dobro do que foi proposto por Dilma Rousseff na revisão da meta orçamentária, há menos de 3 meses, para este ano.
Despesas? Não, perda de receita, que não parou e não vai parar, com a economia estagnada.
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Lava Jato encontra instituição bancaria panamenha! Atuando no Brasil.
Agora desvendam o Panamapapers.
Acho que a crise política européia vai afetar o mundo da Economia muitíssimo mais que os ixxperrtos são pagos pra admitir. Estão segurando o choque.
Perdemos receita aqui, e repassamos a inflação para algumas "classes" privilegiadas pela "estabilidade", por exemplo....
É... Ainda precisaremos de muito tempo para nos recuperamos dos anos de Mantega...