O resultado da inflação de outubro – 0,59% de alta, invertendo a queda contínua dos três meses pré-eleitorais, artifício eleitoreiro de Jair Bolsonaro – não deveria, por isso mesmo, surpreender ninguém.
Mas é bom que relembre aos que andavam esquecidos que o primeiro desafio de Lula é trazer de volta os índices de inflação a um nível suportável, ao menos em torno de 5% ao ano, para que a economia do país possa retomar o caminho do investimento produtivo.
O resultado final de 2022, que deve ficar em torno de 6%, não pode servir para a ilusão de que isso será simples, porque este número embutirá a baixa artificial do trimestre julho-agosto-setembro, sem o que estaríamos a 9 ou 10% alta dos preços.
Isso não se fará sem a moderação nos preços administrados – essencialmente os de energia – e devemos estar preparados para combater aí a chiadeira do mercado.
Da mesma forma, o novo governo terá de moderar a velocidade de queda dos juros – uma das ações mais necessárias – dosando a queda das taxas que, ainda assim, têm espaço para cair muito.
E lembremo-nos de que tudo pode piorar, se e quando Jair Bolsonaro sair da toca onde se meteu para lançar as últimas labaredas sobre a terra arrasada em que transformou o Brasil.