Acrescentar o quê sobre a “renúncia” de João Dória?
O enterro do morto?
Que a única lágrima que se verteu pelo seu passamento foi a dele próprio e que os que dele falaram as qualidades o fizeram com a fingida contrição que se deve ao de cujus?
Tudo isso foi escrito antes e ontem, ao dizer aqui que Doria “morre sem ter quem o chore: nem políticos, nem empresários, nem partido, num deserto em que nem abutres o vem rondar, pois nem mesmo carniça lhes pode dar.
É a mais perfeita traição da frase, dizem que tirada da obra de Miguel de Cervantes, que o velho Leonel Brizola costumava repetir: “a política ama a traição, mas abomina o traidor”.
Os bolsonaristas comemoram, pois acham que são deles os eleitores de Doria, como eram os de Sergio Moro.
Possivelmente, muitos serão. Mas, como quase todos os que restavam estavam no interior de São Paulo, o tiro pode lhes sair pela culatra e abrir caminho para que Geraldo Alckmin recolha as penas do tucanato, espalhadas após o estrago das prévias atropeladas.
Política não é aritmética. Ressentimentos entram na conta, sobretudo nestes tempos de ódio.