A quarta revisão da Convenção de Genebra obriga as “potências ocupantes” a adotar as “medidas profiláticas e preventivas necessárias para combater a propagação de doenças contagiosas e as epidemias”.
Nenhuma mais importante, nestes dias, que a vacinação contra a Covid.
O mundo bate palmas para a rapidez e extensão que Israel vacinou sua população. Mas choraria de vergonha se soubesse que, nas áreas ocupadas da Cisjordânia ocupada, pouquíssimas vacinas chegavam e que na Faixa de Gaza, cercada, só depois de muitos entraves entraram as poucas vacinas doadas pela Rússia e pelos Emirados Árabes Unidos, chegaram, fazendo com que menos de 5% dos habitantes tenham sido imunizados.
Na faixa de Gaza, são 2 milhões de pessoas, amontoadas em trechos urbanos e favelas. É um amontoado de gente, separado de grandes áreas despovoadas, usadas para a agricultura de colonos judeus, separados por cercas do “Armistício de 1950” semelhantes às que separam Paraisópolis do Morumbi
No entanto, segundo informa o Valor Econômico, “Israel rejeitou qualquer sugestão de que seja obrigado, segundo a lei internacional, a fornecer vacinas para os palestinos que vivem em territórios ocupados pelo país. O governo de [Benyamin] Netanyahu afirma que, segundo os Acordos de Oslo, de 1993, a responsabilidade sobre as áreas densamente povoadas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza é da Autoridade Palestina”.
Mas mandou-as, porém, como doação, para as distantes Honduras, Guatemala e República Checa, em troca do compromisso de transferirem suas embaixadas para Jerusalém e reconhecerem, assim a soberania israelense sobre uma cidade que era partilhada por árabes e judeus, Jerusalém, além de cristãos e armênios.
Os territórios onde vivem os palestinos foram minguando e sendo transformados em algo de que os judeus conhecem muito as crueldade: guetos.
Também não desconhecem o que é ser chamado de terrorista por ações armadas – e nem sempre de combate , como foi o atentado do Hotel Rei David e o massacre de Der Yassin, ambos com mais de uma centena de mortes de civis – em defesa da terra que acreditavam ser sua.
Como os judeus na Alemanha, na Polônia e em outros países da Europa, também os árabes da Palestina foram alvo de um “limpeza étnica” nos anos de formação do Estado de Israel.
Os palestinos tornaram-se os judeus na segunda metade do século 20 , entrando agora no 21.
E os judeus, muitos sem perceberem, veem a bandeira de Israel surgir, no mundo inteiro e também aqui, no Brasil, nas manifestações de ódio e intolerância.
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Oi, Fernando, adorei o texto. Sempre me pergunto como podem os judeus, diante da sua história trágica, impor aos palestinos tamanha crueldade. Compartilhei no face/SOS. Bjão