Valentões machistas, na hora em que estão em maus lençóis, costumam usar mulheres como biombo para suas fraquezas.
Foi o que fez, ontem, Jair Bolsonaro ao transformar seu pronunciamento de final de ano numa apresentação em que Michele Bolsonaro falou por mais tempo do que ele.
E, aliás, falou com mais naturalidade que o marido, sempre um robô quando tem de ler o teleprompter.
É evidente que foi uma tentativa de “remendar” a reação provocada pelo “funk das cadelas“, usando um falso protagonismo da mulher, embora numa fala vazia de conteúdo, pois não consegue falar do que fizeram a favor (?) de Deus, da Pátria, da Família e da Liberdade, ideias das quais esvaziam o conteúdo e usam como casca de sua indiferença às pessoas e ao país.
Há, também, a preocupação de Jair Bolsonaro de melhorar a visão que dele têm as mulheres, entre as quais aparece em forte desvantagem eleitoral em todas as pesquisas, com índices muito abaixo daqueles que obtém entre o público masculino.
Como tudo aquilo que parece – e, neste caso, é – vazio de sinceridade e de conteúdo real, não funciona. Ou, no máximo, talvez tenha contribuído para que a figura presidencial não tenha recebido epítetos pouco apropriados a uma noite de Natal.
Falando pouco, mas por mais tempo que o marido, Michele certamente ajudou Jair com um pronunciamento sem sentido, quase que um “cumprir tabela” das obrigações presidenciais.
E, ao mesmo tempo, colaborou para um projeto que não vai além de um bom negócio para a família.