Janio de Freitas: Marina se iguala a Aécio para dar um tiro do coração da Petrobras

O tiro que, há 60 anos, Getúlio Vargas deu no próprio coração para salvar as riquezas nacionais parece pronto a ser disparado, agora contra elas.

Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma, disse Vargas, ao explicar as razões de seu gesto.

O ódio à ideia de que o Brasil venha a ser independente ressurge, agora que mal começa a jorrar o tesouro de petróleo da camada do pré-sal.

Pelas mãos dos inimigos de sempre da soberania e do progresso nacional mas, também, mal disfarçado numa  capa primária de “ecologia” hipócrita, que encapuza os verdadeiros motivos: hoje como sempre ter o apoio político de um sistema de comunicação antinacional.

Janio de Freitas, em artigo primoroso na Folha de S. Paulo, neste e em outros temas, expõe como são siamesas as de Aécio Neves as propostas de Marina Silva no seu “programa de Governo” – neste momento em revisão pelo senhor Silas Malafaia.

Um em dois

Janio de Freitas

O catatau dado como programa de governo de Marina Silva e do PSB, mas que contraria tudo o que PSB defendeu até hoje, leva a uma originalidade mais do que eleitoral: na disputa pela Presidência, ou há duas Marinas Silvas ou há dois Aécios Neves. As propostas definidoras dos respectivos governos não têm diferença, dando aos dois uma só identidade. O que exigiu dos dois candidatos iguais movimentos: contra as posições refletidas nas críticas anteriores de Marina e contra a representação do avô Tancredo Neves invocada por Aécio.

Ao justificar sua proposta para a Petrobras, assunto da moda, diz Marina: “Temos que sair da Idade do Petróleo. Não é por faltar petróleo, é porque já estamos encontrando outras fontes de energia”. Por isso, o programa de Marina informa que, se eleita, ela fará reduzir a exploração de petróleo do pré-sal.

Reduzir o pré-sal e atingir a Petrobras no coração são a mesma coisa. Sustar o retorno do investimento astronômico feito no pré-sal já seria destrutivo. Há mais, porém. Concessões e contratos impedem a interferência na produção das empresas estrangeiras no pré-sal. Logo, a tal redução recairia toda na Petrobras, com efeito devastador sobre ela e em benefício para as estrangeiras.

Marina Silva demonstra ignorar o que é a Idade do Petróleo, que lhe parece restringir-se à energia. Hoje o petróleo está, e estará cada vez mais, por muito tempo, na liderança das matérias-primas mais usadas no mundo. Os seus derivados estão na indústria dos plásticos que nos inundam a vida, na produção química que vai das tintas aos alimentos (pelos fertilizantes), na indústria farmacêutica e na de cosméticos, na pavimentação, nos tecidos, enfim, parte do homem atual é de petróleo. Apesar de Marina da Silva. Cuja proposta para o petróleo significaria, em última instância, a carência e importação do que o Brasil possui.

A Petrobras é o tema predileto de Aécio Neves nos últimos meses. Não em ataque a possíveis atos e autores de corrupção na empresa, mas à empresa, sem diferenciação. Que seja por distraída simplificação, vá lá. Mas, além do que está implícito na candidatura pelo PSDB, Aécio Neves tem como ideólogo, já anunciado para principal figura do eventual ministerial, Armínio Fraga — consagrado como especialista em aplicações financeiras, privatista absoluto e presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique, ou seja, quando da pretensão de privatizar a Petrobras.

A propósito, no debate pela TV Bandeirantes, Dilma Rousseff citou a tentativa de mudança do nome Petrobras para Petrobrax, no governo Fernando Henrique, e atribuiu-a à conveniência de pronúncia no exterior. Assim foi, de fato, a ridícula explicação dada por Philipe Reichstuhl, então presidente da empresa. Mas quem pronuncia o S até no nome do país, com States, não teme o S de Petrobras. A mudança era uma providência preparatória. Destinava-se a retirar antes de tudo, por seu potencial gerador de reações à desnacionalização, a carga sentimental ou cívica assinalada no sufixo “bras”.

Ainda a propósito de Petrobras, e oportuno também pelo agosto de Getúlio, no vol. “Agosto – 1954” da trilogia “A Era Vargas”, em edição agora enriquecida pelo jornalista José Augusto Ribeiro, está um episódio tão singelo quanto sugestivo. Incomodado com o uso feroz da TV Tupi por Carlos Lacerda, o general Mozart Dornelles, da Casa Civil da Presidência, foi conversar a respeito com Assis Chateaubriand, dono da emissora. Resposta ouvida pelo general (pai do hoje senador e candidato a vice no Rio, Francisco Dornelles): se Getúlio desistisse da Petrobras, em criação na época, o uso das tevês passaria de Lacerda para quem o presidente indicasse. De lá para cá, os diálogos em torno da Petrobras mudaram; sua finalidade, nem tanto.

De volta aos projetos de governo, Marina e Aécio desejam uma posição brasileira que, por si só, expressa toda uma política exterior. Pretendem o esvaziamento do empenho na consolidação do Mercosul, passando à prática de acordos bilaterais. Como os Estados Unidos há anos pressionam para que seja a política geral da América do Sul e, em especial, a do Brasil.

Em política interna, tudo se define, igualmente para ambos, em dois segmentos que condicionam toda a administração federal e seus efeitos na sociedade. Um, é o Banco Central dito independente; outro, é a prioridade absoluta à inflação mínima (com essa intenção, mas sem o êxito desejado, Armínio Fraga chegou a elevar os juros a 45% em 1999) e contenção de gastos para obter o chamado superavit primário elevado. É prioridade já conhecida no Brasil.

Pelo visto, Marina e Aécio disputam para ver quem dos dois, se eleito, fará o que o derrotado deseja.

Fernando Brito:

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  • Lembram também do BANCO BRASIL ao invés do atual Banco do Brasil?

  • Sr.Jânio.Tirante a dúvida de que o senhor teria um estomago de ferro,por aturar o lugar onde trabalha,sempre que leio o que escreve,aprendo um pouco mais.Quero contudo arrazoar-lhe o seguinte;após a morte de G.Vargas,houve eleições no Brasil e quem venceu,foi o sr.Juscelino com seu PSD,que acrescido da letra B,é igual ao PSDB de agora,com o apoio da UDN velha de golpes,semelhante hoje ao NEW-PSB-SOCIALISMO DE RESULTADOS,e nesse imbróglio me paira uma dúvida cruel.Não teriam os cérebros dos eleitores,por terem tanta admiração pelas PRIVADAS,sido afetados pelos conteúdos delas,e por isso,exalarem os mesmos ODORES característicos disso?É uma dúvida que tenho,e infelizmente não encontro respostas lógicas.Se puder me ajudar,agradeço...Saudações e parabéns pela lucidez,tão rara e valiosa,e aparentemente,se extinguindo!

  • Como prova do desprendimento da candidata Marinas, algumas sugestões:

    A) não usar aviões pois usam e abusam de derivados de petróleo;
    2) não usar carros pois também abusam dos derivados e preferencialmente, sem pneus importados pela empresa que empresta jatos;
    3) não usar chuveiro com água quente pois consome muita energia;
    4) quantos créditos de carbono, a candidata vai utilizar?
    5) usar calçados com piso feito de pneu reciclado;
    6) seus comitês só poderiam funcionar em casas verdes.

    • Este é o mal de todo o ativista-climático-ambiental do mundo:

      A hipocrisia!

      Dia desses saiu uma pesquisa que mostrou que aqueles que pregam que usemos menos energia, são exatamente os que abusam dela. Ou seja, estes "ativistas" usam mais energia dos que os céticos da catástrofe climática sempre eminente.

  • Como sempre, os artigos de Jânio de Freitas são a unica coisa boa daquele jornal paulista.
    Deus nos livre de um governo marina ou aécio.

  • Marina Silva fez das "mudanças climáticas" parte do seu discurso na campnha de 2010. E, para combater as "mudanças climáticas" o mundo deve desistir do seu conforto, especialmente do uso dos combustíveis fósseis. Quem está por trás desde movimento ? O partido democráta americano, Obama, Banco Mundial, União Européia, Partido Trabalhista Inglês, Partido Verde da Alemanha, a nobreza européia, Hollywood, magnatas enverdecidos, empreas de seguro e de resseguro, fabricantes de turbinas eólicas e paineis solares, WWF, Greenpeace, Friends of Earth, eugenistas, elitistas verdes, neo-malthusianos, cientistas rent-seekers mediocres em busca de fama e fartos fundos, grandes bancos e especuladores que pensam em lucrar com o mercado de carbono e, por fim, quem patrocina toda a campanha de desinformação sobre o clima mundial: a ONU.

    O próximo passo será criar uma "taxa de carbono", como fez Julia Guilhard na Austrália e se deu muito mal, pois foi sacada do governo pelo povo e a tal taxa foi repudiada nas urnas e anulada. O novo governo está desmontando toda a máquina "aquecimentista" montada lá e profundamente encrustrada nas universidades e órgãos de pesquisa estatais. O Canadá já deixou claro que não compactua com a fraude também. As energias renováveis são uma fraude total e levarão as pessoas à pobreza energética, como já lecou na Europa e estão levando nos EUA. Marina não tem personalidade própria. É um sêr fabricado, e dirigido de longe. Um mito artificial e que apenas está sendo colocada aqui para promover uma agenda antinacional, exógena e autodestrutiva. Marina é a nossa "Dama do Apocalipse".

  • Tucanóides de todo Brasil, uni-vos! Senão o barco afunda de vez. A Calanga Verde do Xapuri disparou tanto, que ninguém segura. Eu vejo Aecim Papel Neve tão capiongo, tão capiongo, que acho até que ele parou de beber. Só de beber. Se Aecim não tomar cuidado, perde os votos pro Pastor Neveraldo, que vai privatizar até o céu, algo que não entrou no programa tucanóide. Privatizar por privatizar, sou mais o Pastor, que tem sangue alemão. Se o barco tucanóide afundou na Cantareira, a lancha da Calanga Verde tem motor de popa: a mídia funérea. E quem são os cérberos da Calanga: André Lara Resende e Eduardo Gianetti. O primeiro, filho de mineiro; o segundo, mineiro. Como disse o pai do primeiro, o Otto Lara Resende, segundo Nelson Rodrigues: "O mineiro só é solidário no câncer". Nem no câncer! Não foi à toa que o Lara Resende deu uma ótima ideia pro Collor de Mello. Sim, o sujeito foi da equipe econômica do Collor de Mello: "Confisca a poupança desses bestas, inclusive dos mineiros!" Já o Gianetti deu a seguinte dica pra Calanga Verde, que tira "selfie" até em enterro: "Sobe o preço do leite e da carne bovina, pra ver se o peido das vacas deixa de poluir o meio ambiente!". Imagina se ele visse a entrevista do Pastor Neveraldo no JN, com aquele cherim no ar! Você pensa que é brincadeira, é?

  • E Jânio nem falou no FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO, o que é grande o perigo que ameaça os avanços científicos e as liberdades individuais, conquistadas com muita luta pelo povo Brasileiro. Cito um exemplo lástimável que vivi ano no início de 2013.
    Participava do curso de programador web pelo PRONATEC, no SENAI, e por infelicidade da nossa turma, o professor era da Igreja Assembléia de Deus. Metade da aula o cara gastava falando da bíblia. Qualquer exemplo de texto para colocar nas páginas que se construia , eram passagens bíblicas. Moral da história, de 22 alunos que começaram o curso, pasmem apenas 5, isto mesmo, só 5 conseguiram aguentar e concluir, entre eles eu, porque tinha planos de continuar em outros curos, e pelo PRONATEC, quem desiste de um curso, não pode se escrever em outro por um tempo (o que é justo, pois é o dinheiro do povo que paga). Hoje, no SENAI, nas palestras da aula inaugural dos cursos, avisa que é proibído discutir Religião e Política dentro da sala de aula. E o professor??? Nunca mais vi, acho que foi demitido ou transferido de cidade.
    E só para concluir, uma "pérola evolutiva" do pensamento do "mestre fundamentalista":
    - disse ele, que a mulher não foi feita por Deus para governar a família.
    Que segundo o evangelho ...sei lá...o homem é que deve comandar, e que por isto a sociedade está indo para o fim...eu não me aguentei -já com o saco lá embaicho- e disse forte: se as mulheres não servem pra ser chefe de uma famíli, como que a DILMA é PRESIDENTE DO BRASL??? Ele ficou bem quietinho."

  • Jânio mencionou várias aplicações importantíssimas e insubstituíveis dos derivados de petróleo e aqui vão mais algumas, tão importantes como: óleo combustível para indústria de cerâmica, cal, cimento, telhas e tijolos, metalurgia de vários metais e vidros. Combustível para navios, aviões e caminhões (energia elétrica não dá conta de mover um caminhão com grande carga). Vapor de água produzido em caldeiras por gás natural ou óleo combustível para alimentar com energia a maioria das indústrias existentes, sendo que fazer o mesmo com energia elétrica é muitíssimo mais caro. Ou seja, Marina não entende nada de energia e vai produzir um desastre no país se for aplicar esse modelo "verde".

  • O analfabetismo científico e tecnológico em nossa sociedade é usado sem cerimônia.
    Não é o produto (petróleo e derivados) que polui, é o processo (a combustão). Queimar biomassa é tão nocivo quanto queimar derivados de petróleo.
    Quando se fala em usar o hidrogênio como combustível não poluidor, a vanguarda tecnológica está no uso de células combustível (um processo semelhante ao que ocorre em baterias), e a maioria pensa que este hidrogênio seria extraído da água, mas qualquer um com um pouquinho de conhecimento em química sabe que as ligações do hidrogênio na água são muito fortes, é muito mais fácil extrair hidrogênio de compostos orgânicos com ligações mais fracas e instáveis, tais como hidrocarbonetos.
    É aí que entra o petróleo na conversa.
    Todos os países com alguma capacidade tecnológica ( americanos em especial) estão pesquisando intensamente e desenvolvendo células combustível capazes de processar os hidrocarbonetos diretamente, em um processo mais eficiente e bem mais limpo que a combustão.
    Ou seja a era do petróleo não vai acabar coisa nenhuma, o que está acontecendo é uma revolução tecnológica, e só vai participar quem dominar o processo.

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