Janio e os “dois pesos, duas medidas “do Paraná

 

Pensar diferente nunca é um problema que deponha contra a qualidade moral de alguém.

 

Pensar diferente do que se pensava, sem admitir que mudou de opinião e por que razões o fez, isso sim, é indício de caráter fraco e oportunismo forte.

 

É o que Janio de Freitas mostra hoje, ao revelar que a “República do Paraná”, que se insurge para muito além do que seria a divergência respeitável de uma decisão do Supremo que tanto não tem nada de casuística que reuniu em torno de si a esmagadora maioria dos seus juízes.

 

Há mais de uma década, o mesmo juiz e procuradores da atual Lava Jato, “fatiaram”, sem protestos, a investigação do Banestado, ficando apenas com um sexto dos procedimentos criminais instaurado.

 

A incoerência é histórica e também atual: usar uma sentença onde se dispõe da vida e da liberdade de pessoas para manifestar seus muxoxos com as decisões do STF é, além de inepto, deprimente para quem se pretende professor da moral e dos bons costumes.

Choque de propósitos

Janio de Freitas, na Folha

As posições contrárias do Supremo e da Lava Jato quanto à jurisdição apropriada para os processos não ligados aos desvios na Petrobras azedou com inconveniência para os dois lados.

Desagradados com a decisão do Supremo de encaminhar para outro juízo um inquérito que não inclui Petrobras, mas está na Lava Jato, o juiz Sergio Moro e procuradores fazem afirmações agudas. É da regra judicial brasileira, porém, que os inquéritos e processos corram onde teria havido o fato em questão, deslocando-se os julgamentos em casos de extrema excepcionalidade. O Supremo transferiu, de Curitiba para o judiciário federal em São Paulo, o processo sobre pagamentos da empresa Consist que a Lava Jato supõe retribuírem um contrato de gerenciamento do crédito consignado.

Os comentários mais simbólicos da argumentação e da carga forte da Lava Jato contra o decidido pelo Supremo foram postos por Moro em sua sentença condenatória de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. Escreveu ele que a “dispersão das ações penais não serve à causa da Justiça, tendo por propósito pulverizar o conjunto probatório e dificultar o julgamento”.

Sendo quem são, no caso, os imaginados portadores de tal propósito, não há como ver sensatez na afirmação do juiz Sergio Moro, descreditada ainda por valer-se do que deveria ser só uma sentença.

Mas, já que se trata da distribuição de inquéritos, pode-se dispor de um outro trecho de texto. É do balanço feito pelo Ministério Público Federal sobre a ação da sua força-tarefa que se ocupou do grande caso Banestado, aquele das contas CC5. Diz que os inquéritos “se desdobraram em cerca de 3.600 procedimentos criminais, que foram distribuídos para as subseções judiciárias do domicílio dos representados, permanecendo cerca de 600 procedimentos criminais na capital paranaense”.

Foi distribuição como a atacada na sentença, e em outras situações, por Sergio Moro, e em diversas ocasiões por procuradores da Lava Jato. Mas os procuradores da Lava Jato estavam na força-tarefa do Banestado. Tanto que o autor do balanço foi Januário Paludo, procurador nas duas forças-tarefas. E quem procedeu à distribuição dos inquéritos para as jurisdições “do domicílio dos representados”, em qualquer parte do Brasil, foi o juiz Sergio Moro.

(…)

A JATO

1- Também usado na Lava Jato contra a distribuição de inquéritos alheios à Petrobras, é infundado o argumento de que não podem mais ser exigidas informações sobre outras áreas para acordos de delação premiada. A decisão do Supremo não proibiu a exigência, nem qualquer tipo de tema e de indagação.

2- Hoje é o 100º dia de prisão de Marcelo Odebrecht. Nesse tempo, só foi ouvido uma vez pela Lava Jato, e no último dia do prazo para o inquérito.

3- Fernando Soares, o Baiano, esteve meses citado como o grande perigo para Eduardo Cunha. A conclusão, agora, é de que o privilégio cabe a Leonardo Meirelles, ex-sócio de Alberto Youssef em um laboratório. Mas o assunto pede prudência: não é um ou outro, se, para Eduardo Cunha, podem ser os dois”.

 

 

Fernando Brito:

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  • Distribuir processos não tem nada de errado, isso ajuda a justiça a se descentrlizar e assim o processo andar com mais eficiência, por isso há esse tip de procedimento. O que não dá é o juiz só reclamar quando não é conveniente para ele.

    • E não por nada tornou-se conhecida como Vaza a Jato.
      _________________________
      E por falar em jato, alguém tem notícias da caixa preta e do dono do jatinho sem dono?

  • Tribunal do Moro perdeu legitimidade a medida que se partidarizou, onde doações políticas para todos os partidos só as do PT foram julgadas criminosas. Sendo que as demais não vem ao caso. Quando aceitou honrarias da Mídia (Globo) e participa de eventos empresariais com joão Dória Jr, buscando holofotes ao seu ego, mostrou ser incompatível com atuação de um juiz, que recomenda ser discreto, prudente e isento e principalmente equânime e justo. Acrescido de prisões por tempo indefinido sem ouvir o acusado. Delações sem comprovação. Escutas ilegais. Esse tribunal da inquisição de adversários políticos só se mantem por que a Mídia no Brasil tem o poder de acovardar a justiça brasileira.

  • Recomendo a quem quiser ter ler um ótimo texto nesse domingo o faça com a "TEORIA DO DELATOR" escrito por André Araujo no blog do Nassif.

  • Não ficam arrotando aos quatro ventos que decisão judicial não se discute, se cumpre.
    Penso que o STF é hierarquicamente acima da vara do moro. se os seus superiores dizem uma coisa que não deveria ser discutida, por está discutindo?

  • A VARA DO MORO,como define o termo, " VARA ",não passa de um coletivo de " SUÍNOS ". Eis ai,a definição na prática,do que quer dizer,muitos porcos juntos !E não tem bons ODORES!

  • Não dá para avaliar inteligências numa operação combinada com a mídia, a oposição e uns 'intere$$$$ados' lá pros lados de Nova Iorque e redondezas. Uma coisa é certa, os rapazes da Republiqueta do Paraná iam bem na fotografia e no sucesso dos prêmios sob holofotes, afinal são só imagens. Mas quando abrem a boca, ah! é uma mancada atrás da outra. E isso pode ser falta de inteligência ou falta de experiência. Ou mesmo de ambas.Tem coisas que eles esqueceram de combinar.

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