Janio de Freitas, em seu artigo de hoje na Folha de S. Paulo, resume o significado do “plano econômico” anunciado pelo presidente provisório Michel Temer: “o corte proposto contra a educação é também contra os jovens de hoje e as próximas gerações de estudantes; o corte proposto contra a saúde é também contra as gestantes, as crianças e todos os carentes.”
Na contramão do que é a vontade do país. Na contramão do que o Brasil precisa para deixar de ser este mar de carências e atraso de meio milênio. Na contramão do que qualquer pessoa de um pouco de humanidade e bom-senso sabe que é necessário se queremos ser um país.
S.O.S
Janio de Freitas, na Folha
Um país com suas continhas orçamentárias bem ajustadas, dívida em extinção –e, pior do que estagnado, de volta aos níveis imorais de miséria, pobreza, desordem, ensino em retrocesso constante, saúde pública em coma terminal, indústria nacional desmantelada, desemprego e violência urbana. É o que se pode vislumbrar para os anos vindouros, se efetivadas as medidas que Henrique Meirelles e Michel Temer apresentaram –com o devido cuidado da imprensa para maquiar umas e encobrir outras– como pacote primordial da aventura que iniciam.
A medida central, que consiste em estabelecer um teto permanente para os gastos do governo, só aumentado na proporção da inflação anual anterior, traz para o país uma perspectiva fácil de se presumir.
Mesmo Dilma Rousseff reconhece, entrevistada para a revista “Carta Capital”, o desastre econômico que foi 2015. Tudo no Brasil se deteriorou com intensidade assombrosa. A desgraceira que cresce, a ponto de atingir o olimpo das empresas financeiras, é apenas a continuidade de 2015 (por favor, nada de dizer “o ano que não acabou”). Os serviços públicos estão em pandarecos, os investimentos desabaram, as universidades desmilinguem, tudo é assim. Apesar disso, o gasto contabilizado do governo no ano passado foi de R$ 1,16 trilhão.
A esse montante, um exercício de Gustavo Patu, na Folha desta quarta-feira (25), aplicou as medidas propostas por Meirelles sob o olhar um tanto vago de Temer. Constatação: o 2015 de Meirelles teria os seus gastos limitados a R$ 600,7 bilhões. Metade, pode-se dizer, do gasto realizado. Por mais que tenha havido desperdício de dinheiro público naquele trilhão, não há como evitar a conclusão de que a brutalidade do corte proposto para a nova política econômica só pode trazer ao país a degradação da degradação. Se com um trilhão o país está em estado deplorável, com gastos pela metade pode-se imaginar como estará.
Ou melhor, nem estará. O crescimento econômico depende do investimento estatal que o inicie e o estimule. A iniciativa privada no Brasil (e não somente no Brasil) é privada mas não iniciativa. Meirelles não se ocupou dos investimentos, na apresentação inicial do plano, porque nem era necessário: o teto do Orçamento, corrigido só pela inflação, já indica a exiguidade de investimento em proporções mobilizadoras e de interesse por tê-lo.
Por falar em nisso, Michel Temer comparou-se de raspão a Juscelino. Mas quem Temer faz lembrar é Collor com a combinação de loucuras e violência que aplicou como plano econômico. Não é inovadora, portanto, a complacência quase envergonhada com que a imprensa se faz colaboradora de Temer, como preço –autêntica liquidação de outono –de não ter o PT no governo nem o risco de Lula em 2018. Depois, lava-se a história, com ou sem jato. Mas o malabarismo praticado por muitos comentaristas oferece um lado cômico nessa história de salvar o salvador perdido.
Do cômico ao trágico: o corte proposto contra a educação é também contra os jovens de hoje e as próximas gerações de estudantes; o corte proposto contra a saúde é também contra as gestantes, as crianças e todos os carentes. Ambos são agressões ao espírito da Constituição e suas intenções de reparação social da nossa história de injustiças e perversidades.
A educação tem hoje, por garantia constitucional, ao menos 18% do arrecadado com impostos. A saúde tem garantia semelhante, em menor percentual. O plano Meirelles retira da educação e da saúde essa garantia de um mínimo que leve a ampliar e estender a educação, como se deu nas últimas décadas, e atenuar os problemas persistentes na saúde pública. Os valores ficarão congelados, com futuros acréscimos correspondentes apenas à fictícia correção pela inflação. Note-se que o ponto de partida, nesse congelamento, é o percentual deste ano de baixa arrecadação. Logo, educação e saúde já começam com perda substanciosa.
Contas certinhas (no diminutivo, sim, porque serão cada vez menores), que beleza. Para um futuro condenado sobre um presente caótico.
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E o Sr. Cristóvão Buarque apóia este corte abrupto na Educação? Educação e Saúde não interessa, o resto tem pressa. O Brasil agoniza. Help! Ainda bem que ainda temos alguns jornalistas lúcidos que poderão ajudar a brecar esta transição maldita e dar um novo rumo a este país. A torcida é grande.
Esqueci de perguntar a outros Senadores pedetistas tipo Lasier, Acir e outros do PDT. Estariam dispostos a queimar a principal bandeira do Brizola e do PDT, que, todos sabem, e a Educação? Ou isto também não vem ao caso ?
JORNALISTA CLOVIS ROSSI: TEMER JÁ ESTÁ CERCADO DE BANDIDOS
Colunista Clovis Rossi cita o currículo do líder do governo na Câmara, o deputado André Moura (PSC-CE): réu em três ações penais no STF, investigado em três inquéritos —um deles sobre tentativa de homicídio— e condenado por improbidade administrativa; e as gravações do ex-ministro do Planejamento: "Em sendo assim, qual a surpresa com a gravação em que o senador Romero Jucá aparece defendendo a decapitação de Dilma Rousseff como a melhor forma de parar a Lava Jato?"
26 DE MAIO DE 2016 ÀS 08:28
(...)
FONTE: http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/234526/Rossi-Temer-j%C3%A1-est%C3%A1-cercado-de-bandidos.htm
"Dois dos muitos BANDIDOS de estimação do Temer interino", segundo o jornalista Clovis Rossi
E de alta periculosidade, a bem da verdade!
http://www.brasil247.com/images/cache/1000x357/crop/images%7Ccms-image-000499395.jpg
Cercado? Ora, ora, ora, ele é o chefe destes, já disso até, lembram: bateu à mesa para que ninguém esquecesse!
Se com a obrigatoriedade legal de se destinar recursos para saúde e educação já era burlada principalmente por governadores PSDB ostas (né ah é sim?; né dona Anastácia?) E depois correm atrás do tribunal de faz-de-conta dos Estados para fechar um acordinho) imagina agora. PQP.
Enquanto isso, ouve-se uma repórter da CBN, ao concluir a matéria sobre a felicidade de Michel pela aprovação da Bomba, dizendo que com o congresso que está aí Temer poderá aprovar facilmente emendas constitucionais. Sem carecer delas ele já se sente o próprio ditador, haja vista o que fez ao substituir o presidente da EBC, o afastado legitimamente eleito, faltando quatro anos para o término da gestão. Sem contar a devassa que vem fazendo com exonerações de cargos, etc.
O que os próprios congressistas não enxergam é que podem eles, se honestos, cortarem na própria carne. Veja o que diz o PSOL: Cunha custa aos cofres, mesmo afastado, uma soma de mais de quinhentos mil reais. Os valores se referem à casa, ao aluguel de dois carros, pagamentos de empregados, de motoristas, de gasolina, alimentação, 'pelo ar que respira", etc.
Como diz o personagem da Praça da Alegria: "Tenho horror a pobre". Assim pensa essa gente rica, branca e macha.
Simples o plano desse governo
Na crise...Tira do pobre para cobrir o rico
Enquanto isso, terminada sua 'missão', a embaixadora norte americana dos golpes sai do seu posto brasileiro e entra um outro que vem do Afeganistão. Afeganistão! Já viram né, o que nos espera? Liliana Ayalde deverá ir para o próximo bloco a ser derrubado do dominó da America Latina. Bolívia? Venezuela? Equador? As apostas estão na mesa do Obama.
Nenhum governo deve aceitar a indicação desta víbora para a embaixada.
Grande Jânio de Freitas. Mostra de que o jornalismo brasileiro não morreu apesar da torrente avassaladora de bajulação aos poderosos de que há muito foi tomado.
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Jânio já passou dos oitenta anos e não perdeu a lucidez e a coerência. Enquanto isso, um outro senhor, que também já passou dos 80, joga grande desconfiança sobre o ditado que diz que "a velhice é a idade da sabedoria".
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FHC: Embaixador do golpe no Brasil
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Estou me referindo aqui ao "Farol de Alexandria", ao "Superlativo de PHD", ao sr. Fernando Henrique Cardoso. Completamente tomado de vaidade, soberba e despeito, FHC tornou-se o "Embaixador do golpe no Brasil", como atesta João Feres Júnior.
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FHC foi, portanto, um dos principais viabilizadores do caos elevado à enésima potência muito bem desenhado por Jânio de Freitas.
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O professor da UERJ, Feres Júnior, demonstra isso, cabalmente, em um texto magnífico. O texto, imperdível, pode, e deve, ser lido em http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/FHC-Embaixador-do-golpe-no-Brasil/4/36175.
ATENÇÃO: os bandidos ianques anunciam a substituição da embaixadora dos golpes. A míssão foi cumprida, espera-se que nenhum governo progressista aceite a indicação desta víbora para a embaixada ianque em seu país. É uma confissão de participação no golpe.
“Brava gente brasileira!…” Será que é só no hino da independência do Brasil mesmo? Este hino que deveria ser o hino nacional. Agora estamos dependentes de golpistas, todos envolvidos em crimes e entregando nossa soberania e dignidade. BRASILEIROS LEVANTAI-VOS. FORA TEMER.
Pode ser ideia fixa, mas não consigo engolir a putrefação do stf e do judiciário como um todo. A arquitetura jurídica do golpe envolvendo pf, pgr, supremos tribunais teve a desfaçatez de na cara dura, destituir um governo democrático para entregar a bandidos consumados o butim de um país que não apenas não lhes pertencia como seus salários e privilégios (os maiores do mundo) eram pagos com nosso dinheiro, com nossos impostos, para que eles cumprissem suas obrigações. A traição do judiciário ao país é inominável. Felizmente a mídia velha não faz mais a história. Há uma brecha no postulado de que a história é contada pelos vencedores. Hoje a história começa a ser contada pela internete e aqui estamos, nos blogs, dando a nossa opinião que, gota a gota, vai formar a história vergonhosa destas instituições. Desrespeitar a instituição judiciário é patriotismo, é defesa da pátria e desejar sua destruição é pensar num futuro melhor, digno de ser vivido. Juízes não merecem mais o nosso respeito; somente a força vai nos obrigar a obedecer, mas não a respeitar esses velhacos. E que leve de cambulhada a rede globo.