É comum todos falarem que política não é uma soma aritmética, do tipo 1+1 = 2. Poucos se dedicam, porém, a raciocinar segundo esta verdade condutora.
O apoio fechado hoje por André Janones ao ex-presidente Lula pode nem ser a soma dos um ou dois por cento tão necessários a que, pelas pesquisas de hoje, chegue-se à maioria absoluta necessária para exorcizar de vez os perigos golpistas que representa um segundo turno contra Jair Bolsonaro.
Transferências de voto muito raramente se operam assim, de forma total e automática.
São muitos os outros significados: é o único candidato a receber apoio de outro, a aliança foi colocada em termos que impactam os mais pobres (continuidade do auxílio e sua ampliação para mães solteiras), a inserção de Janones nas redes sociais (e sua anunciada integração a esta área da campanha de Lula) e, sobretudo, porque pela natureza, trajetória e postura do agora ex-candidato- que se poderiam traduzir na palavra simplicidade – isso não passa a ideia de um mero arranjo político.
Doeu tanto que as tropas bolsonaristas despejam ataques ao deputado, procurando fazer crer que há um repúdio à aliança. Aliás, esta é uma boa maneira de mensurar se foi ou não positiva a sua adesão à candidatura de Lula. Objetivamente, porém, Janones, que passou de desconhecido nos círculos políticos, firma-se como um personagem nacional que, na Câmara, passa a ter importância.
Foi, portanto, uma equação de ganha-ganha para ambos e sinaliza o inverso do que ocorre com Bolsonaro, cujos apoiadores, sobretudo nas regiões mais pobres, correm da identificação com este personagem.
É um alento forte à campanha de Lula, que ajuda a minimizar o desgaste do “fogo amigo”, que a mesquinhez e egotrip de alguns de seus aliados insistem em travar, mesmo todos eles tendo suas chances eleitorais penduradas no ex-presidente, que os carrega nas costas, embora comportem-se como escorpiões.