Não tenho idade para ser um “força cega” e já vivi governos demais para não saber que se tem de formá-los com concessões políticas, mas também que não pode dar certo aquilo que contesta a autoridade legítima do governante eleito e agride frontalmente o partido pelo qual se elegeu.
Por isso, não considero, do ponto de vista da política agrária, um retrocesso a indicação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura, até porque é evidente que ela tem condições de trazer o agronegócio – que ninguém quer atirar ao mar – para próximo ao Governo e garantir-lhe as condições de produzir com respeito ao meio-ambiente e aos assalariados e pequenos produtores rurais, especialmente o de corte familiar.
Não é boa a política que ignora setores produtivos e não lhes oferece a oportunidade de participar do crescimento do país, sem que firam, ou firam menos, num ambiente de diálogo.
Mas diálogo pressupõe boa-vontade, jamais arrogância ou provocação.
Exatamente o que faz hoje, sem nenhum pudor, a senadora Kátia Abreu em seu artigo na Folha.
Não apenas erra, ao dizer que terra indígena é apenas aquela que, no momento da promulgação de 1988 estava ocupada por indígenas – que poderiam, por suposição, terem sido expulsos na véspera, com os métodos mais violentos – embora não passe pela cabeça de ninguém devolver os terrenos do centro do Rio e de São Paulo à Confederação dos Tamoios, como ela sugere se pretenda.
Errar é humano, diz o bordão, e mesmo que se considere possível e necessário dialogar sobre o conceito de terras indígenas, não se pode dialogar com provocação.
Porque não merece outro nome senão o de provocação, ao escrever que é preciso “enfatizar que o ministro Gilmar Mendes é um dos mais sérios juristas deste país, cuja obra ultrapassa nossas fronteiras. No Tribunal, sempre pautou sua posição pela estrita aplicação da lei, não sucumbido a pressões como essas que hoje o acometem. Os que contra ele vociferam são os que não possuem o mínimo respeito pelo Estado Democrático de Direito”.
Quem está na iminência de ser indicada ministra de um governo sistemática e doentiamente combatido por Gilmar Mendes, com ações jurídicas e outras nem tanto, só pode fazer isso se não tem ideia de quem governa e de quem elegeu este governo.
Do qual ela pretende fazer parte, mas certamente sabendo que não será, nele, a dona, nem a capataz.
Para participar dele, como se disse uma vez do próprio Ministro Gilmar Mendes, precisa antes saber que não está falando com seus capangas lá – no caso dela – do Tocantins.
E aprender a ter modos.
Ninguém lhe pediu que esbofetasse o mais figadal inimigo do governo no Judiciário, Gilmar Mendes.
Seria desnecessário pedir-lhe que não esbofeteasse o Governo com escancarados elogios a ele.
A menos que haja algo que não se sabe e possa explicar a manifestação brutal e grosseira.
Ou alguém que lhe explique o velho ditado gaúcho de que a luta não quita a fidalguia.
E que é gado e não criador de gado quem dá coices sem razão.
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Repito, um Gilmar Mendes, um único na esquerda.
Cadê esse grande homem (ou mulher)? Não existe, apenas covardes.
Não vejo covardia em se ater ao que preconiza a Lei.
Se ater a lei é fundamental. Mas, se seguir o "aos amigos tudo, aos inimigos (nem) a lei" aí não dá.
Como os HC's para Dániel Dantas e Roger estuprador?
Desde quando ele se atem ao que preconiza a lei. Para quem mandou a lei e a jurisprudência do próprio Tribunal que faz parte as favas varias vezes não só como Advogado Geral da União e continuas mandando quando trata de decidir questões jurídicas envolvendo aliados políticos como Dantas, Demóstenes, FHC e cia ltda, jamais poderá ser dito que Gilmar se atem aplicar a lei.
A Sra Katia certamente está preparando um lugarzinho no futuro ministério do golpe que está sendo preparado pelo inominável GM.
Não tem nada a vera ocupação do Ministério da Agricultura por Kátia Abreu
É preciso “enfatizar que o ministro Gilmar Mendes é um dos mais sérios juristas deste país, cuja obra ultrapassa nossas fronteiras..."
Então tá explicado: ultrapassou todas as fronteiras....
Acho que Dilma erra se mantiver essa indicação, vai ter problemas aí, e deveria mudar a escolha aproveitando para sinalizar a todos que é ela quem manda.
Mais uma vez repito, tudo isto acontece pela postura que o governo já passou, a imagem de fraco e que não enfrenta seus inimigos. Ao contrário, os acomoda em seu governo. Começa muito mal, novamente.
A Dna. Kátia falando das "obras" do GM, parece ser gozação. GM, após quase 14 anos no STF, não aprendeu a ser JUIZ (maiúsculo), continua a ser um partidário-juiz (minúsculo, mesmo !). Vai passar para história como um dos enormes fiascos jurídicos, senão o maior (depois de Kinzão Barbosa). O pior é que nem se expressa de modo elegante, nem isso ele tem. O sujeito é de muita grossura.
Ainda bem que Dilma e o PT, com essa, irá acordar! Tomara! Não era possível que isso fosse verdade. Colocar essa Kátia Abreu, o simbolo do conservadorismo agrário no governo, é pior do que se aliar a Paulo Maluf em São Paulo. Na hora da eleição, quem paga o Pato somos nós militantes, pois não temos mais argumentos para justificar tanta incoerência. Todo o lixo da direita está sendo colocado no colo do PT e do governo, dando a entender que ela (a direita) agora é a limpa, a ética, e o PT que é sujo. Isto quase deu certo agora em 2014, infelizmente.
A #Dilmautista irá acordar?
De onde menos se espera é de onde não vem nada mesmo . . .
"Quem vai aos porcos tudo se lhe ronca".
Bom, a própria Katia está tentando mostrar para a Dilma o erro descomunal que ela está cometendo com a intenção de nomeá-la. De forma que, se insistir no erro, merece todas as consequências daí advindas. Porque burra a presidente está longe de ser, né.